Refere a tradição que a povoação primitiva estava localizada na margem esquerda do rio Ceira, numa pequena península, mais tarde uma ilha, quando os mouros cortaram o istmo, por causa do seu filão aurífero. Chamaram-lhe a "A Velha Pastora": «Assim nos diz a tradição, que a povoação da Cabreira nos tempos dos seus fundadores se chamava “Velha Pastora”, cujo nome de origem vem da muita abundância de gado que havia naquela povoação, e tudo leva a crer que assim seja, porque no princípio de século dezanove, depois das dez horas da manhã, a Serra do Rabadão tinha um aspecto interessante, coberta de muitos rebanhos de cabras, com muitos chocalhos grandes, e os pastorinhos tocando os seus pífaros. Mas vamos percorrendo até ao Alto do Vieiro e Serra do Açor, o panorama é sempre igual, muito gado pelas serras montanhosas dos povos limítrofes. Depois de 1920 começou a desaparecer tudo porque a imigração da mocidade foi cada vez maior, principalmente para Lisboa, e assim iam amealhando algum dinheiro para socorrer as suas famílias e dispensavam os lucros que recebiam do seu gado. Em 1950, as serras estão quase desertas de rebanhos. (…)» (primitivo Livro de Actas da Comissão de Melhoramentos da Cabreira).
Lagar da Ponte da Cabreira e a sua História (...) Em 1876 os lagares, de Cabreira e Candosa, após trem sido penhorados à Igreja, foram vendidos em hasta pública e comprados por José Francisco Martins Ribeiro, meu tio-avô, natural da Sandinha, e que, depois de o ter durante seis anos, os doou ao povo da freguesia. Em Outubro de 1953, uma tromba de água destruiu quase por completo o lagar e o moinho, pelo que a Comissão dos lagares que geria esse espaço marcou uma reunião pública para discutir o que deveria ser feito para a sua reconstrução, pelo que se chegou à conclusão que não era possível reconstruí-lo, pois a comissão tinha apenas 200$00. Foi então que nos colocaram um desafio e, mercê da nossa juventude, aceitamos. Com a concordância de todos, foi suspensa a Comissão que entregou livros e dinheiro e assim José Alves Muro e Albano Nunes dos Reis comprometeram-se a reconstruir o lagar, com a condição de o ficarem a explorar até estar tudo pago e a entregá-lo a uma nova Comissão. Colocámos mãos à obra e passado pouco tempo tínhamos o lagar em laboração. Explorámo-lo durante três anos, sempre anunciando na Igreja os resultados, que nessa altura eram muto bons. Entretanto a Comissão antiga, ao ver os bons resultados obtidos por nós, interessou-se de novo e veio fazer-nos uma proposta: se nós quiséssemos, eles tomavam conta de novo da sua gerência e pediam o dinheiro que ainda faltava à Junta de Freguesia. Aceitámos e recebemos sem juros o que faltava do capital investido. Entendo que os lagares devem continuar sempre a pertencer ao povo, pelo que é necessário que todos nós tenhamos uma participação activa na sua conservação mas também na eleição de nova comissão. Como já não é possível a sua laboração em moldes normais, deve servir agora para o fim mais próprio que é o de museu, para que possamos deixar às populações vindouras uma memória viva da extracção do azeite nesta região, não impedindo que possa lá ser feito azeite, com autorização da comissão. José Henriques Alves Muro (O Varzeense, 15 de Fevereiro de 2011)
A sua Comissão de Melhoramentos foi fundada em 1953.
População residente, de acordo com as estatísticas oficiais: 1911 - 254; 1940 - 287; 1960 - 221; 1970 - 191; 1981 - 168; 1991 - 140; 2001 - 113