Quando as terras do Colmeal foram transformadas em freguesia em 1560 (ver em "Freguesia do Colmeal”), havia uma antiga ermida dedicada a S. Sebastião. Foi então aumentada e transformada em igreja matriz – a Igreja de S. Sebastião do Colmeal. Conforme autorização do Bispo de Coimbra, daquela data: «O mesmo Bispo de Coimbra Dom João Soares, per outra sua carta em forma, passada sob seu sinal e sello em Coimbra, ao mesmo dia, mez e anno, da carta atraz peroxima; a saber dezesseis de Novembro de mil quinhentos e sessenta annos, e pellas mesmas causas e com a mesma forma atráz rellatada creou em Nova Parochia e annexa da matriz de Goés a Capella e Ermida de São Sebastião do Logar do Colmeal assinando-lhe por sua freguezia a saber: o dito logar do Colmeal e o logar do Carvalhal e o Souto e Aldea Velha e o Soberal e Ádella e por freguezes os moradores das ditas Povoas presentes e futuras (…)» (1)
No tombo de 1612, é já referida a "Igreja do Colmeal".
Em 1769, era feito um “Reconhecimento” da Igreja, pelo Ver. António Joaquim Ramalho, cura da própria igreja: «Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil setecentos sessenta e nove annos e aos vinte e seis dias do mes de Novembro do dito anno neste lugar do Colmeal e termo da Villa de Goes, Cazas de Residencia do Rev.do António Joaquim Ramalho cura da Igreja de Sam Sebastião da freguesia do dito lugar onde foi vindo o Doutor José de Macedo Ferreira Pinto juiz deste Tombo E logo sendo ahi presente o dito Reverendo Parrocho por ele foi dito: Que ele reconhecia ao Excelentissimo Marques de Abrantes como Senhor do Morgado de Goes por Padroeiro in sollidum da Igreja da dita Freguesia o qual Padroado de Illustre e secular; e que quanto a Apresentação será e tem sido sempre segundo a tradição tanto elle como seus Antecessores apresentando annualmente pelo Reverendo Vigário da Igreja Matriz da Villa de Goes e com consentimento dos Beneficiados dela. (…) Está a Igreja citada fora do lugar no arrabalde dela. E o Adro della medido de Nassente a Poente que na parte Norte confrontando com Domingos de Almeida deste lugar tem vinte e quatro varas. E pelo Poente confrontando com fazenda de Manoel Luz, ou seus Erdeiros, Manoel Braz de Oliveira do mesmo lugar tem catorze varas E do lado Sul confrontando com Simão Braz de Aldeia Velha ou (?) a dele tem vinte e quatro varas. E do Nascente confrontando com fazenda de Luiz Francisco tem dezassete varas e meia. Dentro desta medição está a Igreja Matriz da dita Freguesia que tem a porta principal para poente, outras para o Norte; e tem aquela dita por Parte do Norte a Capela mor de comprimento dez varas e o mesmo tem aquela parte do Sul, e o mesmo pela parte do Nascente, para onde fica a tribuna dela e tem a sua sacristia para a parte do Norte que tem de comprimento pela dita parte do Poente tres varas para cada parte* Tem o Corpo da Igreja de comprimento pela parte do Norte treze varas e meia e o mesmo tem pela parte do Sul e de largura pela parte do Poente sete varas e meia». (…)Tem suas cazas de residência no lugar do Colmeal que constam… (…) tem um piqueno e insignificante terreno de terra que serve de passal cito à borda do rio que lhe serve de orta de plantas de vara de semeadura dum selami de pão… (…) Tem na capela Mor uma pequena tribuna pintada de pintura tosca e no meio um nicho aonde está uma pequena Imagem em vulto de Sam Sebastião que E do Excelentíssimo Padroeiro e este nicho tem um piqueno Docel de Madeira com sua talha, e em roda do nicho que é dourado e nos lados da dita tribuna tem duas Imagens de pintura muito tosca e uma do Senhor no Horto, e outre prezo à Coluna. Um Frontal de Madeira pintado (…) (2)
Em 1853, foi resolvido acrescer uma capela, por a igreja ser pequena para a frequência dos fiéis: «Aos vinte e sete dias do mez de Novembro de mil e oito sentos e sincoenta e tres annos, na sachristia Parochial Igreija da Freguesia de S. Sebastião do Colmial prezentes o Parocho José Caldeira de Moura e os vogais da Junta da Parochia Manoel Luis de Paulla e Manuel José (…) foi ponderado que a Igreja Paroquial desta freguesia hera muito piquena para a população que hoje tem, e por iiso lhe parecia muito útil a acressentar-se a dita Igreja, fazendo-sselhe ou construir huma Capella que comunique com esta ao lado esquerdo da mesma (…)» (3) A capela passaria a ser denominada de S. José. (ver em Capelas do Colmeal)
Em 1876, achando-se em completa ruína e em estado indecente ao culto divino, deliberou-se proceder á construção desde os alicerces (nota de 15 de Maio de1876, da Junta da Paróquia). Por dificuldades orçamentais, a obra foi sendo adiada, até sido realizada no tempo do vigário Urbano Gonçalves de Abreu Cardoso. Terá ficado concluída em 1895, tendo em conta os lançamentos nas contas da Junta.
Em 1892 foi adquirida a imagem do Senhor dos Passos, pelo valor 93$600 reis, que se julga ter chegado ao Colmeal a 8 de Setembro daquele ano, e nesse mesmo dia realizado uma procissão que percorreu a aldeia. Ficou a ser, para os colmealenses, o Senhor da Amargura, talvez o santo de maior devoção. O padroeiro da freguesia continuaria a ser no entanto S. Sebastião. No forro da igreja, foi pintada a “Anunciação”, assinada “A.V.” e datada de 1893. Segundo Fernando Costa (4), presume-se que houve «também uma outra pintura, representando o arcanjo Miguel (?), padroeiro da expansão de Portugal até 1648, lutando contra o diabo colocado a seus pés. Esta obra de arte conhecida pelo “diabo”, que ingenuamente o povo dizia ter aparecido ao autor da “Anunciação”, lamentavelmente não foi recuperada nos anos sessenta, ao serem substituídas tábuas apodrecidas, pela infiltração de águas de chuva, depois pintadas em cor semelhante ao restante forro. Fica-nos pois de memória a figura demoníaca, acorrentada, dominada pelo adversário colocando-lhe um dos pés em cima.»
«A sua construção é de xisto da região; tem a torre do lado direito, cujos dois sinos foram fabricados em Cantanhede por Sebastião Sorrilha, respectivamente nos anos de 1836 e 1857.Tem quatro altares, incluindo o da Capela de São José, de construção posterior à da igreja.A imagem mais antiga é a de São Sebastião, feita de pedra e em estilo gótico. (…) Para perpetuar esta data tão singular para todos nós [1960, quarto centenário] foi inaugurado um sino na torre da igreja, o qual importou em 4.158$80 e foi adquirido por uma subscrição iniciada em Maio passado, pelo nosso jornal.» (5)
O edifício seria restaurado em 2009, nas vésperas do seu 450º aniversário, com alterações na estrutura, novo telhado e pintura nas fachadas exteriores.
Párocos do Colmeal desde 1615 Segundo Monsenhor Augusto Nunes Pereira (6), no início o cura apresentava o Prior da Colegiada de Góis e com frequência era algum dos quatro membros daquela Colegiada que prestava assistência no Colmeal. A partir de 1615, data do mais antigo livro de registo paroquial desta freguesia, conhecem-se os nomes de todos os padres que assinaram o registo: 1615 - Pedro Neto; 1616 - António Tavares e Jorge Martins; 1624 - Adriano Lucas; 1631 - Manuel Carvalho; 1635 - Baltazar Antunes; 1636 - Adriano Lucas; 1643 - Manuel Neto, António Belo e Adriano Lucas; 1646 - Manuel Leite; 1647 - António Belo; 1648 - Pedro Fernandes; 1652 - Manuel Leite; 1657 - António Fernandes; 1660 - José Francisco; 1661 - André Bandeira; 1668 - Belchior Leitão Metello; 1670 - António Leitão Metello; 1683 - João Antunes; 1689 - Salvador Lopes; 1705 - Inácio das Neves Galvão; 1707 - Pedro Gomes (de Folques); 1725 - António da Costa; 1731 - Miguel Carneiro; 1732 - Francisco Gomes Nogueira; 1733 - António Galvão Taborda Manso; 1736 - José da Costa Gomes; 1773 - Manuel José de Almeida (bacharel dos Sagrados Cânones); 1776 - José da Costa Gomes; 1782 - Manuel Gomes Nogueira (mais tarde reitor de Arganil); 1791 - António Gonçalves Marques; 1791 - António Joaquim Chamissa (provavelmente de Alvares, m. a 25 de Agosto de 1815); 1815 - Manuel Barata Lima e José Patrício de Oliveira; 1817 - António Luís de Matos; 1819 - João Baeta; 1820 - Manuel Saraiva Quaresma de Oliveira; 1824 - Luís António dos Santos Ferreira Cardoso (m. a 1 de Março de 1825) e Francisco Henriques de Almeida; 1827 - António Cardoso Leitão (ecónomo da Colegiada de Góis) e José António do Souto; (…); 1863 - José Caldeira de Moura; 1867 - Vicente Dias de Carvalho; 1873 - Joaquim José da Veiga; 1883 - António Dias Henriques; 1885 - Urbano Gonçalves de Abreu Cardoso; 1895 - Joaquim Garcia (de Pampilhosa da Serra); 1902 - José de Sousa Moreira; 1903 - Manuel Alves Ribeiro (depois transitou para Arganil); 1909 - Eduardo de Almeida Freire; 1928 - André de Almeida Freire; 1957 - Fernando Rodrigues Ribeiro; 1961 - António Antunes de Brito; 1963 - António Mendes Antunes; 1966 - António Dinis; 1967 - Anselmo Ramos Dia Gaspar; 1972 - Sertório Baptista Martins; 1973 - Mons. António Duarte de Almeida (até Setembro de 1976).
Notas: 1 O Colmeal, Maio de 1971. Retirado de uma cópia do Tombo de 1799, na qual não foi seguida a ortografia original. Transcrito na íntegra por Francisco Silva no actual site da U. P. F. C. Algumas notas neste artigo do Boletim Paroquial: (a) Os habitantes da nova freguesia do Colmeal eram obrigados a ir três vezes no ano à Igreja Matriz de Góis, sob pena de pagarem um arrátel de cera por cada falta; (b) Não existiam dois templos de culto, como se poderia concluir erradamente, mas sim um único. A actual Igreja Matriz é de construção posterior. De contrário, não seriam empregues os termos ‘Capella’ e ‘Ermida’; (c) Apesar das povoações de Soberal e Ádella, nos aparecerem incorporadas na então criada freguesia do Colmeal, administrativamente, as mesmas estavam ligadas a Selaviza, também pertença do Senhorio de Góis. 2 O Colmeal, número especial, Julho de 1971, igualmente retirado de uma cópia do Tombo de 1799 e transcrito por Francisco Silva no actual site da U. P. F. C. Algumas notas no Boletim Paroquial: (a)-A torre sineira é de construção mais recente, porque de contrário não teria ‘três varas par cada parte’; (b) A primitiva Residência Paroquial ficava situada ao ‘Porral’. Presentemente encontra-se em ruínas. 3 O Colmeal, Abril-Maio de 1974 4 O Varzeense, Maio de 1988 5 O Colmeal, Fevereiro e Dezembro de 1960 6 O Colmeal, Agosto de 1973