Os jornais no concelho de Góis surgiram em dois períodos distintos, resultantes do ambiente social de então. O primeiro logo após a implantação da República, uma época de agitação criadora e propícia à participação dos cidadãos na vida local. Foram, naturalmente, de duração efémera. O segundo nos inícios da década sessenta, com os boletins paroquiais. João XXIII fora coroado em 1958 e em breve fazia-se sentir a sua doutrina social, traduzida na convocação do Concílio Vaticano e nas suas duas conhecidas Encíclicas. Dos três boletins goienses, ainda hoje persiste “O Varzeense”, da paróquia de Vila Nova do Ceira. Entretanto, nos tempos actuais, de passagem da era de Gutemberg para a digital, novos hábitos de leitura se têm instalado. Os jovens de hoje não lêem jornais no suporte actual, nem o farão de futuro. O referencial de informação passa cada vez mais pela televisão e internet, pelos sites, blogues e hipertextos, e por outros suportes mais que se estão a desenvolver. Nesta pequena resenha, indicamos também aqueles jornais que, embora sediados em concelhos vizinhos, incluíram a nossa terra na sua área de actuação jornalística e, por isso, são fontes de consulta para os curiosos e os amantes da nossa cultura.
JORNAIS DO CONCELHO DE GÓIS
1963
O Colmeal Boletim mensal da paróquia Primeiro número em 18 de Fevereiro de 1960 Fundado pelo Padre Fernando Rodrigues Ribeiro, seu primeiro director. Seria continuado por: Padre Antunes de Brito, a partir de 1961, Padre Mendes Antunes, em 1963, Padre Marques Mendes ainda em 1963, Padre António Diniz a partir de 1965, Padre Anselmo Gaspar, em 1968, Monsenhor Duarte de Almeida, em 1973, Padre Sertório Martins, ainda em 1973, e, a partir de 1976, Padre Manuel Pinto Caetano. Com este último director, o jornal publicava-se até Agosto de 1982, com o nº 187, com que termina a sua existência.
«Tudo começou no ano de 1960. Sua Exa. Rev.ª, o Senhor Arcebispo-Bispo de Coimbra (julgo ter sido Sr. D. Ernesto Sena de Oliveira) dignou-se autorizar a publicação do Boletim Paroquial, que abençoou e pediu que fosse sempre “em tudo, eco da Voz do Evangelho”. O seu fundador e primeiro responsável, foi o Padre Fernando Rodrigues Ribeiro, Pároco da Freguesia do Colmeal e dos Cepos. Na sua primeira edição, expressava a utilidade de tal jornal devido à existência de um significativo número de emigrantes nas cinco partes do mundo e principalmente na cidade de Lisboa, dizendo que seria afinal uma carta escrita para toda a família colmealense. No seu vasto conteúdo, “O COLMEAL” teve durante muitos anos, além de toda a sua face virada para a religião, três secções que em meu entender, seriam as mais procuradas pelo olhar atento do leitor. Eram elas, A vida de O Colmeal, espaço reservado a comentários sobre os assinantes e da própria paróquia; o espaço Sempre Alegres que findou no número 126, de Agosto de 1974, tendo gracejado os seus leitores com anedotas e adivinhas, e a secção Marco do Correio que teve este nome até ao número 132 de Outubro e Dezembro de 1975, passando a chamar-se desde então de Correio do Leitor. Este espaço era praticamente uma carta aos colmealenses espalhados pelo mundo dando notícias dos acontecimentos que iam surgindo nas suas terras.» Henrique Miguel Mendes( Introdução ao site O COLMEAL)
1963
O Varzeense Boletim Paroquial de Vila Nova do Ceira
Primeiro número em 15 de Março de 1963. Foi seu fundador e primeiro responsável Padre Fernando Rodrigues Ribeiro. Em 1980, José de Matos Cruz é o seu colaborador principal, ocupando o lugar de Chefe de Redacção a partir de Setembro de 1981 e permanecendo ao longo de mais de vinte anos. O jornal é renovado em grafia, qualidade de papel e vai aumentando o número de páginas. Em Janeiro de 1984 passa a ser responsável Padre Carlos da Cruz Cardoso, que seria substituído, em Julho de 1999, pelo actual director, Padre António José Calixto de Almeida. Na década de noventa passaria de mensal a quinzenal e, já na primeira década deste século, alteraria de novo o seu grafismo.
1964
O Goiense Boletim da família paroquial
Fundado por Padre Antonino Barata dos Reis, seu primeiro responsável. Numa primeira fase, o jornal manteria uma edição regular, mensal, até Outubro de 1966, altura em que, com o número 30, veria interrompida a publicação. Uma segunda fase seria iniciada em Janeiro de 1968, com o nº 31, agora sob dinamização e direcção do então pároco de Góis, António Diniz. Em Agosto de 1973, com a edição nº 90, o jornal termina a sua vida.
1974
Novo Rumo
Primeiro número em 21 de Novembro de 1974. Foi impulsionado pelo Grupo de Juventude de Góis que se apoiava no equipamento do Centro Paroquial. Os seus promotores, membros do Grupo de Juventude, que eram, simultaneamente, repórteres, colunistas, editores, “tipógrafos”, ardinas, etc., tinham como objectivo criar um meio que divulgasse não só os acontecimentos locais mas também uma forma de promover a cultura. A sua última edição, com o nº 8, seria em 17 de Novembro de 1975.
OUTROS JORNAIS DA BEIRA SERRA (que prestaram atenção ao concelho de Góis)
1901 A Comarca de Arganil
Primeiro número em 1 de Janeiro de 1901. Primeiro proprietário e editor responsável: A. José Gonçalves“A acção do empresário e político goiense Francisco Inácio Dias Nogueira foi fundamental para o arranque e institucionalização de “A Comarca de Arganil”, pois para além de financiador foi também director” (A Comarca de Arganil” nº 509). Eugénio Moreira, António Lopes da Costa, José Castanheira Nunes, João Castanheira Nunes, Francisco Carvalho da Cruz e Jorge Moreira da Costa Pereira são nomes de referência na direcção do jornal. O jornal passaria de semanal a bissemanário em 1927 e a trissemanário na passagem do seu 50º aniversário. Regressaria a bissemanário em Novembro de 2000. Militante no regionalismo da Beira Serra, teve sempre como lema a defesa da dos interesses da área da comarca, em que se insere o concelho de Góis. Em 10 de Junho de 2009, seis meses depois de ter sido pedida a insolvência da empresa proprietária do título, foi interrompida a sua publicação, que seria retomada em Dezembro de 2010.
1909 O Serrano Jornal independente. Defensor dos interesses deste concelho e de toda esta região
Primeiro número em 15 de Outubro de 1909. Sede na Pampilhosa da Serra. Director e proprietário: José Cardoso. Administrador: Jaime M. da Cunha. Periodicidade quinzenal, passando depois a semanal. A 21 de Dezembro de 1913 suspende a publicação, prometendo regressar.
1913 Jornal de Arganil
Primeiro número em 29 de Março de 1913, tendo como seu director, Veiga Simões. Em 10 de Julho de 1915, com o º 120, suspende a publicação, sendo substituído pelo ”Correio de Arganil”. Em 30 de Março de 1926, inicia uma segunda fase, assumindo-se como semanário de uma região, abrangendo os concelhos de Arganil, Góis, Oliveira do Hospital, Pampilhosa da Serra, Penacova, Covilhã, Vila Nova de Poiares, Lousã e Pedrógão Grande. Periódico que manteria uma publicação regular até aos nossos dias.
1915 Correio de Arganil
Primeiro número em 17 de Julho de 1915, tendo como director, Veiga Simões, sucedendo ao Jornal de Arganil. Última publicação em 2 de Setembro de 1916 (?).
1935 A Gazeta das Serras Mensário regionalista, defensor dos interesses do concelho da Pampilhosa da Serra e dos concelhos limítrofes
Primeiro número em 31 de Janeiro de 1935. Sede em Lisboa. Administrador, proprietário e editor: Miguel das Neves Pinto. Director: José Maria Alves Caetano. No concelho de Góis, tem dado atenção sobretudo à freguesia de Alvares.