Nome todo ele com características árabes, possivelmente derivado de Addallãl, que significa adelo ou adeleiro, o que compra e vende trastes usados; ou ainda de Addãlil, caudilho, chefe, comandante.” Simões Lopes (O Colmeal, 1970)
Conta-se que, primitivamente, teria sido formada na zona da Panasqueira, donde teriam partido alguns habitantes para a actual localização de Ádela, pela sua abundância de água, e daí começarem a chamar à aldeia, “a de lá”.
Terá pertencido a Arganil, mas, quando é constituída a freguesia do Colmeal, em 1560, Ádela já é referida como uma das suas povoações.
Diz-se que antigamente havia quatro fornos, onde os habitantes deixavam, como pagamento, as cinzas ao dono do forno. Cinzas que este utilizava para fertilizar as suas terras.
Outrora existiam sete moinhos perto de Ádela: um em ‘Porto de Carvalhalva’, outro na ‘Azenha’, depois havia o ‘Moinho Pequeno’, ‘Moinho da Foz Salgueira’, ‘Moinho Novo’, ‘Moinho das Carvalheiras’ e o ‘Moinho Fundeiro’. Todos eles hoje em ruínas.
De salientar a denominada "Levada dos Mouros", supostamente construída pelos romanos. Trabalhada nas rochas, tem origem na Pampilhosa da Serra, atravessa as freguesias de Colmeal, Cadafaz e Góis e segue até Folques, no concelho de Arganil, num comprimento total de cerca 14 metros e uma largura de 1 metro.
Tem duas capelas: uma dedicada a São Lourenço, de que se conhece um missal de 1703, e outra, a Nossa Senhora da Luz, dos anos 20 do século XX.
A sua Comissão de Melhoramentos foi fundada em 1936.
História Ádela foi outrora uma dinâmica povoação serrana muito frequentada pelos almocreves que aqui traficavam os produtos da região. Abundante em castanheiros, assistiu no inicio do século XX, por motivo da famigerada doença da tinta, ao desaparecimento dos seus soutos, os quais constituíam um valor acrescentado nos bens da sua população, quer no respeitante a consumo quer para venda. A arte do fabrico dos fusos, que eram vendidos para a fiação da lã de Seia e S. Romão, era afamada e aqui praticada por quase todos os homens válidos da terra que nesta actividade granjeavam alguns dos parcos cobres com que podiam contar ao longo do ano. O último mesteiral desta arte foi o saudoso mestre António Lourenço, já desaparecido. Igualmente desaparecidas são, e também de saudosa memória, as famosas tecedeiras, grandes mestras da fiação da lã das ovelhas e do linho com que fabricavam lençóis e panos finos, dos quais afortunadamente ainda existem alguns exemplares que em dias festivos, adornam as mesas de algumas casas da povoação. Sendo esta uma terra de agricultura de subsistência, entre os produtos cultivados a azeitona ocupava lugar de destaque. Este precioso fruto era tratado num algar de vara, onde pontificou durante largos anos como mestre algareiro uma figura mítica da serra, denominado Alfredo de Almeida; antigo carreiro, carpinteiro, comerciante e soldado de Mouzinho nas campanhas de África. O velho casarão que alberga o algar ainda existe, bem como a sua vara, enorme sobreiro de várias toneladas de peso, colocado na horizontal, que servia para espremer a azeitona moída dentro das seiras. Também podem ser visitados os seus moinhos de água, de rodízio vertical, onde se moía o milho aqui cultivado em abundância, os quais testemunham o engenho do homem da serra e o seu viver comunitário. Outro testemunho do passado desta terra, mas desta feita um passado mineiro e mais longínquo, são os diversos Algares aqui existentes de onde os primitivos povoadores, em especial os Árabes e os Romanos extraíram diversos tipos de minério e hoje constituem um dos ex-libris da aldeia. Também muito característicos são os colmeais, constituídos por silhas com cortiços de fabrico artesanal, cujos enxames devido à variedade das plantas da serra, e aos cuidados de manutenção dos seus proprietários, produzem um "néctar" de qualidade única. Embora as antigas casas de xisto tenham sido em grande parte substituídas por alvenaria ou tijolo rebocado, principalmente devido a condicionalismos de ordem económica dos seus proprietários, não se verificaram aqui barbarismos nem agressões paisagísticas como noutras aldeias da região, pelo que esta povoação, embora tenha sofrido as mencionadas alterações, constitui um harmonioso conjunto arquitectónico.
Os algares de Ádela Dos testemunhos existentes na nossa região, relativos à exploração mineira levada a cabo pelos povos que antes de nós habitaram este espaço, inserido na zona de influência que foi Celtibera, antes de Romana, Goda e Árabe, os algares de Ádela constituem prova de alta fiabilidade. Conhecidos serão cerca de uma vintena, mas muitos mais haverá, pois segundo a tradição oral os exploradores camuflaram todos aqueles que tinham em actividade ao notarem a aproximação dos invasores. Esta versão não será de todo descabida pois ainda durante o século XX foram descobertos mais dois exemplares que se encontravam tapados: um quando se arroteava um terreno e outro quando se procedia à abertura de uma estrada. Infelizmente em nenhum dos casos foi encontrado nada de valor! Embora também ainda hoje aqui hajam vestígios de explorações à superfície, dessas longínquas épocas, nomeadamente no chamado outeiro do curral, é sem dúvida no subsolo que esta actividade está mais documentada, dada a profusão de minas existentes e que certamente devido à passagem dos moiros ficaram com a denominação de algares. Contudo não me parece que esta designação tenha em árabe a correspondência de mina, no que se refere à exploração de minério, creio isso sim que estará relacionada com a água que de alguns brota e é utilizada na rega desde tempos imemoriais. Destes preciosos mananciais, é de salientar o da Fonte Salgueiro, cujo interior infelizmente nunca percorri na totalidade mas segundo dizem os antigos chegará até Celavisa! Também à volta deste, como de outros temas relacionados com a presença mourisca, se forjaram várias lendas e narrativas referentes ao assunto, sendo precisamente a relativa à Fonte Salgueiro, na versão que se segue, aquela de que mais gosto:
Fonte do Salgueiro Fonte do Salgado À saída do algar Sete passos arredado Está um capote de oiro Que era de um rei moiro E sete cidades se empenharam Para o dar por acabado
Ao escrever estas linhas vêm-me à memória as incursões que noutros tempos os rapazes da terra faziam a estes "santuários", sendo o mais apetecível o algar do Penedo Velho que pela sua configuração interior se assemelha às antigas casas da aldeia. Assim além de imensas galerias a lembrar as antigas lojas, tem cozinha, caniço e uma cisterna, cuja profundidade se tentou em determinada altura sem êxito, medir com o calabre de um carro de bois! Pela sua posição geográfica mais próxima da povoação, eram no entanto os algares da Cova os mais visitados pela pequenada, para arrelia dos respectivos pais, que conhecedores dos labirintos existentes no seu interior, temiam que os seus filhos se desorientassem e não conseguissem encontrar a saída. Estou convicto que dar a conhecer a existência destes vestígios do passado, no âmbito da divulgação turística do concelho, poderá trazer até nós muitos amantes da história, da espeleologia e outros interessados por estes temas.
Os moínhos da Ribeira de Ádela Forjadas nesta terra agreste que constitui montes e vales de entre Lousã e Açor, as populações autóctones cedo entenderam que a solidariedade, a entreajuda e a vivência comunitária seriam armas de grande valia para poderem sobreviver neste clima tantas vezes adverso. Precisamente desta vivência comunitária ressaltam os rebanhos guardados em conjunto pelas raparigas mais novas da terra, a água da rega, religiosamente distribuida à rolda por todos aqueles que tinham participado na construção dos poços e levadas e os moinhos de água, cuja utilização, dado que o seu tempo de funcionamento estava condicionado pelo caudal das ribeiras, era igualmente distribuida de forma parcimoniosa por todos aqueles que em comum tinham participado na sua construção, da seguinte maneira:
Fulano de tal - é o primeiro da rolda; Sicrano - tem o dia e a noite seguintes e assim sucessivamente até ao último da rolda, ou seja, até voltar ao princípio.
A palavra rolda que marca a cadência destes eventos, em meu entender, derivará de ronda, a que entre outras interpretações se pode dar a da tocata que os rapazes de antanho faziam por estas paragens, munidos de viola e outros instrumentos, em volta dos locais onde em alguma casa seroavam ou pernoitavam raparigas! O fim da cultura do centeio e principalmente do milho, devidas à alteração do modus vivendi dos aldeões, motivaram que há vários anos deixassem de se ouvir nas ribeiras os ruídos característicos destas azenhas, provocados pelo movimento dos rodízios verticais, impelidos pela água e pelo consequente arrastar das mós. Necessitando estes engenhos de apreciáveis quantidades de água para o seu funcionamento, a sua localização era a maior parte das vezes longe da povoação que está a montante e quase sempre edificados em recantos pitorescos, onde se acedia por veredas que os utilizadores calcorreavam para levar o grão e regressar com a farinha. Também aqui a entreajuda funcionava em pleno, pois aquele que levava o grão era ajudado por quem ia levantar a farinha, que por sua vez no regresso era auxiliado por quem tinha levado o grão. Sendo a ribeira de Ádela um local aprazível na primavera e no verão, bom seria que a vereda que começa na ponte que liga o concelho de Góis com o de Arganil, fosse reabilitada ao longo deste curso de água de modo a ser traçado um roteiro com passagem pelos referidos moinhos até Ádela, para que os amantes dos passeios pedestreDo site da Comissão de Melhoramentos de Ádela: (Do site da Comissão de Melhoramentos de Ádela)
População residente, de acordo com as estatísticas oficiais: 1911 - 188; 1940 - 151; 1960 - 108; 1970 - 25; 1981 - 38; 1991 - 32; 2001 - 13
(Fontes de mais informações: Gente da Serra. Do seu Quotidiano e Costumes, de Lisete P. Almeida de Matos, 1990; e site da Comissão de Melhoramentos de Ádela)