Com a morte do conde D. Luís da Silveira, em 1617, sem descendência varonil, e a passagem do senhorio para uma nova fidalguia, de alta nobreza, tem início outra linhagem. Vivendo mais distante, com outros interesses, as terras de Góis vão agora ser consideradas com menor atenção. Os tempos também eram outros. O reino, depois do período filipino, passa por uma guerra que lhe absorve grande parte dos recursos e entra-se em período de grande depressão económica, que praticamente vai perdurar até à chegada do ouro brasileiro, nos inícios do séc. XVIII. O que se reflecte na sociedade, de maior mobilidade social. À medida que a grande nobreza de sangue vai sofrendo um abaixamento, quer das condições patrimoniais, quer da sua própria identificação nobiliária, constituía-se uma nova classe burguesa, fora do círculo da corte, numa prática capitalista de exploração dos recursos da terra. Da economia do “dom”, passava-se para uma economia da rentabilidade e do lucro. Muitos não deixarão de privilegiar o carácter de elite, em oligarquias locais, embora sem constituírem um grupo social homogéneo. Em Góis, de cariz essencialmente rural, desponta essa burguesia capitalista, em que a posse fundiária era fonte de prestígio. Aqui residindo e investindo, vai criando riqueza, ao mesmo tempo que passa a constituir o núcleo de personalidades com maior força política local, ocupando o espaço deixado pelos distantes senhores donatários. Pedro Rodrigues Barreto, por aquilo que a História nos legou, é o rosto deste novo ciclo. Constituíram-se assim, ao longo dos séculos XVII e XVIII, respeitadas casas agrícolas, algumas brasonadas. Nasciam as Casas da Lavra de Cima, da Lavra de Baixo, da Quinta da Capela, do Baião, do Salgueiral, da Cacela, da Costeira, da Quinta das Tulhas e outras mais. Com a proximidade da Universidade e do Colégio das Artes, locais de excelência para a formação humanística, instruíram-se pessoas que se vieram a distinguir em vários ramos do saber, nomeadamente no das leis e dos cânones. Com o dinheiro e o arrojo de alguns, instalam-se empreendimentos industriais, que se impõem na região, como os de fiar e tecer burel, nos séculos XVII e XVIII, ao longo da freguesia de Alvares, e o de fabrico de papel, já nos inícios do XIX, nas margens do rio Sotam. Mais tarde, Góis seria mesmo a primeira localidade do distrito de Coimbra a ser iluminada electricamente, com energia retirada às suas portas, das águas do Ceira. Quanto aos camponeses, continuavam a laborar, na sua grande maioria, no contexto de exploração senhorial, pagando foros e impostos, quase todos de carácter feudal. No campo humanitário, o Hospital de Góis prosseguia a sua valorosa missão de assistência aos mais necessitados, ao mesmo tempo que, no século XVII, se criava a Irmandade das Almas, que, juntamente com a da Misericórdia, prestava amparo espiritual. Em meados do XVIII, era instituída a Roda, dando assistência às crianças abandonadas. Por muitas aldeias erguia-se um conjunto de capelinhas, sob a invocação de santos populares. Para o final deste período, Góis sofre a grave crise em que o país se afundou, devido à situação política interna e às operações militares no exterior. São de assinalar algumas contestações anti-senhoriais, embora tímidas, face ao que se passava na generalidade dos campos portugueses, originadas pela debilidade da agricultura ou por exigências de foros elevados. E já no crepúsculo do velho regime, o concelho vem a sofrer os efeitos das invasões francesas, depauperando o seu património.
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1659 22 de Dezembro – D. José Luís de Lencastre, senhor de Góis, contesta a deliberação de uma visita feita por um corregedor da comarca, que sentenciava que na vila de Góis não devia haver ouvidor, argumentando com as doações que tinham sido feitas no passado e as muitas sentenças já anteriormente proferidas.
1660 25 de Outubro – Morre o padre António Belo Veloso, que vinha paroquiando a freguesia da Várzea de Góis desde 18 de Dezembro de 1652.
1662 11 de Abril – Morre Gregório Thaumaturgo de Castelo Branco, III Conde de Vila Nova de Portimão, viúvo de D. Branca Vilhena da Silveira, ex-donatária de Góis.
1687 11 de Dezembro – Faleceu D. José Luís de Lencastre, III Conde de Figueiró, primogénito de Madalena de Vilhena e de D. Pedro de Lencastre. Era casado com Filipa de Vilhena, filha dos condes de Penaguião, não deixando descendentes.
(?) Por falecimento de seu irmão José Luís de Lencastre, sem ter deixado descendentes, e na possibilidade de os bens da Casa ficarem devolutos para a Coroa, D. Luís de Lencastre pede que as propriedades, rendas e jurisdições pertencentes à Casa dos condes de Vila Nova lhe sejam entregues.
1695 7 de Fevereiro – Foi proferida uma sentença, ordenando o direito dos senhores de Góis de terem ouvidor, de acordo aliás com outras sentenças anteriores.
1704 1 de Janeiro – Morre D. Luís de Lencastre, IV Conde de Vila Nova, senhor de Góis. Tinha herdado os bens de seu irmão José Luís. Era casado com D. Madalena Teresa de Noronha, filha de Tomás de Noronha, conde dos Arcos. Vai suceder-lhe no senhorio seu filho D. Pedro de Lencastre, I de Góis, V Conde de Vila Nova de Portimão.
1706 Relata um cronista do reino que nas correntes do rio Ceira se acha bastante ouro e se pescam boas trutas; que as terras da vila de Góis são férteis em pão, vinho e azeite e produzem saborosos frutos; e que “o seu terreno tem 150 vizinhos com duas freguesias, ambas curadas, que apresentam o vigário da igreja matriz; a primeira é de invocação de Nossa Senhora das Neves e está no lugar de Cadafaz, com 13 aldeias anexas, a segunda é dedicada a São Sebastião e está no lugar do Colmeal, com 9 aldeias anexas.”
1707 2 de Julho – Nos paços do concelho, estando presentes o juiz ordinário e demais oficiais, foi nomeado e empossado no cargo de ouvidor de Góis, por um período de três anos, o capitão-mor António Barreto Perdigão de Vilas Boas. Foi proposto pelo marquês de Fontes, como tutor do conde Pedro da Silveira, senhor da Casa e do morgadio de Góis. Manuel de Almeida Carneiro é o escrivão da Câmara e almotaçaria.
1708 20 de Maio – Morreu Manuel Dias, natural de Alhandra e residente em Góis, que, por via testamentária, deixou donativos a algumas instituições religiosas locais. Em vida, tinha instituído um vínculo à ermida de São Sebastião, de Góis.
1711 29 de Outubro – Na Igreja de Santos Velhos de Lisboa, constituíram matrimónio D. Pedro de Lencastre, filho dos condes de Vila Nova de Portimão, senhores de Góis, e Maria Sofia de Lorena, filha de D. Rodrigo Anes de Sá Almeida e Meneses, marquês de Fontes, e Isabel de Lorena.
1716 11 de Outubro – Mariana Rebelo Barata constitui o morgadio da Casa da Cancela, na Várzea de S. Sebastião, por testamento desta data, a favor do seu irmão Manuel Barata Neto.
1721 12 de Maio – O pároco de Góis, Paulo das Neves Barata, informa a Academia Real de História que, na freguesia de Góis, há 22 capelas e ermidas, incluindo as do Hospital e Misericórdia. Três foram instituídas pelos senhores de Góis, uma outra por António Rodrigues Barreto e as restantes pelo povo. A imagem mais visitada é a de Santo Cristo, por ser milagrosa, e que se encontra num dos altares colaterais da igreja matriz de Góis. Diz também que na capela-mor, entre outras relíquias, encontra-se uma cabeça inteira de uma santa Virgem, que teria sido enviada pela mulher do imperador Maximiliano II, conforme é relatado numa certidão do secretário da rainha D. Catarina, em 1577.
15 de Maio – Respondendo às Inquirições Paroquiais, o vigário da freguesia da Várzea de Góis, Dr. Bento Lopes de Carvalho, indicou que na sua freguesia, além da igreja matriz (que tem somente a capela-mor e dois altares colaterais e sem relíquia alguma insigne), há dez ermidas todas do povo, entre elas, a da Senhora da Candosa, com a sua imagem milagrosa e de invocação muito antiga. Informou também que a freguesia tem 140 moradores e não tem mosteiro, recolhimento, nem hospital ou Casa de Misericórdia.
23 de Maio – O pároco Pedro das Neves, da freguesia de S. Mateus de Alvares, do concelho vizinho de Alvares, respondendo a um inquérito do cabido de Coimbra, dá conhecimento que, na sua freguesia, há treze ermidas. Três delas são particulares: as de São Caetano e de São António, instituídas, respectivamente, por Simão Diogo Barreto e Silvestre Vaz, ambas na vila, e a de Nossa Senhora da Memória, por Luís Borges, no lugar de Padrões. As restantes são do povo. Diz também que não há na freguesia qualquer colegiada, Casa de Misericórdia, hospital, nem qualquer recolhimento. “Não capela, nem sepultura, que tenha letreiros, nem armas. Não há memórias, porque nesta igreja não há cartório.”
1722 15 de Janeiro – Realizou-se o casamento de Luís António Barata Neto, morgado da Casa de Cancela (da Várzea de S. Sebastião), com Ana Catarina de Carvalho, irmã do Padre Dr. Bento Lopes de Carvalho, que tem estado a paroquiar esta freguesia desde 1709. Este casamento, ligando as Casas de Cancela e da Costeira, foi um grande acontecimento social na freguesia.
1724 Foi iniciado o tombo de Góis e Celavisa, por Doutor Francisco de Abreu Couceiro, provedor da comarca de Viseu.
1725 10 de Janeiro – Contestação da Câmara Municipal, assinada pelo juiz e representantes da nobreza e do povo, sobre a nomeação de um juiz de fora, feita pela Coroa em 1720. Alegam que os senhores de Góis sempre tiveram a confirmação das justiças e puseram ouvidor. E que, não obstante não ter sido nomeado ouvidor durante alguns anos, as confirmações passaram sempre pelos oficiais da Câmara. Joaquim Figueiredo Barreto é o actual escrivão da Câmara e António Barata Neto, o juiz ordinário.
1726 20 de Janeiro – Morre na Várzea de Góis, com 68 anos de idade, Mariana Rebelo Barata, solteira, que constituíra o morgadio da Casa da Cancela.
1731 21 de Fevereiro – Foi proferida sentença da Relação, confirmando os senhores de Góis não necessitarem de confirmação régia, terem direito a pôr ouvidor, conhecerem as apelações e certificarem as justiças.
11 de Junho – D. João V nomeia Manuel Luís Lage alcaide de Góis.
20 de Junho – D. João V nomeia João Teotónio de Mendonça Figueiredo monteiro-mor de Góis, com os privilégios, liberdades e isenções de que gozam os demais monteiros-mores das cidade e vilas onde há coutadas reais.
1735 29 de Maio – Casaram Isabel de Lencastre, filha dos condes de Vila Nova de Portimão, donatários de Góis, e Manuel Rafael de Távora, filho de Bernardo de Távora, conde de Alvor, e de Ana de Lorena.
1736 28 de Junho – Por mercê de D. João V, Clemente de Figueiredo Leitão é o novo juiz de órfãos de Góis, cargo que vinha a ser ocupado por seu pai, João da Cunha Perdigão, agora falecido.
1742 26 de Fevereiro – Morre Isabel de Lencastre, com 28 anos de idade, filha dos donatários de Góis. O seu único filho, José Maria, futuro sucessor do senhorio, tinha nascido apenas há 13 dias.
1744 22 de Maio – Em sequência de uma recente visita a Góis, o corregedor da comarca não tinha concordado com as regalias dos senhores de Góis, respeitantes à aplicação de justiça, facto que foi contestado pelo conde D. Pedro de Lencastre, I de Góis, alegando não só o foral de Góis e a sua posse imemorável, que só por si valiam, como também as numerosas sentenças anteriores. Nesta data é proferida uma nova sentença, pelo actual corregedor, Dr. Manuel Figueiredo Loureiro, depois de longa batalha jurídica: os senhores donatários de Góis podem pôr ouvidor, conhecer das apelações, confirmar os juízes locais e dar-lhes juramento.
1745 16 de Maio – A Câmara Municipal, juntamente com o vigário e outros representantes locais, deliberou ceder à família Sanches a administração da capela de S. Paulo, no bairro do mesmo nome, por necessitar de muitas obras, que estão a ser exigidas pelas autoridades eclesiásticas. A capela era do povo.* _______ * Actualmente não existe esta capela.
1751 Sob a supervisão do vigário Nicolau Pereira, foi pintado o retábulo da capela-mor da igreja matriz. As despesas foram divididas entre o conde donatário e os beneficiários.
1752 29 de Maio – Morre D. Pedro de Lencastre, V Conde de Vila Nova de Portimão, senhor de Góis, comendador-mor de Avis. Com este matrimónio, e por ausência de sucessão, a representação da Casa dos mar-queses de Abrantes passou para a dos condes de Vila Nova.
Vai suceder-lhe seu neto José Maria, actualmente com nove anos de idade, tomando posse da administração da Casa de Góis, durante a sua menoridade, seu pai Manuel Rafael de Távora.
1754 28 de Fevereiro – Por carta de D. José, é nomeado capitão da companhia de ordenanças de Góis, Bernardo Soares Carneiro, de Góis, na vaga de Manuel Galvão Taborda.
1755 1 de Novembro – Lisboa foi abalada com um grande terramoto, que destruiu parte da cidade e foi registado noutras zonas do país. Segundo informa o pároco João Rodrigues de Sousa, da Várzea de Góis, nas suas Informações Paroquiais, o abalo sísmico foi sentido pelas 9.45 horas da manhã quando estava a dar a comunhão, tendo aumentado as fendas das paredes da torre, existentes há uns anos.
Também foi danificada a torre dos sinos da Igreja de Nossa Senhora de Góis, onde se encontram esculpidas, em dois brasões de pedra, as armas da Casa dos senhores de Góis.
1756 14 de Março – Faleceu o padre Nicolau Pereira, que tinha sido nomeado vigário da igreja matriz de Góis em 1731.
1758 9 de Janeiro – Morre Maria Sofia de Lorena, mulher do conde D. Pedro de Lencastre, ex-donatário das terras de Góis.
1759 29 de Maio – Com 76 anos de idade morreu o abade Dr. Bento Lopes de Carvalho. Era natural de Góis e foi vigário da igreja de S. Pedro da Várzea, tendo paroquiado esta freguesia durante 22 anos. Fundou a Casa da Costeira e respectivo morgadio, pelo seu testamento datado do dia dois deste mês. Foi abade, à apresentação do conde D. Pedro de Lencastre, no bispado do Porto, nas igrejas de S. Tomé de Cubelos e de S. Salvador de Ruivães, local onde morreu.
1762 É actualmente juiz ordinário em Góis, o bacharel Ângelo Baião Correia Bandeira de Andrade. O seu bisavô, Manuel Baião de Andrade, terá vindo para Góis em meados do século passado, para tratar das rendas do então senhor de Góis, conde D. José Luís de Lencastre. Foi capitão-mor em Góis e supõe-se que tenha dado origem ao nome da Quinta do Baião.
1765 No concelho de Alvares, foi constituída a Confraria do Santíssimo.
1769 Janeiro – Tem prosseguido o negócio do fabrico de gelo, a partir da neve que se deposita na Serra do Pereiro, na extrema com o concelho de Castanheira de Pera. Julião Pereira de Castro, do Coentral Grande, neveiro da Coroa, com alvará para produção e fornecimento de gelo e com obrigatoriedade de abastecer durante todo o ano a Casa do conde Sebastião de Carvalho e Melo, ministro do reino, tem ali uma das suas fábricas, com vários poços.* _______ * São actualmente três os poços do antigo real neveiro. Foram classificados Imóveis de Interesse Público, por intervenção do concelho de Castanheira de Pera.
1771 23 de Maio – Morre com 28 anos de idade D. José Maria Gregório Xavier de Lencastre e Távora, VI Conde de Vila Nova de Portimão e XI de Penaguião, donatário de Góis. Era casado com Maria da Conceição de Lencastre, indo suceder-lhe seu filho Pedro de Lencastre, II de Góis, agora ainda menor de nove anos.
5 de Outubro – Por decreto do príncipe regente, foi nomeado para a administração da Casa dos condes de Vila Nova de Portimão, que inclui as terras de Góis, durante a menoridade de D. Pedro de Lencastre, seu avô D. José de Lencastre.
1778 Alguns agricultores das freguesias de Colmeal e Cadafaz têm-se recusado a satisfazer as jugadas que lhes estão a ser exigidas pelo ouvidor, pedindo a intervenção do donatário. Alegam que, após o falecimento de um lavrador, os herdeiros, no seu conjunto, não deveriam pagar mais do que o previsto no foral, e que se deve atender à qualidade da terra. Além de outros abusos, que se estão a cometer.
1783 Persiste a contestação de alguns agricultores de Colmeal e Cadafaz, sobre o pagamento de foros. O foral prevê o pagamento anual de 50 alqueires de pão na freguesia de Cadafaz e de 32 alqueires na freguesia do Colmeal, e queixam-se que a repartição não tem sido justa. O assunto foi remetido ao Desembargo do Paço, para que se faça a de-vida justiça.
1784 26 de Março – É desta data o primeiro registo de uma criança exposta na Roda de Góis: H. Benedito, do sexo masculino, que apareceu à porta de João Gonçalves, da Alagoa. Foi entregue ao juiz de Góis, Bernardo Leitão de Figueiredo.
1786 Julião Pereira de Castro, do Coentral Grande, neveiro da Coroa, manda fazer, na Serra do Pereiro, junto à sua fábrica de gelo, em terrenos de que é proprietário, a capela de Santo António de Lisboa.
1788 Março – Por se estar sem capelão, não se tem dito a Missa Picada, facto que tem originado protestos da população, ameaçando que deixariam de pagar os oitavos enquanto a situação não fosse resolvida. É costume antigo esta missa diária, a que chamam Missa Picada ou Missa dos Pastores, por ser dita muito cedo.
1790 19 de Julho – Foi hoje promulgada uma lei sobre os poderes senhoriais, pela qual são abolidas as isenções de correição e as ouvidorias de todos os concelhos e terras donatárias do país, ficando estas sem ingerência na administração da justiça. O objectivo principal é promover o exercício de justiça igual em todo o reino. O concelho de Góis perde assim o seu direito imemorial de ter ouvidor, que, na prática, era um oficial do senhorio dispondo de competência delegada.
1792 7 de Janeiro – Por alvará de D. Maria I, e enquadrado no contexto do novo plano geral de administração do país, é criada a comarca de Arganil,* abrangendo onze concelhos, entre os quais os de Góis e Alvares. Terá um corregedor, representante da autoridade real, com funções judiciais, policiais e fiscais. _______ * Nada têm a ver com as actuais “comarcas judiciais”, a que preside um juiz de direito e que foram criadas pelo regime constitucional.
1794 5 de Maio – D. Pedro de Lencastre Sá e Meneses, marquês de Abrantes, senhor de Góis, arrenda terrenos da Oitava ao proprietário da capela de Santo António (das Neves), pelo preço de uma arroba de neve, colocada na corte.
1796 20 de Maio – Morreu na Várzea, com 69 anos de idade, Luís António Barata Lopes de Carvalho, o primeiro administrador do morgadio da Casa da Costeira, que tinha sido instituído pelo seu tio, abade Dr. Bento Lopes de Carvalho.
1797 Junho – Tendo o corregedor de Arganil lançado a quinta sobre os bens de Góis, vem novamente o marquês de Abrantes, senhor de Góis, solicitar que se mande anular esse imposto, por as suas terras serem patrimoniais e não da Coroa. Foi lembrada a sentença proferida em 1653, sobre a mesma matéria, no reinado D. João IV.
1798 Por ordem do intendente de Polícia, Pina Manique, fez-se uma contagem dos habitantes do reino para efeitos de chamada de recrutas. O recrutamento foi fixado na base exclusiva do número de fogos.
O concelho de Góis, incluído na comarca de Arganil, apresentou um total de 1200 fogos, assim distribuídos: freguesia de N. S. da Assunção - 664; freguesia de S. Sebastião do Colmeal - 150; freguesia de N. S. das Neves de Cadafaz - 147; freguesia de S. Pedro da Várzea - 239.
Na base deste cálculo, foram seleccionados 48 recrutas.
No vizinho concelho de Alvares, foram contados 471 fogos, sendo recrutados 19 mancebos.
3 de Maio – Foi celebrado um contrato de arrendamento entre Melo Neiva & Cia e o marquês de Abrantes D. Pedro de Lencastre, dos bens e rendimentos da sua Casa, por um período de 12 anos. Pelos bens de Góis e Celavisa, ajustou-se pagar um conto novecentos e dez mil reis, pitanças de 16 arrobas de presuntos e duas cargas de fruta, em prestações trimestrais. Os rendeiros ficam obrigados a entregar as quantias necessárias para despesas do Hospital, de modo a nada faltar aos curativos dos enfermos, sendo porém de conta do arrendatário os ornamentos e concertos das igrejas.
1799 19 de Agosto – Reconhecimento dos limites dos lugares de Souto, Malhada, Foz da Cova, Foz de Carrimá e Portal, da freguesia do Colmeal. Os lugares de Boiças e Vale Sobeiro, igualmente reconhecidos como pertença de Góis, não estão na freguesia do Colmeal, mas sim na de Fajão.
2 de Setembro – Reconhecimento dos limites dos lugares do Colmeal, Carvalhal do Sapo, Aldeia Velha, Reçaio e Revelia, da freguesia do Colmeal.
Segundo consta no tombo do morgadio, realizado este ano, faz parte dos bens do município um pelourinho situado no meio da Praça de Góis. Sobe-se por quatro lados, com cinco degraus em cada um, e está encimado com as armas dos senhores de Góis.
27 de Novembro – Foi concluído o tombo do morgadio de Góis e Celavisa, feito a pedido do senhor de Góis, D. Pedro de Lencastre, o qual teve início em 4 de Julho deste ano. Foram considerados elementos dos tombos anteriores, realizados em 1612 e 1724.
Ao longo deste século, tem florescido na freguesia de Alvares o fabrico de burel, importante actividade para a economia local, envolvendo industriais e negociantes da freguesia. Várias povoações, como Alvares, Cortes, Mega, Casal Novo, Casal de Cima e outras, dispõem de máquinas manuais de fiar e tecer, implicando a ocupação de muita mão-de-obra.
1800 19 de Maio – O capitão-mor Bernardo Soares Carneiro, da Companhia de Góis, e seu filho José Soares Carneiro, alferes, são louvados em diploma pelo seu bom comportamento, ao evitar a passagem da artilharia do inimigo, que entrara em Almeida e se encontrava já a três léguas de Celorico da Beira. Refere-se à sua actuação na chamada “Guerra Fantástica” contra Espanha, em 1762.
1803 Janeiro – Tomou posse como provedor do Hospital o reverendo bacharel José Alvares Nogueira. Actualmente é seu capelão, o reverendo Manuel Francisco Moniz.
22 de Janeiro – Foi benzida a Igreja de S. Pedro, da Várzea, depois de grandes obras. Foi quase toda reedificada, desde os alicerces, aproveitando-se apenas o altar-mor. As obras, custeadas pelo povo, duraram cerca de três anos.
1804 Março – José Soares Carneiro, natural do Juncal, freguesia da Várzea de Góis, foi nomeado, por alvará desta data, proprietário dos ofícios do geral, notas e sisas em Góis. Há mais de 40 anos que se ocupa no exercício das ordenanças de Góis, principalmente no cargo de alferes da companhia, vindo a ser capitão, ocupando o lugar deixado vago pelo seu pai Bernardo Soares Carneiro.
1805 28 de Fevereiro – Por despacho da Coroa, é instituída uma feira franca em Góis, no dia imediato ao terceiro domingo de cada mês. É referido que, por costume antigo, todos os domingos do ano se junta povo na vila para comercializar os géneros de maior necessidade.
10 de Julho – Por escritura celebrada nesta data, foi prorrogado por mais seis anos o contrato de arrendamento das terras de Góis entre o seu donatário, marquês Pedro de Lencastre, e a viúva de António Teixeira de Melo.
1807 26 de Novembro – Em vésperas da partida da família real para o Brasil, face à aproximação do exército francês, o príncipe regente D. João nomeia um Conselho de Regência, composto de nove personalidades da nobreza e magistratura. Um deles é D. Pedro de Lencastre, II de Góis, III Marquês de Abrantes, donatário das terras de Góis, que preside ao conselho.
1808 Fevereiro – O Conselho de Regência é extinto e substituído por um Conselho de Governo, presidido pelo general Junot, comandante do exército francês. Para Bayonne, na fronteira com França, partiu um conjunto de deputados dos três estados, incluindo as pessoas de maior relevo na nobreza, entre eles, o marquês de Abrantes, D. Pedro de Lencastre, II de Góis, e seu filho sucessor, D. José Maria de Lencastre, onde foram recebidos por Bonaparte Napoleão.* _______ * Ficariam retidos em França, só podendo regressar a Portugal depois da assinatura da paz em 1814.
1810 19 de Janeiro – A condessa de Abrantes, em representação do seu marido, D. Pedro de Lencastre, confirma António Carlos de Loureiro como o novo vigário da igreja matriz de Góis, por se achar vago o lugar, após a morte do padre Pedro José Alvares Nogueira.
9 de Junho – As dificuldades financeiras por que passa a condessa de Abrantes, D. Maria Joana, com o marido e filho retidos em França, e os grandes prejuízos que, com a invasão francesa, tiveram os rendeiros dos bens do morgadio de Góis (a Viúva Melo & Filho), fizeram desistir do resto do tempo de arrendamento, feito em 1805. Nesta data fez-se uma escritura de transacção e obrigação de dívida.
Junho – Dá-se a terceira invasão francesa, agora comandada pelo ma-rechal Massena, que entrou em Portugal pela Beira Alta. Na defesa de Almeida, tomada pelos franceses no dia 15, esteve um regimento de Arganil, que incluía um destacamento de Góis. No seu avanço em direcção a Coimbra, as tropas francesas saquearam a nossa região.
1811 Fevereiro – As tropas francesas, na sua retirada para Espanha, atravessaram o concelho, nos dias 14, 15 e 16 deste mês, roubando muito gado e alimentos, e “fazendo as barbaridades do costume”, em Góis, Várzea e outras povoações. Na freguesia de Góis terão sido mortas 14 pessoas. A igreja matriz e algumas capelas (nomeadamente, as da Misericórdia, S. Sebastião, Bordeiro, Vale do Moreiro, Quinta do Salgueiral, Luzenda, Ponte do Sotam, Alvém e Cortecega), foram muito danificadas, com furtos de objectos valiosos.
Depois da passagem dos franceses pelo nosso concelho, os ingleses, que os perseguiam, também fizeram “toda a espécie de tropelias e latrocínios”, segundo relato de uma testemunha.
Por ter falecido o alcaide de Góis, José Marques de Almeida, a marquesa de Abrantes apresentou uma lista de três pessoas para ocupar aquele lugar, tendo a Câmara Municipal optado por um deles.
14 de Março – Entrada das tropas francesas na povoação de Ádela, seguindo depois por Açor, Colmeal, Sobral, em direcção a Celavisa. Têm sido cometidas muitas atrocidades.
Abril – Actualmente há oito padres em Góis: o vigário Francisco de Rodrigues de Almeida, o capelão do Hospital Manuel Francisco Moniz, e mais seis, estes como beneficiados da colegiada.
1813 A marquesa D. Maria Joana Xavier de Lima tem continuado a representar o marido na administração das terras de Góis, devido à sua retenção em França desde 1808.
7 de Dezembro – Luís António dos Santos Carneiro, da Quinta do Juncal, Várzea de Góis, é nomeado para o ofício de monteiro-mor de Góis, por carta de D. João VI. O lugar estava vago por falecimento de Feliciano António de Melo Brandão.
1814 17 de Abril – O juiz e os oficiais da Câmara Municipal propõem à marquesa de Abrantes, administradora de Góis, o pagamento de uma renda a quem sirva os cargos de alcaide e carcereiro na vila, por não haver alguém que se ofereça voluntariamente. Trata-se de um lugar de muito trabalho e perigo, tanto no que toca às diligências de serviço, como à guarda dos presos, sobretudo quando estes estão retidos nas casas dos próprios alcaides, já que não há qualquer cadeia para os guardar. Face ao que é pago nos concelhos vizinhos, propõem um pagamento anual de cinquenta alqueires, 25 de trigo e 25 de centeio.
2 de Junho – Nomeado pela marquesa de Abrantes, tomou posse do lugar de provedor do Hospital de Góis o padre João Caetano das Neves, bacharel em cânones, oriundo da Pampilhosa da Serra, substituindo o anterior vigário, José Alves Nogueira. Neste momento, o Hospital possui apenas 24 camas, 12 para homens e 12 para mulheres. Não tem farmácia própria, sendo os medicamentos fornecidos pelos dois boticários locais, Manuel Ferreira Neves e José Figueiredo Serra. É médico do partido do Hospital, Dr. José Botelho de Vasconcelos, indicado pela donatária de Góis.
1815 28 de Abril – José de Figueiredo Serra foi nomeado para o cargo de monteiro-mor, proposto ao governo pela Câmara Municipal.
1816 28 de Janeiro – Por diploma da corte de D. João VI, foi autorizado a criação do primeiro partido em Góis, para um médico que ali resida. O valor é de duzentos mil réis, que deverá ser tirado da sobra das sisas do concelho.
1818 A criação do partido não tem sido consensual, pelo facto de já existir o médico do Hospital, que tem prestado assistência gratuita aos mais necessitados. É referido que a vinda de um novo médico vem agravar as despesas de um concelho muito carenciado.
1820-1821 Foi instalada uma fábrica de papel em Ponte do Sotam, pelos irmãos José Joaquim de Paula e José Maria de Paula. Segundo consta, a água do rio Sotam possui boas propriedades para o seu fabrico, o que terá sido um factor para à opção de escolha deste local. O papel é produzido pelo sistema de “formas”. A máquina a vapor foi introduzida este ano em Portugal.
1821 Foi feito um levantamento dos lugares e moradores que são foreiros da marquesa de Abrantes, tendo sido listados 1578 pessoas, oriundas de 99 povoações. Os foros são constituídos essencialmente por galinhas, trigo, centeio, milho-miúdo, jeiras (de casado, solteiro e viúva) e jugadas de bois. De foros maiores, também pão, azeite e frangões. As jugadas são pagas conforme o que se semeia. Paga-se a dízima sobre as vendas, mas os da Várzea estão isentos. Há muitos litígios relativos ao pagamento, pelo que, segundo o procurador do donatário, a renda obtida é reduzida, estimando-se que, das dízimas, se receba apenas uma terça parte do que era devido.
1822 6 de Fevereiro – Desde o início do ano que tem estado fechado o Hospital, por ter falecido, em 26 de Dezembro passado, o seu médico, Dr. José Botelho de Vasconcelos. Tomou hoje posse o seu substituto, Dr. Joaquim Dias Correia, permitindo a sua reabertura. José Joaquim de Paula, administrador das rendas do marquês de Abrantes, é seu actual provedor.
6 de Março – Por alvará desta data, D. Pedro de Lencastre, II de Góis, marquês de Abrantes, conde de Vila Nova de Portimão e de Penaguião, encontrando-se em avançada idade e com dificuldades na gerência da sua Casa, cede a administração a seu filho, D. José Maria de Lencastre.
3 de Junho – Decreto sobre os foros, libertando a terra, no regime agrícola senhorial, de excessivas cargas tributárias.
1824 Pôs-se em execução a autorização real de 28 de Janeiro de 1816, sobre a criação do primeiro partido, sendo nomeado médico em Góis, Dr. Joaquim José Dias Correia.
1827 11 de Fevereiro – Morre D. José Maria da Piedade de Lencastre, marquês de Abrantes. Depois ter estado encarcerado na Torre de Belém, por actividade política, adoeceu gravemente e veio a falecer em Londres. Seu pai, D. Pedro de Lencastre, tinha-lhe passado a administração da Casa. Era casado com Helena de Vasconcelos e Sousa, filha dos marqueses de Castelo Melhor, que fica a administrar o senhorio, na menoridade do seu filho Pedro José Maria.
Outubro – Depois de o Hospital de Góis ter estado encerrado durante cerca de três meses, por dificuldade de se encontrar um rendeiro, foi nomeado como administrador interino, Manuel Inácio de Paula.
1828 Terminou a questão das águas de Campelo, na freguesia da Várzea de Góis, que desde 1742 vinha envolvendo muitos moradores.
26 de Março – Morre D. Pedro de Lencastre, ex-senhor de Góis. Era casado com D. Maria Joana Xavier de Lima, filha do marquês de Ponte de Lima, que durante muitos anos o substituiu na administração de Góis. Vai suceder-lhe no senhorio o seu neto, D. Pedro José Maria de Lencastre.
Julho – Com o regresso de D. Miguel a Portugal, rebentaram revoltas liberais por todo o país. No concelho, tem havido lutas e assaltos a várias casas. Este mês foram presos em Góis, entre outros, os irmãos José Joaquim de Paula e José Maria de Paula, proprietários da fábrica de papel de Ponte do Sotam, o médico Dr. Joaquim José Dias Correia, o boticário Manuel Ferreira Neves e o alfaiate Madeira, por terem jurado fidelidade à rainha D. Maria.
24 de Dezembro – D. Helena de Vasconcelos, que vem administrando as terras de Góis, na menoridade de seu filho, arrenda a Domingos Carneiro, lavrador da Várzea Grande, os bens do morgadio, por um período de três anos. As despesas serão por conta do rendeiro, com excepção das do Hospital que ficam a seu cargo.
1829 Fevereiro – Tendo a marquesa de Abrantes recebido da Câmara de Góis a pauta das justiças, com indicação dos oficias que foram eleitos para o presente ano, vem confirmar, em representação do filho Pedro José Maria de Lencastre, de que é tutora, os nomes apresentados. Foi eleito para juiz ordinário e presidir à Câmara, Dr. António Alves Galvão, de Bordeiro.
Outubro – António da Cunha Figueiredo e Nápoles é nomeado provedor do Hospital. Os boticários da vila continuam a ser Manuel Ferreira Neves e José Figueiredo Serra.
1830 Foi eleito para juiz ordinário do concelho, presidindo a Câmara Mu-nicipal, Alberto Joaquim Carneiro, do Cadafaz.
1831 Na eleição dos oficiais da Câmara para servirem o concelho no presente ano, foi nomeado para juiz ordinário e presidir a Câmara, José Joaquim Barata Lopes de Carvalho, da Várzea de Góis. O procurador actual é Manuel Joaquim de Paula, que exerce igualmente as funções de depositário do cofre dos órfãos e de administrador da fábrica de papel de Ponte do Sotam. Dr. José Joaquim Ferreira de Matos é o novo monteiro-mor.
22 de Novembro – Por carta de D. Miguel, João Bernardes Soares Carneiro fica com o lugar de proprietário dos ofícios do geral, notas e sisas que tinha o seu pai, José Soares Carneiro, recentemente falecido.
1832 2 de Janeiro – Em sessão de Câmara Municipal, foram eleitos os procuradores do concelho de Góis e da Várzea, e os juízes pedâneos para a Várzea, Cadafaz e Colmeal. E também os juízes para as profissões de barbeiro, carpinteiro, pedreiro, alfaiate, ferreiro, moleiro, lagareiro, forneiro, tecedeira e padeira. Os mesteres (artesãos) formavam uma situação social típica do Portugal do Antigo Regime, sobretudo a partir do século XVI, caracterizada pela unidade jurídica e apropriação “monopolista” de uma cultura profissional, que normalmente se transmitia de pais para filhos. Nesta épo-ca, são estas as “artes” que predominam em Góis.
25 de Janeiro – Francisco Barreto Botelho Chichorro Vilas Boas é nomeado, por D. Miguel, capitão-mor de Góis. Compete-lhe dirigir o comando das ordenanças da zona e fazer a preparação militar. Chefia um batalhão de voluntários miguelistas, “regularmente fardado”, com sede na sua Quinta da Capela.
4 de Abril – Decreto no 7, de Mouzinho da Silveira, abolindo parcialmente os morgadios (os de rendimento líquido inferior a 20.000 réis), em que se incluía o de Góis.
16 de Maio – Decreto no 23, de Mouzinho da Silveira, abolindo as divisões administrativas existentes e extinguindo privilégios de pessoas e instituições, de vilas e municípios. O país passa a ser dividido em províncias, comarcas e concelhos. Os concelhos serão administrados por um provedor, nomeado pelo rei, junto ao qual há uma Câmara Municipal, eleita indirectamente pelo povo. Em todo o país, há 796 concelhos, mas pensa-se iniciar em breve a sua reestruturação.
29 de Junho – Foi reaberto o Hospital, que tem estado fechado desde Novembro de 1830, por razões administrativas e financeiras. Continua com muitas dificuldades para prosseguir a sua actividade, prevendo-se que passe a estar aberto apenas algumas épocas do ano. No passado, admitiam-se anualmente 75 doentes, em cinco fornadas, três pela Páscoa e duas por São Miguel, cada uma de 15 doentes.