Os lobos eram frequentes nesta região e, sobre eles, há ainda histórias na memória viva.
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Uma história contada nas aldeias Sobral e Ádela, trata de um jovem homem de Sobral que namorava uma rapariga em Ádela, que fica à volta de 4 km de distância. Uma noite, já estava escuro, ele queria visitar a sua amada. A sua mãe proibiu-lhe de sair de casa a uma hora dessas, por causa dos lobos. Mas ele não desistiu e assim enganou a mãe, pondo peças de cortiça em forma de um corpo debaixo dos cobertores da sua cama, para fazer parecer que estava deitado a dormir, saindo pela janela para a noite fora. Nessa noite a sua mãe teve um pesadelo, sonhou que o seu querido filho tinha sido atacado por lobos. No dia a seguir, a única coisa que se encontrou do rapaz foram os seus pés ainda nos sapatos, o resto tinha desaparecido.
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Uma mulher da aldeia [Sobral] contou-nos que o seu avô, Dionísio Vicente, era proveniente da aldeia de Pessegueiro, no Concelho da Pampilhosa da Serra, e namorava uma rapariga na Aldeia Velha. Uma noite deixou Pessegueiro e meteu-se ao caminho para Aldeia Velha, para no próximo dia seguir para o Colmeal onde queria tratar dos papéis para o casamento. Quando estava a caminhar, de repente apareceram três lobos e circundaram-no. Ele pensou que a sua vida tinha chegado ao fim e que já não era preciso tratar do casamento. Mas, entretanto, na Aldeia Velha, uma cadela que lhe era familiar pressentiu que alguma coisa estava mal e correu à sua ajuda. Esta cadela corajosa lutou contra os lobos, dando assim ao jovem homem a oportunidade de fugir, e ele chegou exausto e sem ar mas salvo à Aldeia. A cadela que lhe salvou a vida regressou três dias depois toda ferida, mas com os cuidados do jovem ela sobreviveu. E assim o casamento sempre se realizou e nasceram gerações futuras, graças à coragem de uma cadela. (De "Goispro Mediação Imobiliária, Lda")