O Castelo de Góis Terá existido um castelo em Góis? Na Doação das terras de Góis, é referido o vocábulo "castro", que viria a ser traduzido para castelo (houve mesmo quem tenha considerando dois castelos, e não apenas um). Ouçamos Mário Ramos *: «Castelo, na devida acepção histórica significaria uma praça forte, com sua cintura de defesa e, embora de variável extensão e fortaleza, sempre um reduto onde uma determinada força podia resistir assediada. Mas também correntemente se dava o nome de castelo a uma simples torre de vigia, embora no estilo de castelos. Será nesse sentido que devemos tomar aquelas palavras de doação? Um castelo, propriamente dito, em Goes, não teria havido, não só porque não se encontra referência nenhuma aos alcaides que devia ter tido, como porque não se justificava a existência de um castelo no fundo de um vale, mesmo que fosse num cabeço desse vale. Não era, alem disso, vila ou povoação importante, onde se justificasse tal defesa. Bem sei que podia existir um castelo isolado, para defesa dum ponto estratégico, mas nem isso mesmo se dava em Góis, nem Bordeiro, onde os horizontes são muito pequenos. O que deve ter havido é uma simples atalaia, fazendo parte talvez da linha de cintura de defesa de Coimbra, apenas para dar sinal de aproximação de hostes inimigas (como seria o castelo da Lousã e outros) se bem que com pequenos horizontes. Não há dúvida, porém, de que alguma coisa houve a que se chamou castelo. Dona Teresa não diria que doava o castelo de Góis e Bordeiro, se aí não houvesse. No que poderemos ter dúvidas é na sua importância, ou tamanho, ou local. Se bem que poderia haver duas atalaias, uma em Bordeiro e outra em Goes, o modo de dizer 'nostro castro de Goes, et Burleiro cum omnibus suis locis...' e 'ipsum Castrum de Goes, et de Burleiro cum suis terminis...' no singular, leva a crer que era um só, tendo os dois nomes porque servia para Goes e para Bordeiro.» Também Eng. Stanley Mitchell, em carta dirigida a Mário Ramos, em Maio de 1956 (e que comunicou à Associação dos Arqueólogos), diz: «que observou na época das sementeiras em dias diversos – quer quando a terra estava apenas lavrada, quer quando o milho já esta em crescimento – que no centro da Quinta da Capela, a cerca de 150 m da Casa da Quinta, na direcção de Góis, se destacava o nítido desenho de um castelo rectangular torreado de quatro torres, com nítido caminho na direcção de Arganil, caminho esse que estando desligado do castelo deixaria supor ser este circundado de água (existência de uma ponte levadiça?). Essas fundações teriam talvez uns 100 metros de lado (...) está convencido que a menos de um metro de profundidade se encontrarão as fundações que julga existirem...» Esta situação do antigo castelo vira reforçar a primitiva localização de Góis - "Góis Velho" - , na margem esquerda do rio Ceira, fronteiro a Bordeiro, e o mesmo castelo vigiando as duas povoações. E, eventualmente, de origem romana, comando da região mineira de Góis.
«E também poderia explicar a conduta de água, vinda de Celaviza, a par da ribeira, que bem poderia ser um abastecimento subterrâneo para o castelo, quer para um poço privativo, quer para o fosso que o defendesse.» Quem vai explorar o "castelo" de Góis?
*Arquivo Histórico de Góis, Mário Paredes Ramos, vol. I, pp. 229 e seg. |