Os Silveiras chegam a Góis em meados do século XV e aqui seriam donatários durante dois séculos. Fernão Gomes de Goes não tinha tido filhos varões e a sua filha Beatriz Lemos de Goes, ao casar com Diogo da Silveira, vai ocasionar a entrada de nova linhagem. Se a anterior quebra de varonia, no século anterior, quando Mécia de Goes herdara o senhorio, não tinha provocado mudança de linhagem, agora, nesta segunda vez, o clã Silveira sobrepunha-se e os Goes desapareciam daquelas terras. Está-se na aurora da era moderna, numa época de mudança do pensar e do agir,do emergir do homem humanista, tempos de euforia, em que Portugal se aventurava pelo mundo., conhecendo novas terras e novas gentes. E em Góis, terra onde o progresso dificilmente poderia chegar – no interior serrano, afastada do Tejo e da azáfama do cais da Ribeira, bem como dos lugares por onde a corte, quando deambulante, anteriormente passara –, conjugam-se as condições para se alterar um pouco as suas fisionomia e pacatez e poder-se usufruir dos novos ventos que sopravam. Com os Silveiras, e ao longo do século XVI, Góis conhece de facto um período de grande desenvolvimento, patrimonial e espiritual. D. Luís da Silveira, I Conde de Sortelha, dota a vila de um relevante património, dele sobressaindo os novos paços junto ao rio Ceira, palco de nova vida social, e a capela-mor da igreja matriz, com a sua arca tumular e estátua, obras-primas da arte renascentista. As margens do Ceira são ligadas por ponte de três arcos, ainda hoje constituindo uma porta majestosa de entrada para o interior da vila. Seu filho D. Diogo da Silveira, II Conde de Sortelha, edifica o Hospital, uma instituição de elevada importância social, posicionando Góis na rota dos viajantes; e D. Luís da Silveira, III Conde de Sortelha, reforça a acção espiritual e dignifica o culto divino. O século XVI foi o mais reluzente da História de Góis. Se a linhagem Goes se apagava para sempre nas terras onde quatro séculos antes tivera o seu berço, deixando atrás de si uma auréola de prestígio e prosseguindo o seu caminho por outros lugares, agora era o nome da vila e do concelho que se elevava e se afirmava em Portugal.
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1459 18 de Janeiro – Por despacho de D. Afonso V, em Évora, é doado o senhorio de Góis, com as suas jurisdições, rendas e direitos, a Diogo Martins da Silveira, escrivão de puridade, casado com Beatriz Lemos de Goes, filha de Fernão Gomes de Goes, falecido no ano passado. Trata-se de reforço da doação das terras de Góis, pois o rei já tinha assegurado a sua posse em Beatriz de Goes, quando ainda solteira.
26 de Janeiro – Para evitar que se tente embargar a posse do novo donatário, o rei apressa-se a fazê-lo, em acto público carregado de simbolismo. Assim, no Largo de Pombal, em Góis, sob o velho e simbólico carvalho, que no passado tinha dado cobertura a outros actos importantes da comunidade local, perante o juiz, demais autoridades públicas e testemunhas, e na ausência de Diogo da Silveira que se encontrava fora ao serviço da Corte, Lopo de Fernandes, escrivão da câmara de D. Afonso V, em representação do novo senhor, toma posse solenemente das terras de Góis.
4 de Outubro – É aberto o testamento de Fernão Gomes de Goes, dispondo que seja sepultado na capela da Igreja de São Pedro, em Vila de Conde. Ali encontra-se a sua estátua, jacente sobre o túmulo, com as armas dos senhores de Góis, uma obra pertencente ao património artístico de escultura funerária do século XV.
1462 14 de Abril – D. Afonso V confirma o foral das terras de Alvares, que, em 1281, tinham sido doadas por Martim Gonçalves e sua mulher Maria Viegas. O mosteiro de Folques continua a ser o donatário da-quelas terras.
D. Afonso V confirma o morgadio de Góis a Diogo Martins da Silveira, casado com Beatriz Lemos de Goes, e ao seu filho Nuno Martins da Silveira.
1464 Morre em Marrocos Diogo Martins da Silveira, senhor de Góis, que fizera parte do conselho régio e fora escrivão da puridade. Acompanhava o séquito da corte, perdendo a vida ao serviço do reino. Deixa viúva Beatriz Lemos de Goes, que fica a administrar o senhorio, até à maioridade dos seus filhos, o que é confirmado por D. Afonso V.
10 de Outubro – D. Afonso V nomeia Gil Gonçalves, residente em Góis, para o cargo de tabelião do civil e crime desta vila.
1466 Gomes Martins de Lemos continua a reivindicar o senhorio, agora contra a sua sobrinha, Beatriz de Goes. Por ser assunto de difícil solução, decidiu-se enviá-lo à cúria romana, por carta régia, para os seus homens de leis se pronunciarem.
1467 13 de Maio – Por sentença eclesiástica, passada por D. João Galvão, conde de Arganil, bispo de Coimbra, foi resolvida amigavelmente a questão que vinha decorrendo entre o juiz, vereadores, procurador e homens bons de Góis, e os raçoeiros da igreja. Ficaram estabelecidas as novas obrigações a que estes últimos estão sujeitos.
1472 D. Afonso V concede a D. Miguel Pires da Silva, prior do mosteiro de Folques, donatário das terras de Alvares, o título de conde da vila de Alvares, por compensação de ter ficado sem a jurisdição de Arganil, que passou para o bispo de Coimbra.
11473 (?)* Nasce Luís da Silveira, filho de Nuno Martins da Silveira, senhor de Góis, e de Filipa de Vilhena. _______ * Optámos por esta data como a provável do seu nascimento, face ao que o próprio regista numa das suas poesias, havendo contudo quem considere que tenha sido no ano 1483.
1476 2 de Março – Nuno Martins da Silveira, senhor de Góis, participa na batalha de Toro, travada entre D. Afonso V e os reis católicos de Espanha. O exércto português sai derrotado.
1477 Por uma acção, que em tempos fora posta por Gomes Martins de Lemos, “o Moço”, contra o seu sobrinho Diogo da Silveira, foi agora proferida sentença: Diogo da Silveira é considerado como o legítimo sucessor do domínio de Góis e dos bens patrimoniais do morgadio.
Perante a apresentação de duas instituições de morgadio sobre as terras de Góis, uma que terá sido feita por frei Afonso Pires Farinha, outra por seu irmão Vasco Pires Farinha, foi declarado, em sentença, que o senhorio devia reger-se e regular-se pela de Vasco Farinha. Nessa coformidade, é confirmado Beatriz de Goes como seu legítimo represente.
1482 9 de Julho – Por sentença do bispado de Coimbra, sendo agora bispo D. João Galvão, conde de Arganil, no litígio entre os homens-bons, fregueses da igreja, juízes, vereadores e procurador do concelho, e por ouro lado, Lopo Fernandes, prior da mesma igreja, é determinado que os defuntos possam ser enterrados na claustra, como era antigo costume, a que o prior não se poderá opor.
15 de Agosto – Na Sé de Évora, e na presença de toda a corte, casam-se Nuno Martins da Silveira, filho de Diogo Martins da Silveira, falecido, e de Beatriz Lemos de Goes, donatrios das terras de Góis, e Filipa de Vilhena. Foram padrinhos de casamento, os reis D. João II e D. Leonor. A noiva, dama de companhia da rainha, é filha de Fernão Teles de Menezes, senhor de Unhão, e Maria de Vilhena.
1497 (?) Novembro – Morre Gomes Martins de Lemos, “o Moço”, que, por decisão régia, tivera a administração do senhorio de Góis durante o período de 1448 a 1451. Foi o primeiro senhor de Trofa (do Vouga).
1501 11 de Fevereiro – É concedido a Beatriz de Lemos de Góis, que tem vindo a administrar o senhorio, o direito de apresentar tabelião no concelho. É de novo nomeado para esse cargo, Pero da Silveira.
24 de Abril – Martim da Ponte, morador em Góis, é designado pelo governo para os lugares de escrivão da Câmara Municipal e escrivão dos órfãos.
14 de Agosto – A Coroa nomeia Diogo Afonso, morador na vila de Góis, para o ofício de contador dos feitos e custos do concelho.
1505 Numa lei promulgada por D. Manuel I, é confirmado que o padroado da igreja de Góis sempre andou anexo ao senhorio da vila, desde a sua fundação, passando sucessivamente a todos os senhores da vila.
1511 Novembro – Luís da Silveira, filho de Nuno Matins da Silveira, donatário de Góis, é nomeado guarda-mor na corte de D. Manuel I.
1514 4 de Maio – Foral manuelino do concelho de Alvares, alterando os termos do anterior, que fora doado por Martim Gonçalves em 1281. D. Manuel tinha ordenado uma reforma dos forais de todo o país, uma antiga aspiração das populações.
c. 1515 Casamento de Luís da Siveira com Beatriz de Noronha, filha do marechal Fernando Coutinho e Maria de Noronha.
1516 É editado o Cancioneiro Geral, de Garcia de Resende, uma antologia de cerca de 350 poetas. Ali estão grande parte dos poemas de Luís da Silveira.
20 de Maio – Foral de D. Manuel, reformando as cartas de foro e os contratos já realizados pelos donatários de Góis com os moradores, sendo reconhecidos os anteriores direitos patrimoniais do senhorio, mas agora de acordo com as disposições das novas Ordenações do reino. Góis tem direito à jurisdição, com juiz, ouvidor e alcaide, devendo as eleições respeitar o estabelecido nas leis gerais.
1518 15 de Setembro – Eitor Vasco António substitui Vasco Afonso no priorado da Igreja de S. Pedro da Várzea. Rui Mendes, residente no Fundão, é o rendeiro da Coroa, responsável pelas explorações de estanho nas terras de Góis e Celavisa.
1521 Morre Beatriz Lemos de Goes, que tem vindo a administrar o senhorio de Góis, desde o falecimento de seu marido, Diogo Martins da Silveira, em 1464.
3 de Maio – D. Manuel I confirma a posse de Góis a Nuno Martins da Silveira, após a morte de sua mãe, Beatriz Lemos de Goes.Com a subida ao trono de D. João III, Luís da Silveira, futuro senhor de Góis, é reintegrado na corte, donde tinha saído por desavença com o anterior monarca, D. Manuel I.
1522 Luís da Silveira adquire, a Garcia Zuzarte, a alcaidaria e o senhorio de Sorlha.
Setembro – Luís da Silveira parte para Castela, junto da corte do imprador Carlos V, como embaixador de D. João III.
1523 5 de Junho - João da Silveira, filho de Nuno Martins da Silveira, é confirmado prior de Góis, por D. Jorge de Almeida, bispo de Coimbra. Como capitão-mor da impertriz Isabel, mulher de D. Carlos V, viria a ser pessoa muito considrada na corte de Castela.
Luís da Silveira regressa de Castela, onde tem estado como embaixador da Coroa portuguesa.
1525 Nuno Martins da Silveira, donatário de Góis, é nomeado mordomo-mor da rainha D. Catarina de Áustria, que, no mês de Fevereiro, casara com D. João III.
1526 23 de Fevereiro – Nasce em Almeirim o último filho de Luís da Silveira e Brites de Noronha, de nome Gonçalo da Silveira, que viria a ser um missionário prestigiado.
26 de Fevereiro – Três dias depois do nascimento do seu filho Gonçalo, morre em Almeirim Beatriz de Noronha, mulher de Luís da Silvera. Ali residiam, acompanhando a corte.
1527 17 de Julho – D. João III dirigiu de Coimbra uma carta aos corregedores das seis comarcas em que se divide o reino, com instruções para a realização de um cadastro populacional. Esse levantamento viria a indicar, para a vila de Góis e seu temo, 321 moradores. Povoações com mais de 10 pessoas: Góis - 77, Vázea d’Além - 27, Bordeiro - 15, Várzea da Igreja - 12. O concelho de Góis está compreendido na comarca da Beira e faz fronteira com os concelhos de Arganil, Pombeiro, Coimbra, Penacova, Lousã, Pedrógão, Pampilhosa, Alvares e Fajão.
22 de Julho – Por carta de D. João III, Luís da Silveira recebe o título de conde de Sortelha. A distinção é-lhe concedida de “juro e herdade”, consequentemente, não transmissível aos seus descendentes.
D. Luís da Silveira, I Conde de Sortelha Cortesão, irreverente na sua juventude, fidalgo, com vários cargos na corte, guerreiro em África, embaixador em Espanha junto de D. Carlos V, conde, homem de cultura, poeta de obra conhecida e apreciada, Luís da Silveira foi uma personalidade marcante na vida de Góis. Afastado da corte por intrigas políticas, refugia-se no ambiente melancólico de Góis, um dos senhorios que o pai lhe deixou após a sua morte, no mesmo ano em que fica viúvo de Brites de Noronha e de quem tivera nove filhos, alguns dos quais ilustres personalidades. Em Góis, nos últimos anos de vida, dedica-se com entusiasmo à edificação de obras de prestígio e à restauração de outras, com o apoio dos melhores arquitectos e escultores da época, obras que muito iriam alterar a arquitectura da vila e valorizar o seu património: a ponte de três arcos sobre o Ceira, o palácio à beira-rio, a capela-mor, o túmulo, a ermida sobre o monte do Castelo, o fontenário, a pia baptismal e provavelmente outras que a memória não regista. Entre 1528 e 1533, a vila ajusta-se aos tempos modernos.
1528 5 de Maio – Por mercê de D. João III, D. Luís da Silveira recebe o cargo de vedor-mor das obras, terças, resíduos, hospitais e capelas.
28 de Maio – Morre Nuno Martins da Silveira, que vai ser sepultado em campa rasa na igreja da vila. Era filho de Diogo Martins da Silveira, fundador da “dinastia” Silveira em Góis, e de Beatriz Lemos de Góis. Sucede-lhe seu filho D. Luís da Silveira.
D. Luís da Silveira, donatário de Góis, é nomeado vedor da fazenda do reino.
6 de Junho – Por morte de seu pai, D. Luís da Silveira toma posse do padroado da Igreja de S. Pedro da Várzea, dada pelo juiz ordinário de Góis, Simão Gonçalves, e conforme instrumento público passado por Simão de Goes, tabelião.
1529 Encontra-se já concluída, no cimo do morro a poente da vila, a ermida da Nossa Senhora da Assunção, de quem D. Luís da Silveira é grande devoto.
12 de Março – D. Luís da Silveira redige o seu testamento, lavrado em Lisboa. Trata-se de um longo documento com oitenta artigos, que, para além das disposições fúnebres e do modo de repartição dos seus bens, transmite um conjunto de normas de conduta pessoal e linhagística.
10 de Abril – D. Luís da Silveira faz um contrato com Diogo de Torralva, na qualidade de procurador de Diogo de Castilho, para a construção da capela-mor da igreja matriz e dos novos paços, nas margens do rio Ceira, junto à ponte. O contrato estipula, para as duas obras, um prazo de dois anos e meio.
1529 -1531 Está a ser construída a nova capela-mor da igreja matriz, em pedra da Várzea, um grés avermelhado. Na abóbada, com a nervagem em disposição estrelada, os fechos da cruzaria são ornamentados com 18 medalhões em pedra de Ançã.
O palácio, de 60 metros de comprimento, extremado por duas torres, com varandas voltadas para o rio, tem a porta principal na fachada sul, sobre o terreiro, subindo-se para ela por uma ampla escada.
1531 Foi concluído o túmulo de D. Luís da Silveira, no interior da nova capela-mor, com estátua em figura ajoelhada sobre o sarcófago, contrária à tradicional figura jacente, ficando ali gravado a indicação do presente ano. Foi utilizada a pedra de Ançã, que permitiu o lavor de figuras virtuosas e adornos delicados que o compõe. Têm participado os artífices mais relevantes, como Nicolau Chanterene, Hodarte e João de Ruão, da escola de Coimbra.
O clérigo Estor Tavares foi confirmado como vigário na igreja de Góis.
7 de Outubro – Nos paços do concelho, perante o juiz ordinário, Luís Pires, vereadores, oficiais da Câmara e um residente na freguesia da Várzea de Góis, representando os demais moradores, foi apresentada uma sentença régia, com alteração ao capítulo do foral novo respeitante a esta freguesia. Teve-se em atenção os protestos dos moradores e os costumes imemoriais da freguesia. A sentença foi hoje translada e anexada ao foral manuelino.
1532 Concluiu-se este ano o “numeramento” geral do reino, ordenado por D. João III e que tinha sido iniciado em 1527. Visa não apenas as finalidades de recrutamento militar e levantamento tributário, como até aqui foi feito em algumas regiões, mas também o reconhecimento do território com os limites dos termos. Foi a primeira vez que se promoveu um inventário geral de Portugal. O da região da Beira oferece muitas lacunas. O concelho de Góis, que confronta com os concelhos de Arganil, Pombeiro, Coimbra, Penacova, Serpins, Lousã, Pedrógão, Pampilhosa, Alvares e Fajão, indica, para a vila de Góis e seu termo, 321 vizinhos, sendo as povoações com mais de 10 pessoas as seguintes: Góis - 77, Várzea d’Além - 27, Bordeiro - 15, Várzea da Igreja - 12. Estes números devem ser tomados com relativa fiabilidade, pois os critérios são estabelecidos em geral pelos escrivães locais, a partir de informações orais, e a unidade censitária assenta no fogo, agregado doméstico, com coeficientes habitacionais questionáveis. Estima-se que o país tenha nesta época entre 1.200.000 a 1.400.000 habitantes, na base do recenseamento global dos 281.000 fogos que agora se obteve.
1533 Morre D. Luís da Silveira, I Conde de Sortelha, senhor de Góis. Vai ser sepultado na nova capela-mor da igreja matriz de Goes, junto da sua estátua, que mandou erguer. Alguns dos seus antepassados encontram-se ali enterrados: a mulher, Beatriz de Noronha, os pais (ao centro da capela, no solo), o trisavô Gomes Martins de Lemos (na parede sul), entre outros.
O conde D. Diogo da Silveira e o Hospital Diogo da Silveira vai complementar a grande obra de seu pai em Góis, agora com acções nas áreas social e religiosa. Funda e edifica um Hospital com capela, único do género no centro do país, obtendo apoios da cúria romana, através de intensa acção diplomática junto do papado, donde emanou várias bulas e outras concessões apostólicas. Instrui-o com um regulamento rigoroso e de meios financeiros apropriados, agregando várias capelas, da região e do bispado de Viseu, pertencentes aos seus domínios. Apoia a criação das duas novas paróquias, Cadafaz e Colmeal, ficando as novas igrejas matriz anexas à de Góis.
1533 7 de Março – Por morte de seu pai, e como seu sucessor no morgadio de Góis, Diogo da Silveira toma posse do padroado da Igreja de S. Pedro da Várzea. Deu posse João Lopes, juiz ordinário em Góis, sendo o tabelião, Simão de Goes.
10 de Março – É concedido a Diogo da Silveira o ofício de guarda-mor da casa real.
20 de Abril – D. João III nomeia Simão Fernandes como vedor e recebedor do dinheiro da nova ponte, à entrada da vila de Góis, enquanto durar a obra.Simões Fernandes, que era natural de Góis, filho de Sebastião Fernandes Nogueira e ali antigo juiz, tinha sido criado de Nuno Martins da Silveira, ex-senhor de Góis. A ponte*, de três arcos, vai levar as armas reais na face exterior norte. _______ * Era designada de Ponte Real.
1546 21 de Setembro – Estando vaga a igreja de Góis, por saída de João da Silveira, Dr. João Pires é confirmado como seu novo prior, por carta do bispo de Coimbra, D. João Soares.
1552 2 de Maio – Em seguimento a um litígio entre os fregueses das igrejas de Góis e Celavisa, por um lado, e o prior e os raçoeiros, por outro, foi estabelecido um acordo público entre as partes, com discriminação dos dízimos a pagar.
1555 Maio – Pela Cúria Romana, no pontificado do actual Papa Paulo IV, foi concedido a Diogo da Silveira, senhor de Góis, licença para edificar um hospital em Góis, com capela de invocação do Espírito Santo, destinado a recolhimento de pobres e peregrinos. Autorizado para a capela o direito de padroado, o qual deve ser “leigo e ilustre e tenha os privilégios que têm os outros reais e ilustres do reino”, com promoção de capelão idóneo.
1556 11 de Fevereiro – À apresentação de Diogo da Silveira, senhor de Góis, o clérigo Cristóvão Alves tomou posse do lugar de prior e reitor da Igreja de S. Pedro da Várzea, que se encontrava vago depois da morte do seu antecessor, Eitor Rodrigues.
1557 28 de Junho – Estando vaga a Igreja de Santa Maria de Góis, por morte de Dr. João Pires, que foi o último dos seus priores, a igreja é apropriada e anexada ao Hospital, conforme autorização dada por bula apostólica.
1 de Julho – É hoje apresentado como vigário da igreja matriz, Cristóvão Moreira, em consequência de ter ficado anexada ao Hospital.
1559-1560 Foi concluído o Hospital, na Praça da vila, a custas de Diogo da Silveira. O quintal dos antigos paços, no largo do Pombal, ficou anexado ao Hospital.
Nos últimos anos, têm sido concedidas várias bulas pela cúria romana, com privilégios e indulgências para o bom funcionamento do Hospital e da sua capela.
1560 5 de Agosto – Foram aforados, a Jorge Fernandes e sua mulher Maria Luís, umas casas dos senhores de Góis, na parte norte do Rossio.* _______ * Nessa zona situava-se o antigo pombal dos senhores de Góis (que deu origem ao nome da praça) e nela se edificaria, mais tarde, a igreja da Misericórdia.
16 de Novembro – Com consentimento de Diogo da Silveira, padroeiro, e do reitor e beneficiados da igreja de Góis, é criada a paróquia do Colmeal, pelo bispo de Coimbra D. João Soares. A pequena capela e ermida de S. Sebastião do Colmeal, no arrabalde da povoação, ficou igreja matriz e sufragânea à matriz de Góis. Os lugares que ficam a pertencer à freguesia, além do Colmeal, são Carvalhal, Soito, Aldeia Velha, Sobral e Ádela.
Neste mesmo dia, é também criada a nova paróquia de Cadafaz, tendo sido decidido apartar da matriz a capela da Nossa Senhora do Cadafaz. Ficam a pertencer à nova paróquia, sufragânea da igreja matriz de Góis, os lugares de Cadafaz, Sandinha, Capelo, Relvas e Corterredor. Ficou estabelecido a realização, anualmente, de três festas religiosas: a do Espírito Santo, a do Corpo de Cristo e a da Nossa Senhora de Assunção.
Também neste dia, a antiga igreja de S. Miguel de Celavisa é anexada à igreja de Góis, por acordo entre os fregueses das duas freguesias, estabelecendo-se as condições de funcionamento.
21 de Dezembro – Por bula apostólica do Papa Pio IV, foi determinado que, pela fundação do Hospital de Góis e agregação das rendas da igreja matriz, em nada se alteravam as obrigações que o estado tinha, no tempo em que na igreja havia priores.
1561 15 de Março – Morre, com 35 anos de idade, Gonçalo da Silveira, filho mais novo do conde D. Luís da Silveira, antigo donatário de Góis. Prestigiado padre jesuíta, foi missionário na Índia e na África Oriental, onde, no lendário reino da Monomotapa, morreu mártir às mãos dos nativos.
1563 14 de Março – Diogo da Silveira dá de foro a João Fernandes, alcaide na vila, e a Maria Lopes, sua mulher, as casas que eram de aposentadoria dos senhores de Góis, situadas na parte da vila denominada Torrinha, junto às estrebarias. As casas estão a cair e os novos proprietários obrigam-se a fazer grandes benfeitorias.
17 de Maio – É instituído que um dos quatro beneficiados da colegiada deva ser um clérigo tangedor de órgãos, para tocar às missas e ofícios divinos, pretendendo-se com isso um aumento do culto divino e uma celebração com maior devoção e solenidade. Foi feito neste dia um instrumento público de compromisso, por Diogo da Silveira, senhor de Góis, como padroeiro in sólido da igreja de Góis, tendo-se previsto os respectivos encargos financeiros e obrigações.
1564 Novembro – Por bula do Papa Pio IV, é dada autoridade apostólica ao compromisso de um dos beneficiados da colegiada da igreja de Góis ser tangedor de órgãos.
1568 28 de Janeiro – Contrariando uma decisão dos corregedores da comarca de Coimbra, D. Sebastião manda conservar, na posse do donatário de Góis, o direito de confirmar os oficiais eleitos pelo povo e de lhes dar juramento, bem como, pôr ouvidor e conhecer as apelações saídas dos juízes. Confirma-se que assim fora desde tempo imemorial e assim deveria continuar, sem contradição.
1570 5 de Maio – Por carta de D. Sebastião, desta data, é concedido a Diogo da Silveira, senhor de Góis, o título de II Conde de Sortelha.
1575 D. Sebastião confirma o foral dado às terras de Góis por seu bisavô, o rei D. Manuel, em 1516.
1577 3 de Fevereiro – São autorizados e confirmados por D. Manuel de Meneses, bispo de Coimbra, conde de Arganil, os estatutos e o regimento do Hospital de Góis e da capela de Espírito Santo. Ao longo dos 43 artigos dos estatutos, são estabelecidos detalhadamente as regras de funcionamento e as obrigações a que devem obedecer os administradores, capelões e enfermeiros, para se obter uma boa gestão hospitalar.
Por bulas e letras apostólicas, foram já apropriados ao Hospital os benefícios de oito igrejas: a de Santa Maria de Góis (com as anexadas S. Miguel de Celavisa, S. Sebastião do Colmeal e Santa Maria do Cadafaz), a de S. Pedro da Várzea, todas do bispado de Coimbra, e mais três do bispado de Viseu, todas pertencentes a domínios de D. Diogo da Silveira.
27 de Setembro – De acordo com uma certidão de Francisco Cano, secretário da rainha D. Catarina, a sua sobrinha D. Maria, mulher do imperador Maximiliano II, enviou-lhe uma cabeça de uma santa, virgem mártir, que irá ser colocada para veneração uma das capelas das terras do conde D. Diogo da Silveira.* _______ * Seria uma das relíquias do altar-mor da igreja matriz de Góis.
1578 Na batalha de Alcácer Quibir, morreu João da Silveira, filho primogénito e sucessor do conde Diogo da Silveira, actual donatário de Góis. Era casado com Madalena de Lencastre ou de Granada, tendo deixado filhos de menor idade.
Tem sido vigário da igreja de Góis o clérigo Sebastião Leal, que sucedeu a Cristóvão Moreira, após a sua morte.
1580 Fevereiro – Tendo desaparecido João da Silveira na batalha de Alcácer Quibir, sem se ter encontrado o seu cadáver, o rei decretou ficarem os bens do morgadio de Góis depositados provisoriamente numa comissão administrativa. Apresentaram-se à sucessão do morgadio Álvaro da Silveira, como irmão do desaparecido, e Madalena de Lencastre, como viúva e representante do filho menor Diogo da Silveira. D. Álvaro argumenta com a Lei Mental, pela qual, não estando comprovada a morte, ele, como irmão legítimo mais velho, tinha direito à sucessão. Pelo lado da viúva, a sua defesa é sustentada com o estipulado no morgadio de 1290, constituído antes daquela lei.
1588 (?) Morre D. Diogo da Silveira, II Conde de Sortelha, donatário de Góis. Era casado com Maria de Meneses, da família dos condes de Vila Nova de Portimão.
Os últimos Silveiras Após a morte do conde Diogo da Silveira, o senhorio de Góis atravessa um período de alguma perturbação. O filho primogénito João desaparecera em Alcácer Quibir, pelo que a Casa pertenceria ao seu neto Diogo. Sendo no entanto menor de idade, seu tio, Álvaro da Silveira, questiona durante anos o direito ao senhorio, mas iria perder a causa. Posteriormente, quando o descendente D. Luís da Silveira, II de Góis, III Conde de Sortelha, não tem filhos varões dos seus dois matrimónios, a linhagem Lencastre, que já se tinha cruzado com a dos Silveiras, passa a ocupar o lugar central no domínio de Góis.
1590 13 de Janeiro – Madalena de Lencastre, viúva de João da Silveira, tendo morrido seu sogro, conde D. Diogo da Silveira, ex-senhor de Góis, e sendo os seus filhos menores de idade, toma posse da administração das terras de Góis.
1592 Morre Diogo da Silveira, II de Góis, solteiro, menor de idade, senhor de Góis, não tendo deixado descendência. Seu irmão Luís da Silveira, que lhe irá suceder, também ainda é menor de idade.
1594 19 de Maio – Pela bula do Papa Clemente VIII Pro Apostolicae Servitutis, o mosteiro de São Pedro de Folques, em Arganil, a que pertencem as terras de Alvares, foi anexado à congregação de Santa Cruz de Coimbra.
1595 14 de Agosto – Entre Madalena de Lencastre, viúva de João da Silveira, tutora e administradora de seus filhos, e seu cunhado Álvaro da Silveira, que vinha questionando o direito ao senhorio, é estabelecido um acordo de consenso sobre partilhas de bens herdados. Luís da Silveira, II de Góis, então com 17 anos de idade, é confirmado como donatário de Góis.
1598 17 de Maio – É criada a Confraria e Irmandade da Misericórdia de Góis, com aprovação dos estatutos e sob licença do rei D. Filipe I de Portugal. Para data da sua festa anual, foi escolhido o dia 2 de Julho. António Brandão de Castelo Branco é o seu provedor. O edifício, no Rossio, foi construído com donativos do povo, em terreno pertencente a Simão Afonso, “expropriado” para esse efeito.* _______ * No título (contrariamente ao indicado no texto) destes estatutos, é mencionado, por lapso, que a Misericórdia de Góis é do ano 1498. Esse facto tem dado origem a erros em várias publicações, que infelizmente têm persistido até aos nossos dias.
1599 Desde o ano passado que o reino tem estado sujeito a um grande surto de peste. Para a evitar, Luís da Silveira refugiou-se em Espanha. Ali ficaria sob prisão, em Valhadolid, durante cerca de cinco anos, por causa de uma demanda que intentou contra a Coroa, relacionada com outros senhorios que possuía.
(?) Por morte de Cristóvão Alves, que foi o último prior da Igreja de S. Pedro da Várzea, por ter ficado anexada ao Hospital, foi confirmado em vigário da igreja da Várzea, Bernardo Pereira, à apresentação de Luís da Silveira, II de Góis.
1606 14 de Fevereiro – É confirmado vigário da igreja de Góis, o padre Francisco Cardoso de Castelo Branco, conforme carta do bispo de Coimbra, D. António de Castelo Branco. Substitui o padre Diogo Alves.
Foram concluídas neste ano as obras da nova capela do Cadafaz.
1612 6 de Setembro – Teve início o tombo e demarcações da vila de Góis e seus termos, em conjunto com os das vilas de Celavisa, Oliveira do Conde e Correlos, todas elas pertencentes aos donatários de Goes e casa de Sortelha, bem como o tombo do Hospital. As vilas de Góis e de Celavisa, com seus termos, ficam incorporadas num só título, por possuírem o mesmo foral. O tombo vai ser feito com regimento aprovado pelo rei D. Filipe, sendo seu juiz, Doutor Sebastião de Torres de Almeida. Foram afixados éditos no pelourinho de Góis e vão lançados pregões durante dez dias seguidos nas praças e lugares públicos habituais. Góis encontra-se incluída na comarca de Coimbra, uma das seis co-marcas, ou correições, em que está dividida a região da Beira.
4 de Outubro – Começou a demarcação e medição dos limites de Góis e de Celavisa, tendo sido citados para assistir, entre outros, o reitor da Universidade de Coimbra (que possui terrenos vizinhos), o bispo de Coimbra, como conde e senhor de Arganil, os representantes do convento de Folques, do mosteiro de Lorvão e de todos as terras de fronteira, o senhor de Góis e seus juiz, vereadores, procurador e demais forças vivas do concelho. Iniciou-se no monte que chamam “Portela da Cruz”, na estrada pública, onde se apartam o caminho que desce para a Várzea de Góis e o que vai para Arganil.
9 de Outubro – D. Luís da Silveira, II de Góis, III Conde de Sortelha, e sua mulher Maria de Vilhena, arrendam os Paços Velhos, no Largo do Pombal, com os seus quintais e serventias, a Braz Gonçalves. As casas encontram-se em mau estado, sujeitas a ruírem. Os donatários arrendam também as casas que se seguem dos Paços Velhos ao seu celeiro, com frontaria para o Largo do Pombal e para uma rua pública, denominada do Celeiro. E por acordo feito com o juiz do tombo, que se encontra em curso, os foreiros ficam obrigados a dar para sempre serventia livre para a Torre do Relógio, situada na claustra do Hospital, e a disporem de uma sala para a dispensa e recolhimento das coisas desta instituição.
1613 25 de Fevereiro – Bernardo Pereira, que fora o primeiro vigário da Igreja de S. Pedro da Várzea, tinha renunciado ao seu lugar e fora substituído por Gaspar Coelho. Tendo o novo vigário chegado a acordo com o conde D. Luís da Silveira, sobre as suas condições de usufruto, nomeadamente os passais, obras de manutenção da igreja, casa de habitação, e remunerações, suas e dos seus assessores, foi nesta data confirmado esse acordo, por sentenças assinadas pelo bispo de Coimbra, D. Afonso de Castelo Branco.
18 de Março – Foi feito contrato para a constituição da Fábrica da Igreja de Góis, depois de recebido a aprovação do bispo-conde de Coimbra. Resultou de um acordo entre o conde D. Luís da Silveira, II de Góis, como padroeiro da igreja de Góis e administrador do Hospital e capela do Espírito Santo, e os actuais beneficiados da colegiada, D. Martinho da Silveira, Dr. António da Veiga, Dr. Aires Dias Dinis e padre Francisco Bernardes.
22 de Março – O bispo de Coimbra, D. Afonso de Castelo Branco, autorizou que, para administração das três capelas do donatário de Góis (a da igreja matriz, a do Espírito Santo do Hospital e a da ermida de Nossa Senhora do Castelo), e com intenção de aumentar o culto divino, se anexe um novo clérigo à capela do Espírito Santo, servindo de tesoureiro, e um outro à capela da igreja matriz, para escrivão das dízimas.
13 de Julho – Alvará de D. Filipe II concedendo direitos ao conde D. Luís da Silveira, II de Góis, guarda-mor real, para poder colocar no senhorio de Góis almoxarifes e juízes de direitos reais, com os mesmos poderes que os almoxarifes e juízes de direitos reais da fazenda do reino.
1614 7 de Maio – O conde D. Luís da Silveira, II de Góis, faz saber aos oficiais da Câmara e da Justiça, e demais pessoas, que decidira nomear Gil de Araújo, cavaleiro fidalgo, para os cargos de juiz de direitos reais e almoxarife de Góis, de acordo com a mercê que o rei D. Filipe lhe concedera. Apesar disso, está a decorrer um processo em que os donatários de Góis reclamam o direito de terem juiz ordinário, como sempre o tiveram no passado.
24 de Maio – O novo juiz de direitos reais toma posse do seu cargo em Góis, perante o provedor da comarca de Coimbra.
30 de Maio – O novo almoxarife toma posse do deu cargo, perante o ouvidor de Góis, Fernão Soares de Albergaria.
1615 11 de Agosto – Proferida sentença pela Casa do Cível (Relação do Porto), onde se reconhece o direito dos senhores de Góis à jurisdição das terras de que são donatários. Conforme documentou o corregedor da comarca de Coimbra, Fernando Afonso Geraldes, e de acordo também com antiquíssimos acórdãos, os seus actos de jurisdição não precisavam de confirmação régia. Os corregedores que levantaram as dúvidas originárias desta sentença foram mesmo advertidos pela ligeireza das suas decisões, estando-se a guiar simplesmente pela letra das leis do reino, sem tomarem em conta a razão dos direitos adquiridos.
9 de Novembro – Foi proferida uma sentença sobre os bens da vila de Góis e seus termos, bem como dos padroados das suas igrejas, reconhecendo-se que não eram bens pertencentes à Coroa, mas sim aos seus donatários. D. Filipe, representado pelo procurador dos Padroados da Real Coroa, tinha movido uma acção no sentido de aqueles bens serem pertença da Coroa. Num longo processo judicial, iniciado em 1595, ficou provado que o lugar de Góis foi doado por D. Teresa de Portugal e seu filho, infante D. Afonso Henriques, sendo então um casal despovoado, sem igreja, tendo os donatários povoado o lugar e edificado a igreja matriz. Tal como já se tinha julgado em sentenças anteriores, a sucessão dos donatários regulava-se pela instituição do morgadio instituído por Vasco Pires de Farinha em 1290, e tinha-se processado, até ao presente, pelos seus legítimos descendentes. Da mesma forma, o padroado, transmitido pelo testamento de frei Afonso Pires de Farinha, de 1274, fora reconhecido posteriormente por várias sentenças judiciais.
1616 29 de Janeiro – O Papa Paulo V autoriza o mosteiro de São Pedro de Folques, donatário das terras de Alvares, a anexar as suas rendas ao Colégio de Sapiência da Congregação de Santa Cruz de Coimbra.
1617 12 de Agosto – Morre em Oliveira do Conde, com 39 anos de idade, D. Luís da Silveira, II de Góis, III Conde de Sortelha. Foi guarda-mor de D. Filipe I e D. Filipe II de Portugal. Não deixou filhos varões. Ficou viúva a condessa Maria de Vilhena, sua segunda mulher, que ficará a administrar o senhorio, durante a menoridade da sua filha mais velha.
3 de Novembro – Face a uma declaração de agravo que lhe fora dirigido pelos vereadores, oficiais da Câmara e o povo de Góis, sobre o facto de Gil de Araújo estar a ocupar o lugar de juiz de direitos reais e de almoxarife no concelho, designado por D. Luís da Silveira como privilégio pessoal de D. Filipe I, a Coroa sentenciou que expirava a jurisdição de Gil de Araújo. Fora entendido que se tratava de direitos que competiam ao rei como pessoa pública e não enquanto pessoa particular, e, sendo assim, ao aceitar-se um juiz de direitos reais, seria a prescrição do direito ou costume antigo que o senhorio de Góis possuía na nomeação de juízes ordinários.
1619 16 de Julho – É encerrado o tombo das vilas de Góis e Celavisa e seus termos, que tinha tido início em 1612.
1623 2 de Maio – Foi celebrado um contrato entre Branca de Vilhena da Silveira, donatária de Góis, a Câmara Municipal e os moradores, representados pelo seu procurador António Rodrigues Barreto, em que se acordou modificar algumas disposições do foral manuelino de 1516. Os moradores estavam a pagar tributos que o antigo foral não contemplava, em parte por alterações havidas em plantações de árvores, com consequente diminuição de colheitas. No tempo do foral não se plantava a oliveira e não havia lagares de azeite, o que só sucedeu em finais do século passado. Branca da Silveira é menor de 25 anos, sendo ainda viva a sua mãe e tutora, Maria de Vilhena, condessa de Sortelha. Simão Fernandes é actualmente o procurador do concelho e António Cabral o tabelião público em Góis.
1624 12 de Janeiro – Alvará régio confirmando o contrato estabelecido entre os moradores de Góis e Branca da Silveira.
c. 1625 (?) A Casa da Lavra foi mandada construir por Alexandre Barreto de Figueiredo Perdigão e sua mulher, Filipa da Cunha, que instituíram um morgadio com as propriedades que a envolvem.Tem capela e, sobre o por-tão de entrada, um brasão esquartejado de Furtados de Mendonça, Negreiros, Figueiredos e Cunhas.
1630 16 de Janeiro – Constituíram matrimónio, em Lisboa, Madalena Vilhena da Silveira, filha mais nova do conde D. Luís da Silveira, II de Góis, já falecido, e de Maria de Vilhena, donatária de Góis, com Pedro de Lencastre, conde de Figueiró, unindo as Casas de Sortelha, Vila Nova e Figueiró.
1640* Foi construída a capela da família Barreto, anexa à igreja matriz, por António Rodrigues Barreto**, capitão-mor de Góis, e sua mulher Felicitas Duarte de Figueiredo. Deixaram em testamento a constituição de um morgadio, ligado a esta capela, para conservação da memória da família. Era filho de Pero Rodrigues Barreto, que está na toponímia da vila, supostamente o primeiro Barreto a vir para Góis, e que terá construído a Casa da Quinta***, onde residia. _______ * Data inscrita na pedra que tapa a sepultura, supondo-se que seja o ano em que as obras tenham terminado. ** Esta capela daria o nome à Quinta da Capela. *** Onde actualmente está instalada a Câmara Municipal.
1642 21 de Abril – Foram eleitos os primeiros dirigentes da Confraria das Almas e Santos Passos, situada na capela de Jesus da igreja matriz de Góis, sendo juiz, o vigário Belchior Brandão Coelho. O capelão é o padre Lourenço Homem.
1643 11 de Agosto – Foram aprovados os estatutos da Irmandade das Almas e Santos Passos, de que, no ano passado, tinham sido eleitos os seus dirigentes.
1645 22 de Maio – Sentença da correição de Coimbra, confirmando que Góis tinha direito a jurisdição e de dar juramento e posse aos eleitos. Aos donatários não era permitido assistir às reuniões da Câmara.
1649 30 de Abril – Morre Branca de Vilhena da Silveira, que herdara o senhorio de seu pai. Ficou viúvo, D. Gregório Taumaturgo de Castelo Branco, conde de Vila Nova, não deixando sucessão. O senhorio vai passar para sua irmã Madalena de Vilhena da Silveira.
5 de Dezembro – Poucos meses após a morte da sua irmã, morre Madalena de Vilhena da Silveira, donatária das terras de Góis, casada com D. Pedro Luís de Lencastre, II Conde de Figueiró. Seu filho José Luís de Lencastre, menor de idade, vai suceder-lhe no senhorio.
1650 19 de Maio – Foram transladados para a igreja de Góis, as ossadas de D. Luís da Silveira, III Conde de Sortelha, antigo senhor de Góis.
1653 Abril – Morreu em Coimbra, com 55 anos de idade, Alexandre Barreto de Figueiredo Perdigão, capitão-mor, natural de Góis. Era casado com Filipa da Cunha, tendo instituído o morgadio da Lavra de Góis.
30 de Agosto – Foi pronunciada sentença, estabelecendo que os senhores de Góis não deverão pagar a dupla décima, o novo imposto consequente das guerras em que o país se encontra envolvido. Provou--se que as terras de Góis eram patrimoniais de morgadio, e, como tal, deviam ficar isentas daquele donativo.
1654 19 de Maio – É concedido o título de Conde de Figueiró a D. Pedro de Lencastre, viúvo de Madalena da Silveira, ex-donatária de Góis.
1655 29 de Junho – Foi hoje sagrada, pelo pároco de Pombeiro, a nova igreja da Várzea de São Sebastião, transferindo-se para aqui, da Várzea de Santa Isabel, a sede de freguesia.
1655 29 de Junho – Foi hoje sagrada, pelo pároco de Pombeiro, a nova igreja da Várzea de São Sebastião, transferindo-se para aqui, da Várzea de Santa Isabel, a sede de freguesia.
1658 21 de Julho – Morre D. Pedro de Lencastre, II Conde de Figueiró, que era casado com Madalena de Vilhena da Silveira.