«A história dessa tradicional família lusitana, aportada no Brasil em fins do século XIX, é envolvida de lendas, mistérios, fatos reais, que tentamos distingui-los, a fim de mostrar as verdadeiras origens de um clã que participou ativamente da política local no século passado, colaborando para o progresso da então promissora terra dos Carijós. Primeiramente, vamos às dúvidas para, depois, tentarmos esclarecê-las. O Ministro Francisco de Paula Ferreira de Rezende (1832-1893), Juiz Municipal e de Órfãos do termo de Queluz em 1856, em seu livro “Minhas Recordações”, nos conta que, no final do século XVIII, ou início do século XIX, desembarcou no Rio de Janeiro um português, com poucas patacas no bolso, e gastou-as quase todas na compra de bananas, para ele desconhecidas até então. Com o pouco dinheiro que lhe restou, comprou algumas miudezas e rumou para Minas, tal como um caixeiro-viajante. Pouco tempo depois retornou à Corte, onde fez mais compras, revendendo-as na Província do Ouro por preços avultadíssimos, logrando, após várias viagens, um sofrível capital, suficiente, porém, para se estabelecer. Esse português que o Magistrado não cita o nome, apenas dizendo que ter sido conhecido por “Baeta Velho”, fixou-se em Queluz, dedicando-se á cultura da terra, o que fez do humilde caixeiro um abastado fazendeiro. Esse “Baeta Velho” não se casou; entretanto, à medida que seus negócios foram melhorando, mandava vir de Portugal seus sobrinhos, ensinando-os a trabalhar no cultivo da terra tão fértil, no dizer de Caminha “em nela se plantando tudo daí”. Esse fato que o Ministro Ferreira de Rezende descreveu em seu livro é, certamente, o que ele ouviu contar sobre o primeiro Baeta Neves que chegou a Queluz. A bem da verdade, não foi só um Baeta Neves que veio primeiro para a Terra de Santa Cruz, mas, sim, vieram três irmãos. Os Baetas Neves são naturais de Santa Maria de Goes, Bispado de Coimbra, descendentes de Lourenço Baeta Neves e Jerónima Lopes, de cujo consórcio tiveram vários filhos. São seus descendentes os três irmãos que vieram para o Brasil: Bernardo Baeta Neves e José Lourenço Baeta Neves fixaram-se em Queluz e um outro, cujo nome desconhecemos, estabeleceu-se na cidade de Itu, em São Paulo. Talvez sejam Bernardo e José Lourenço que se deliciaram com a fruta tropical, gastando quase todo o dinheiro com a saborosa novidade; entretanto foram, com certeza, os primeiros Baeta Neves a chegar em Queluz, enriquecendo-se e trazendo os sobrinhos para educá-los, colocando-os a trabalhar nos serviços mais pesados e, às vezes, até humilhantes. Essa atitude enérgica era para que chegassem a ser homens de bem, fazendo o que eles, seus tios, a vida inteira o fizeram, ou seja, trabalhar muito e economizar mais ainda. Bernardo e José Lourenço Baeta Neves eram filhos do Sargento-Mor José Baeta Neves e de dona Ana Manoela. Os sobrinhos que vieram para suas guardas foram: Joaquim Lourenço Baeta Neves e Daniel Lourenço Baeta Neves e António Lourenço Baeta Neves, este último, filho do imigrante que residia em Itu, Província de São Paulo ». (de: Geologia Mineira, de Allex Assis Milagre)
Bernardo Baeta Neves morreu a 18.6.1833 e José Lourenço Baeta Neves no ano 1844, legando fabulosa fortuna a seus sobrinhos: 1. Joaquim Lourenço Baeta Neves, comendador (segue; ver também em "In Memoriam"); 2. Daniel Lourenço Baeta Neves. Diz-se que morreu solteiro e com uma filha bastarda que, mais tarde, seria baronesa de Queluz; 3. Manoel Lourenço Baeta Neves, barão de Loredo (ver em "In Memoriam"); 4. Gaspar Lourenço Baeta Neves. Casou com Maria Joaquina de Oliveira; 5. António Lourenço Baeta Neves. Casou em 1832 com Florinda Roza de Jesus.
Joaquim Lourenço Baeta Neves, comendador, e Maria Fortunata Monteiro de Barros tiveram: 1. Maria do Carmo Baeta Neves (1833-?), que casou com José Ferreira de Faria; 2. Joaquim Lourenço Baeta Neves (1834-?), barão de Queluz, que casou com Maria da Conceição Baeta Neves, filha de seu tio Daniel; 3. José Joaquim Baeta Neves (1835-?), que casou com Maria Thomázia, de origem pernambucana; 4. Daniel Baeta Neves (1837-?); 5. Bernardo Baeta Neves (1841-?); 6. Ana Luíza Baeta Neves, que casou com António Alves Bebiano (1831-1911). Vieram residir para Portugal, onde tiveram o título de primeiros viscondes de Castanheira de Pera; sogros de José Afonso Baeta Neves (ver em “In Memoriam”); 7. Fortunata Augusta Baeta Neves (1842-?), que casou, em primeiras núpcias, com Joaquim Afonso Baeta Neves; 8. Manuel José Baeta Neves, que casou com Maria Benigna Baeta Neves, filha de seu tio Manoel, barão de Loredo; 9. Lourenço Baeta Neves (1843-?); 10. António Pedro Baeta Neves, que casou com Francisca Teixeira de Souza Magalhães; 11. Luíza Gonzaga Baeta Neves (1846-?), que casou com Francisco Urbano Ferreira Alvim.
(Bibliografia: Minhas Recordações, de Francisco de Paula Ferreira de Rezende, 1944; Manuscritos Inéditos, de Padre José Duarte de Souza Albuquerque; livros de registo de baptizados, casamentos e óbitos da freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Queluz.)