O liberalismo traz consigo significativas alterações. O senhorio, ao cabo de sete séculos, dá lugar a uma autarquia representativa, embora ainda distante de um regime democrático. Formam-se partidos políticos, alguns sem qualquer marca ideológica, e o caciquismo local predomina. As elites rurais dominantes procedem dos mesmos segmentos sociais. Em consequência da frequente alternância dos governos, oriundos das facções políticas saídas do movimento liberal (de um lado, os moderados, tradicionalistas, defensores da Carta, e do outro, os radicais, quase republicanos), fazem-se nada menos que nove códigos administrativos, para além de abundante legislação complementar, ao sabor das conveniências do partido governante. A autoridade política, judicial e administrativa do Estado, impõe-se. Os limites do concelho de Góis seriam modificados, com inclusão da freguesia de Alvares (aumentando a área territorial em 39% e a população em 43%) e redefinição das fronteiras com os concelhos vizinhos Pombeiro e Arganil. Mesmo assim, Góis esteve à beira de desaparecer como unidade concelhia, por não ter área suficiente. As vias de escoamento dos produtos tornam-se mais fáceis, aumentando a pressão do comércio sobre a agricultura, e a posse da terra passa a ter valor acrescido. A classe média desenvolve-se culturalmente e acentuam-se os desníveis económicos entre proprietários e trabalhadores rurais. O fim dos regimes de morgadio e de donataria, que tinham vigorado durante muitos séculos, não trazia às terras de Góis significativas variações no emparcelamento da terra e alterações na agricultura. Desde há muito que a população de Góis se distribuía por grande número de pequenas povoações, o pastoreio continuava a praticar-se em grande escala e mantinham-se os baldios. A densidade da população do concelho não acompanhava o aumento nacional. Enquanto esta quase que duplica ao longo do século, a de Góis, no mesmo período e considerando já a nova freguesia de Alvares, passava de cerca de 30 para 47 h/km2. O concelho atingiria o “pico” demográfico da sua história, ao redor dos 13.000 residentes, no final do século. No que respeita à emigração, o Brasil tornou-se um pólo atractivo para os goienses, à semelhança da generalidade do reino. Os benefícios proporcionados pela Regeneração, a partir do início da segunda metade do século, vão chegar a Góis duas décadas depois. Nos anos 70 rasgam-se as estradas da vila para a Várzea e para a Lousã, e, no último ano, inicia-se a via central, em direcção a Arganil. Nos anos 80, é a vez da estrada para Carcavelos, o início da do Vale do Ceira, e da de Alvares para Portela do Vento. Arranca a construção do caminho-de-ferro, a partir de Coimbra para a Beira interior, com o traçado projectado para passar por Góis, um desejo acalentado pelos goienses durante décadas, mas que, mais tarde, viria a sucumbir, fechando-se uma porta ao seu progresso. As principais igrejas e capelas, muito degradadas, são reconstruídas ou recuperadas pela sociedade civil, indiferente ao movimento anti-clericalista liberal que se propagava nos centros urbanos.
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1832 12 de Agosto – São extintos os forais e doações régias e, consequentemente, os direitos dos senhores donatários. Os moradores passam a ficar isentos de alguns impostos e o município passou a ter liberdade de cobrança de novos rendimentos.
24 de Dezembro – O vigário José Feliciano Soares, pároco da freguesia da Várzea de Góis, solicita a intervenção da marquesa de Abrantes para beneficiações urgentes na igreja matriz da sua paróquia, que se encontra em muito mau estado. Faz agora 30 anos que, à custa do povo, se realizaram grandes obras de restauro e sente-se um grande descontentamento dos residentes, que, sendo obrigados ao pagamento das dízimas, vêem que nada está a ser feito.
1833 31 de Janeiro – Para servir o concelho durante o ano, foram eleitos: para juiz, Alberto Joaquim Carneiro, de Góis (é capitão de milícias do regimento de Arganil); para vereadores, Jerónimo Francisco, de Sandinha, José Antunes Bucho, de Bordeiro, e Manuel Simões, de Cerejeira; para procurador, Manuel Inácio, de Góis (capitão das ordenanças de Góis, além de distribuidor, inquiridor e contador de juízo); e para escrivão da Câmara, António da Silva Monteiro, de Góis.
2 de Outubro – Reunião do Conselho de Guerra, para julgar D. Pedro José Maria da Piedade de Lencastre, marquês de Abrantes, ex-senhor de Góis, acusado de crime de deserção para as tropas miguelistas. O Conselho considerou-o inocente e a sua conduta ilibada, tendo em conta os seus sentimentos de fidelidade a Sua Majestade.
1834 12 de Fevereiro – Enviado à marquesa de Abrantes, que tem estado à frente do senhorio de Góis, a pauta de oficiais de justiça, com os nomes dos eleitos para servirem o concelho no corrente ano. Lourenço Carneiro é o juiz proposto.
Foi encerrado definitivamente o Hospital, que se encontrava praticamente já sem movimento.
30 de Maio – Por decreto, são extintas as ordens religiosas masculinas e nacionalizados os seus bens. Em consequência, extingue-se o domínio do mosteiro de Folques sobre as terras de Alvares, bem como a jurisdição eclesiástica da Ordem de Malta sobre a freguesia de Portela do Fojo, do vizinho concelho de Alvares.
24 de Outubro – Nas instalações do antigo Hospital, reuniram-se o juiz Martinho Caetano de Pontes, o escrivão da Câmara, o porteiro do juízo, por impedimento do alcaide, e os louvados da Câmara, para efeito de inventariação dos bens próprios do marquês de Abrantes, ex--donatário de Góis. Entre os imóveis, destacam-se, como mais significativos, o Hospital e respectivas capela e claustra (o antigo jardim dos paços velhos), com a torre do relógio, a Horta (que servia o Hospital), a casa do Celeiro (que servia de recolha dos produtos dos rendeiros, tais como o vinho e cereais), o souto da Torrinha, e o paço novo, junto ao rio, com respectivo terreiro e horta.
c. 1834 É constituída em Góis uma banda filarmónica.
1835 É presidente da Câmara Municipal, Dr. José Joaquim Ferreira de Matos. Tinha sido nomeado, em 1831, para monteiro-mor.
28 de Maio – Foram eleitos os que, na qualidade de oficiais, sargentos e cabos, irão comandar as duas companhias da Guarda Nacional do concelho. Manuel Joaquim de Paula é o seu major comandante.
18 de Julho – Por decreto desta data, é reformulada a administração geral e municipal, sendo instituídos os Distritos Administrativos. No distrito de Coimbra vai ser nomeado, como primeiro Governador Civil, Bento Ferreira Cabral. Criado o lugar de administrador do concelho, em substituição do provedor, nomeado pelo governo.
Para efeitos judiciais, o país é dividido em julgados, presididos por um juiz de direito.
7 de Agosto – Por decreto, que anexa o mapa administrativo do país, o concelho de Góis fica incluído no julgado de Arganil, escolhido como sede de um dos nove em que foi dividido o distrito de Coimbra. O concelho de Alvares fica no julgado de Figueiró dos Vinhos.
19 de Outubro – Nomeados comissários das paróquias: Francisco José Beato, na freguesia de Góis, Domingos Alves, na freguesia da Várzea, José Ferreira, na freguesia do Colmeal e Manuel Simões Folgosa Novo, na freguesia de Cadafaz. Foram escolhidos pelo administrador, de listas de três pessoas indicadas pela Câmara Municipal.
19 de Novembro – Procedeu-se à demarcação do cemitério da vila, confinando com a igreja e a capela das Almas, e abrangendo uma parte do adro. Fica com 333 m2. Por decreto de 21 de Setembro, é obrigatória a construção de cemitérios, proibindo os enterros nas igrejas. Neste dia, procedeu-se também à demarcação do cemitério da Várzea, na Fonte do Soito.
20 de Novembro – Fez-se a demarcação do cemitério do Cadafaz, no Alqueve do Tarrastal.
21 de Novembro – Demarcou-se o cemitério do Colmeal, diante da porta principal da sua igreja.
20 de Dezembro – É nomeada a primeira Junta de Paróquia de Góis, com António da Cunha Figueiredo e Nápoles, José Francisco Beato, Francisco José Beato, José Joaquim de Paula, Manuel Joaquim de Paula, António Nogueira Soares e Dr. Francisco António da Veiga.
1836 É presidente da Câmara Municipal Dr. Martinho Caetano de Pontes, de Miranda de Corvo, que tem exercido as funções de juiz ordinário.
7 de Fevereiro – A Câmara Municipal informa que, tendo o concelho de Góis ficado sujeito ao julgado de Arganil, “no concelho não há advogados, expirantes ou magistratura, nem mesmo por provisão”.
26 de Fevereiro – Foi iniciado o primeiro Livro de Actas da Junta da Paróquia da Várzea de Góis, rubricado pelo seu primeiro presidente, José Bernardo Carneiro.
27 de Abril – A Câmara Municipal não aprova um pedido dos habitantes da Várzea Grande e Várzea Pequena, para um mercado mensal de gados e ovinos, já que pouco distam das vilas de Góis e de Serpins, onde funcionam mercados. Foi referido que, desde há muito tempo, os habitantes daquela freguesia manifestam querer desligarem-se do concelho; e que, tendo conseguido juiz de paz eleito, pela nova administração da justiça, julgam-se quase independentes da sede, fazendo condenações e dando-lhe a sua aplicação arbitrariamente, sem para isso ouvirem a Câmara Municipal.
29 de Maio – Por decreto desta data, foi feita nova reforma judicial, criando-se as comarcas judiciais. A de Arganil é uma das quatro em que se divide o distrito de Coimbra, abrangendo doze concelhos, entre os quais, o de Góis.
31 de Dezembro – É aprovado o Código Administrativo de Passos Manuel, o primeiro a regular o poder local. A Câmara Municipal passa a ser eleita anualmente pela população, podendo votar os que têm rendimento superior a 100.000 réis. Os vereadores elegem, entre si, o presidente. Por esse modo, em Góis foi eleito Dr. Martinho Caetano de Pontes, que tem desempenhado as funções de juiz na vila. O administrador do concelho, nomeado pelo governo, sai de uma lista de cinco nomes indicados pela Câmara Municipal, tendo sido escolhido Faustino Gomes Correria. O país passa a ser dividido em distritos, concelhos e freguesias. O concelho de Góis, com 1295 fogos, fica no distrito de Coimbra, integrado na comarca de Seia (o de Alvares, com 630 fogos, fica no de Leiria, comarca de Tomar). Na reorganização efectuada, foram extintos mais de quatro centenas de municípios, entre eles, o do concelho de Alvares.* A povoação de Chapinheira foi desanexada da freguesia de Pombeiro e incluída no concelho de Góis, enquanto o lugar de Bouças pas-sou do concelho de Góis para o de Fajão. _______ * Viria a ser reconstituído e extinto definitivamente em 1855.
1837 Dr. José Maria de Figueiredo e Veiga, natural de Casal Loureiro, é eleito Presidente da Câmara Municipal.
9 de Outubro – José Joaquim Barata Lopes de Carvalho, proprietário da Quinta da Costeira, recebe uma carta de um primo de João Brandão, fazendo chantagem e ameaçando um assalto à sua Quinta.* _______ * João Brandão, que nessa altura tinha 12 anos, dará a conhecer mais tarde, nos seus Apontamentos (destinados à sua defesa no tribunal), de um roubo feito na Várzea de Góis pelos seus familiares “…ao senhor da Costeira, além do seu dinheiro e trates, os seus cavalos”. Tratava-se do Grupo dos Brandões de Midões, constituído em 1834, e que ficou célebre pela sua actuação criminosa na região.
1838 Dr. José Maria de Figueiredo e Veiga, natural de Casal Loureiro, é eleito Presidente da Câmara Municipal.
17 de Julho – D. Pedro José Maria de Lencastre, último donatário de Góis, é elogiado, pelo governo e generais, pela sua fidelidade à política constitucional e bravura demonstrada nas batalhas que travou.
1839 Manuel Inácio, natural de Vale de Madeiros, Serpins, é eleito Presidente da Câmara Municipal.
1840 Manuel Joaquim de Paula é eleito Presidente da Câmara Municipal.
28 de Dezembro – Por decreto desta data, o vizinho concelho de Alvares fica incluído na comarca de Arganil.
1841 26 de Maio – Foi nesta data transportada para Coimbra uma criança da Casa da Roda. Supõe-se que, com o seu envio para a Casa congénere de Coimbra, termine a actividade desta instituição em Góis. Instalada na rua que foi designada, por esse facto, Rua da Roda, funcionou oficialmente no concelho, pelo menos, durante 57 anos.
1842 18 de Março – Aprovado um novo Código Administrativo, de Costa Cabral, de tendência centralizadora. O reino é agora dividido em distritos e estes em concelhos, sendo de novo eliminadas as freguesias. O concelho é gerido pelo Administrador do Concelho, com uma Câmara Municipal eleita bianualmente. Em Góis, a Câmara continua com cinco vereadores, por ter menos de 3000 fogos, sendo o presidente o mais votado. É criado o Conselho Municipal, composto de tantos vogais quantos os vereadores da Câmara. O concelho de Góis, pertencente ao distrito de Coimbra, tem actualmente 1431 fogos (o concelho vizinho de Alvares, também no mesmo distrito, 715 fogos).
26 de Outubro – Martinho Rebelo Rodrigues* pede à Câmara Municipal de Góis aforamento de uma parte do baldio na Serra do Pereiro, junto à capela de Santo António da Neve, para o seu negócio de gelo. _______ * Viria a fundar o célebre Café Martinho, em Lisboa.
1843 30 de Março – Deliberação da junta da paróquia de Góis sobre a reconstrução da igreja matriz, por “as suas paredes e telhados estão ameaçando próxima e eminente ruína”.
1845 José Joaquim de Paula é Presidente da Câmara Municipal.
1846 14 de Fevereiro – Morre em Góis Dr. Martinho Caetano de Pontes,* antigo presidente da Câmara Municipal, filho de Dr. João Caetano de Pontes, de Miranda do Corvo. Fora administrador do concelho e juiz ordinário na vila. _______ * Era proprietário do prédio que foi mais tarde denominado “Casa das Ferreirinhas”, no Largo do Pombal.
Junho – Lei concluindo a extinção dos forais.
8 de Junho – Estando extinta a Câmara Municipal, o Governo Civil nomeou uma comissão administrativa, até à sua regular instalação. Entre os que tomaram posse, foi eleito presidente, Manuel Inácio.
6 de Agosto – Francisco Barreto Botelho Chichorro de Vilas Boas toma de aforamento a marquês de Abrantes, D. Pedro José de Lencastre, par do reino, último donatário das terras de Góis, o antigo palácio que D. Luís da Silveira tinha construído junto ao rio Ceira. É composto de um casarão, de uma casa à beira do rio, o Lambique, e pela horta adjunta. Nesta mesma data, é igualmente acordado entre os mesmos intervenientes, o aforamento do terreno denominado Oitava, uma propriedade de mato e pastagens.
6 de Outubro – Tomaram posse os vereadores para o biénio 1847-1948. Feita a votação para a presidência, registaram o mesmo número de votos, João Barata de Figueiredo e Nápoles e Dr. Francisco António Veiga, sendo este o eleito, por ser o mais velho.
1847 24 de Maio – Reuniram-se em Góis alguns regimentos do centro, subordinados à Junta do Porto, em oposição ao governo, na guerra civil que se seguiu à rebelião da Maria da Fonte. Sem capacidade para se oporem às tropas do governo, fariam a sua marcha para o norte, por terras da Beira Alta, numa fuga atribulada, tendo havido fuzilamentos de milicianos apanhados pelas tropas governamentais. Entre eles, estava o batalhão de Góis, sediado na Quinta da Capela, sob o comando de Francisco Barreto Chichorro de Vilas Boas, antigo capitão-mor de Góis, que tem actuado ao lado dos “patuleias”. Este batalhão tinha sido também praticamente destroçado após a revolta de Torres Vedras, em 1844, um movimento contra o Cabralismo.
2 de Setembro – Morre D. Pedro José Maria da Piedade de Lencastre Silveira Castelo Branco Vasconcelos Almeida Sá e Meneses, V Marquês de Abrantes, XII Conde de Penaguião. Foi o último donatário das terras de Góis, no período decorrido entre a morte de seu pai, em 1827, e o ano 1832, quando as leis do liberalismo puseram termo aos senhorios. Era casado com Luísa Henriqueta Feo Santos Pereira de Gusmão, não tendo deixado descendência. Não herdou o título de Conde de Vila Nova de Portimão.* _______ * Actualmente é representante do título, D. José Maria da Piedade de Lancastre e Távora, XII conde.
1848 26 de Março – Morreu no Fundão António das Neves Carneiro, com 74 anos de idade. Natural de Góis, foi médico modelar, com exercício da profissão em Idanha-a-Nova, até 1808, Covilhã e Fundão. Teve uma vida política muito activa e atribulada durante as lutas liberais, sofrendo perseguições e estando preso durante alguns anos.
19 de Setembro – São reformulados os estatutos da Santa Casa da Misericórdia de Góis.
21 de Setembro – Por decreto desta data, foi anexado à Misericórdia de Góis a administração da capela de S. Sebastião, em S. Paulo, também denominada capela do Mártir.
1849 Manuel Joaquim de Paula é Presidente da Câmara Municipal.
1850 João Barata de Figueiredo da Cunha e Nápoles,* natural de Casal de Loureiro, foi eleito presidente da Câmara Municipal, para os próximos dois anos. Por matrimónio, está ligado à Casa da Lavra. _______ * Supõe-se que tenha construído (ou reconstruído) o solar da Lavra de Baixo, em seguimento à divisão do morgadio da Lavra de Cima.
Encerrou oficialmente a Roda dos Ex-postos, que já não registava movimento nos últimos anos.
1851 Dr. José Ferraz Tavares de Pontes é o actual administrador do concelho de Góis.
Agosto – Arrematado o transporte do correio de Góis em direcção a Coimbra. Será duas vezes por semana, saindo de Góis aos domingos e quintas-feiras pelas oito horas da manhã, e chegando às segundas-feiras e sextas-feiras às cinco da tarde.
1852 Janeiro – André Barreto Chichorro de Vilas Boas, da Quinta do Baião, Góis, é eleito Presidente da Câmara Municipal, para os próximos dois anos. Manuel Inácio é vice-presidente.
António das Neves Cunha, nomeado professor no passado mês de Janeiro, requer à Câmara Municipal a cedência de uma sala para ensino a alunos do sexo feminino. Foi deliberado pôr à disposição o sótão do edifício da Câmara.
1853 12 de Agosto – A Junta da Freguesia do Colmeal, presidida pelo padre José Gaspar Caldeira, em reunião na sacristia da Igreja de São Sebastião, decidiu proceder à construção de um cemitério, prevendo-se, no orçamento suplementar, uma verba para esse fim. Os defuntos de todas as aldeias são, em geral, sepultados no interior da igreja.
27 de Novembro – A Junta da Freguesia do Colmeal, reunida na sacristia da Igreja de São Sebastião, deliberou construir uma capela lateral, com uma larga comunicação, aumentando deste modo o espaço disponível para os fiéis. A sessão foi presidida pelo padre José Gaspar Caldeira, encontrando-se presente o regedor, Marcelino Antunes de Almeida. O orçamento previsto é de 210.400 réis. A igreja matriz fora edificada englobando no interior a primitiva capela de São Sebastião, adoptando-se então o nome deste santo, que passaria a ser o orago da freguesia. Agora foi considerado que era já muito pequena para a população actual.
1854 Editado o Mapa do Distrito de Coimbra, por António Luís de Sousa Henrique Secco. O concelho de Góis confina a N com os de Arganil e Fajão; a E com o da Pampilhosa; a S com os de Alvares e Pedrógão Grande (este do distrito de Leiria); a SO e O com o da Lousã; e a NO com o de Poiares. Tem cerca de 1566 fogos, repartidos por 136 po-voações, casais e quintas. “Os habitantes entregam-se geralmente à indústria agrícola, que ali floresce particularmente nas planas campinas junto da vila; alguns porém exercem o comércio e outros a indústria no fabrico de papel e nas diversas serralharias. A fábrica de papel ocupa regularmente entre 90 e 100 homens, mulheres e menores.”
É declarada extinta a colegiada da igreja matriz de Góis, que tem estado activa desde a sua fundação, em 1377. Um decreto, de 16 de Junho de 1848, tinha já declarado extintas no país estas instituições.
Janeiro – Alberto Joaquim Carneiro, residente na Várzea Grande, é eleito Presidente da Câmara Municipal, para os próximos dois anos.
1855 Foram concluídas as obras de reconstrução da igreja matriz do Cadafaz. Anteriormente, tratava-se de um pequeno e arruinado edifício.
24 de Outubro – Por lei desta data, é extinto o concelho de Alvares. Tinha já desaparecido em 1836, noutra remodelação administrativa, e reaparecido no ano seguinte. Era constituído por duas freguesias, a de Alvares, integrada agora no concelho de Góis, e a de Portela do Fojo, que fica no concelho de Pampilhosa da Serra.
29 de Novembro – Reúne-se, pela última vez, a Câmara Municipal de Alvares, presidida por Joaquim Baeta de Almeida, estando presentes os vereadores Manuel Lopes Cortez, João Gaspar das Neves Pinto e Manuel das Neves Gusmão. Lido um ofício do Governo Civil, comunicando a extinção do concelho e ordenando que todos os livros e documentos pertencentes ao seu arquivo devam ser entregues, por inventário, à Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra.
1856 6 de Janeiro – Procedeu-se à formação da lista dos 40 maiores contribuintes do concelho que vão eleger a comissão recenseadora.
20 de Janeiro – Por terem sido anuladas as eleições dos dias nove e dez de Dezembro, devida à inclusão da freguesia de Alvares no concelho de Góis, foram marcadas para hoje novas eleições. Há duas assembleias eleitorais, uma na capela da Misericórdia, que hoje serve de matriz, outra na igreja matriz da freguesia de São Mateus de Alvares.
Março – André Barreto Chichorro de Vilas Boas é eleito Presidente da Câmara Municipal, para o próximo biénio. Já o tinha sido em 1852, mas agora é o primeiro presidente eleito depois de o concelho ser constituído por cinco freguesias.
1857 Foi construída uma nova fonte no Largo do Pombal, com a contribuição de 650$000 de Manuel Lourenço Baeta Neves, residente no Brasil. Antigamente havia neste local outra fonte, “em forma de pavilhão, formoso e elegante”, já desaparecida.
1858 (?) Foi construída a ponte na povoação de Alvares, sobre o rio Sinhel, unindo Cacilhas ao Soito.
1858 3 de Janeiro – Dr. Francisco António da Veiga Figueiredo Perdigão é eleito Presidente da Câmara Municipal, para os dois anos seguintes. António Maria Barata Lopes de Carvalho, da Quinta da Costeira, Várzea Grande, é o vice-presidente.
11 de Novembro – Fez-se sentir em Góis um grande tremor de terra.
1860 A Junta da Paróquia de Góis dá por aceite a obra de reedificação da igreja matriz de Góis, que incluiu a construção de uma nova nave, de maiores dimensões, restauros das capelas laterais, sacristia, casa dos ossos e torre sineira.
Dr. Augusto Filipe Simões é nomeado médico em Góis.
2 de Janeiro – João Simões Cortez, das Cortes, é eleito Presidente da Câmara Municipal de Góis, para os próximos dois anos. Tinha sido provedor do antigo concelho de Alvares em 1835 e administrador do concelho de Góis em 1841. É vice-presidente António Rebelo da Costa Arnault.
20 de Dezembro – Morreu, na Quinta da Lavra, com 38 anos, João Barata de Figueiredo da Cunha e Nápoles, natural de Góis. Foi Presidente da Câmara Municipal e fez parte de várias vereações.
1861 6 de Março – A Junta da Paróquia de Cadafaz deliberou construir um lagar de moer azeitona no sítio da Cazola, limite da Candosa, para a Confraria do Santíssimo Sacramento.
1862 José Fernandes Antunes de Carvalho, natural de Soito, Serpins, é eleito Presidente da Câmara Municipal, para os próximos dois anos.
2 de Outubro – Toma posse, como médico, Dr. António José Inácio de Gouveia.
1863 19 de Maio – Abolição definitiva dos morgadios no reino.
Foi construída a ponte sobre o Regato, em Góis, a seguir à capela de Santo António. É intenção da autarquia melhorar o local a seguir ao Regato (Cerejal), onde se tem realizado a feira.
Actualmente, as duas confrarias da freguesia da Várzea de Góis, a de Nossa Senhora do Rosário e a de Santíssimo Sacramento, têm como juízes, respectivamente, José dos Santos Carneiro e António Garcia dos Santos. As confrarias da vila de Góis, a das Almas e a do Santíssimo Sacramento, têm, como juízes, respectivamente, Dr. José Maria de Figueiredo e Veiga e Manuel Inácio Dias.
1864 João Simões Cortez, de Cortes, preside a Câmara Municipal, pela segunda vez.
É realizado o primeiro censo do reino a nível oficial. O concelho de Góis tem 10.305 habitantes: Alvares - 3136, Cadafaz - 1099, Colmeal - 1259, Góis - 3553, Vila Nova do Ceira - 1258 (para comparação: Arganil - 18806, Pampilhosa da Serra - 9359, Lousã - 9635).
20 de Julho – Foi hoje feito o primeiro enterro no cemitério do Colmeal, recentemente construído. Era usual enterrarem-se os defuntos das aldeias da freguesia no interior da igreja matriz ou no adro.
Construído o cemitério de Vila Nova do Ceira, situado na Fonte do Soito (à Várzea Grande).
1866 Dr. Augusto César Cortez, natural de Cortes, Alvares, é eleito Presidente da Câmara Municipal, para os próximos dois anos.
A Câmara Municipal deliberou construir uma escola, no Cimo da Vila, com o subsídio deixado em testamento pelo conde Ferreira, devendo ser concluída em doze meses. Joaquim Ferreira dos Santos, que deixou verba para a construção de 120 edifícios escolares no país, determinou que todas fossem de acordo com uma planta que mandou elaborar, devidamente apetrechadas para 48 alunos, pelo menos, e com vivenda para o seu professor.
1867 É aprovado um novo código administrativo. Estipula que os concelhos devam ter 3000 fogos, como mínimo, o que leva à supressão de 104 concelhos, incluindo o de Góis, que tem 2885 fogos (já com inclusão da nova freguesia de Alvares). A Câmara Municipal bate-se tenazmente pela sua conservação.
2 de Novembro – A Câmara Municipal pede a criação de uma comarca com sede em Góis. Alega que se trata de uma das mais notáveis vilas do distrito, bem situada na região, a mais comercial do alto distrito, com três grandes feiras anuais, além das semanais e mensal, fértil das principais produções agrícolas, nomeadamente milho, azeite e castanha, grandes casas agrícolas, boas residências disponíveis, três farmácias, advogados e médico, duas escolas para os dois sexos, um correio diário, uma fábrica de papel, e suficiente pessoal qualificado para ocupação dos necessários cargos públicos. Assinam o documento muitas dezenas das personalidades locais.
1868 1 de Janeiro – A revolta “Janeirinha”, que provocaria mudança política no governo, vai originar um decreto anulando o recente código administrativo e repondo o de 1842.
José Fernandes Antunes de Carvalho é eleito Presidente da Câmara Municipal, para os próximos dois anos.
Setembro – Dr. António Augusto de Campos Paredes tem estado a exercer medicina em Góis. Com ele, esteve aqui permanecendo uns dias o seu amigo Bulhão Pato, conhecido poeta, que dedicou um poema, “A Morta”, a uma menina goiense e a cuja morte assistiu.* _______ * Publicado em "Flores Agrestes", 1870, pp. 157 e seguintes.
1869 Reconstruida a capela da Misericórdia de Góis, que se encontrava arruinada. Foi ali colocado o relógio que fora mandado construir para substituir o da Torre, no quintal do antigo Hospital.
21 de Junho – D. Luís concede o título de barão de Loredo a Manuel Lourenço Baeta Neves, natural de Corterredor, freguesia de Cadafaz, residente no Brasil. Anteriormente, o próprio tinha manifestado o desejo de ser barão de Góis.
9 de Agosto – Morre em Lisboa, com 54 anos de idade, Francisco Barreto Botelho Chichorro de Vilas Boas, natural de Góis. Foi fidalgo cavaleiro da Casa real, tendo sido capitão-mor da vila de Góis. O seu batalhão de voluntários miguelistas, com sede na Quinta da Capela, participou em várias lutas durante a guerra civil.
1870 Dr. Herculano Pinto é eleito Presidente da Câmara Municipal, para os próximos dois anos.
1871 14 de Janeiro – Foi mandado demolir a Torre do Relógio, nos terrenos anexos ao antigo Hospital. Está situada num espaço público (com serventia por uma quelha para a Praça do Pombal), que vai ser vendido. A torre está bastante danificada e o relógio já sem concerto.
11 de Junho – Morre em Góis, com 51 anos de idade, André Barreto Chichorro Perdigão de Vilas Boas. Natural de Góis, com residência na Quinta do Baião. Foi Presidente da Câmara Municipal. Entre ele e o seu irmão Francisco Barreto Chichorro, foi feita a divisão das actuais Quinta do Baião e Quinta da Capela, que então formavam um todo, repartindo-as entre si.
1872 Joaquim Rebelo da Costa Arnaut, natural de Chã de Alvares, é eleito Presidente da Câmara Municipal, para os próximos dois anos. Já tinha sido vereador nos anos 60.
Encontra-se praticamente concluído o parque do Cerejal, cujas obras tiveram início após a construção da ponte sobre o Regato. Houve trabalhos de nivelamento e arruamento, colocaram-se bancos e murou-se o terreno, com portões de ferro. As árvores, vindas do Buçaco, foram plantadas em 1865.
1873 Iniciaram-se os trabalhos de abertura da estrada de Góis em direcção à Várzea Grande.
1874 2 de Janeiro – José Fernandes Antunes de Carvalho é eleito Presidente da Câmara Municipal, para o próximo biénio. Manuel Inácio Dias é vice-presidente.
(?) Manuel Inácio Dias adquire a fábrica de papel de Ponte do Sotam. Produz papel de embrulho, de cores, de impressão, almaço, manteigueiro e para tabaco.
1876 Tem estado em construção, pelo Estado, a estrada de Góis em direcção a Ponte de Sotam. No concelho de Góis, foram expropriados os terrenos necessários às obras, nomeadamente, algumas casas no Bairro de Cacilhas, após a ponte real, que foram demolidas. A antiga capela de São Paulo também foi arrasada.
2 de Janeiro – José Fernandes Antunes de Carvalho é reeleito Presidente da Câmara Municipal, para o próximo biénio. Manuel Nogueira Ramos é vice-presidente.
26 de Fevereiro – A população da freguesia de Cadafaz passou uma procuração a José Francisco Ribeiro Martins, da Sandinha, dando-lhe poderes para adquirir os lagares da Cabreira e da Candosa. Estes lagares tinham sido anteriormente vendidos em hasta pública e agora a população voltou a quotizar-se para resgatar a propriedade.
4 de Maio – A Junta da Paróquia do Colmeal delibera proceder à reconstrução, desde os alicerces, da capela de São Sebastião, que se encontra em completa ruína.
26 de Maio – Por despacho desta data, foram nomeados juízes ordinários dos julgado de Góis e de Alvares, respectivamente, Dr. José Maria de Figueiredo e Veiga e José das Neves Diniz.
1877 A estrada de Góis para a Várzea, feita pela Câmara Municipal até ao Carvão, foi classificada de distrital. O seu prolongamento vai ser feito agora pelo Estado.
25 de Agosto – Morreu Ana Vitória de Figueiredo e Queiroz, benemérita da freguesia da Várzea. Era viúva de José Joaquim Lopes de Carvalho, tenente-coronel de Milícias, filho do Luís António Barata Lopes de Carvalho, o primeiro morgado da Quinta da Costeira.
1878 A população do concelho é de 11.245 residentes, de acordo com o censo realizado este ano.
2 de Janeiro – António Maria Barata Lopes de Carvalho, natural da Várzea de Góis, é eleito Presidente da Câmara Municipal. António da Cunha e Frias é vice-presidente.
6 de Maio – É aprovado um novo código administrativo, de Rodrigues Sampaio. A tutela do estado é mínima e a Câmara Municipal é dotada de maiores atribuições.
14 de Outubro – Morre António Maria Barata Lopes de Carvalho, com 57 anos de idade, actual Presidente da Câmara Municipal. Nasceu na Quinta da Costeira, Várzea de Góis.
2 de Novembro – A Câmara Municipal manifesta novamente ao governo a justiça da criação de uma nova comarca com sede na vila de Góis, agrupando as suas cinco freguesias com outras de concelhos vizinhos, dentro da reestruturação a que o governo está a proceder. É referida a importância social, comercial e industrial que tem a vila de Góis no distrito de Coimbra.
1879 Tem estado em estudo a passagem da estrada distrital nº 57 pela vila, que liga Miranda do Corvo a Santa Comba Dão, com dois traçados previstos: um deles, seguindo a estrada antiga junto ao rio Ceira, logo depois da ponte real; outro, atravessando a vila, pela rua da Ponte, Praça e quelha dos Linhares, obrigando neste último caso, à demolição de algumas casas, entre elas, a dos Paços do Concelho e Cadeia Pública. A Câmara Municipal, tendo optado pela segunda hipótese, enviou hoje uma exposição ao governo, evidenciando o facto de esta obra vir aliviar a vila, outrora florescente pelo seu valor económico, mas que ultimamente viu agravar-se as suas condições devido à nova reforma judiciária.
15 de Janeiro – António da Cunha e Frias é eleito Presidente da Câmara Municipal.
Junho – Foram iniciadas as obras de construção da igreja matriz da Várzea de Góis. Vai ser edificada uma nova de raiz, no local da anterior, que foi demolida, com excepção da torre.
13 de Agosto – Em resposta a um inquérito feito pelo governo para a reestruturação administrativa do país, a Câmara Municipal sugere uma nova divisão territorial da região, no que se refere a comarcas e distritos de juízos de paz, atendendo às distâncias geográficas e às relações económicas existentes.
1880 12 de Janeiro – Dr. Francisco António da Veiga Júnior é eleito Presidente da Câmara Municipal. Luís António Barata Lopes de Carvalho é vice-presidente.
1881 2 de Janeiro – Dr. José Nogueira Ramos eleito Presidente da Câmara Municipal.
1882 2 de Janeiro – José Fernandes Antunes de Carvalho Júnior é eleito Presidente da Câmara Municipal.
23 de Setembro – Morre em Góis, José Fernandes Antunes de Carvalho, com 70 anos de idade. Natural de Serpins, era proprietário e negociante em Góis. Foi Presidente da Câmara Municipal.
1883 2 de Janeiro – Francisco José Beato Júnior é eleito Presidente da Câmara Municipal. Luís Francisco Alves Neves é vice-presidente.
1884 Fortaleceu-se o Partido Regenerador em Góis, com a filiação de figuras importantes da sociedade local.
Morre no Brasil Manuel Lourenço Baeta Neves, com 70 anos de idade, natural de Corterredor, freguesia de Cadafaz. Benemérito, deixou o seu nome ligado a vários melhoramentos, como a ponte da Cabreira, o órgão da igreja do Cadafaz, o chafariz do Largo de Pombal, o restauro da igreja matriz de Góis e a construção de uma escola. Foi-lhe concedido, em 1869, o título de Barão de Loredo.
2 de Janeiro – Manuel Nogueira Ramos eleito Presidente da Câmara Municipal.
1 de Fevereiro – Morreu em Évora Dr. Augusto Filipe Simões, médico municipal em Góis até 1862, ano em que foi nomeado para Évora, onde foi professor catedrático. Casou em Góis com Filomena Augusta de Sousa Lemos e Nápoles, da Casa da Lavra.
1885 Segundo dados oficiais fornecidos pelo Administrador do Concelho e pela Câmara Municipal, Góis tem 10.778 residentes e 2798 fogos. Na vila realizam-se feiras semanais todos os domingos, uma mensal no primeiro domingo de cada mês e outra a 30 de Novembro.
Iniciou-se a estrada do Bairro da Boavista para Carcavelos.
2 de Janeiro – Manuel Nogueira Ramos é reeleito Presidente da Câmara Municipal.
Fevereiro – Deliberada a construção do novo cemitério do Cadafaz, diante das Almas de Caridade, preterindo-se ao local junto ao Largo de Santo António, cujas obras já tinham sido iniciadas.
21 de Março – Dr. José Afonso Baeta Neves toma posse do lugar de médico municipal, no novo partido criado em Góis.
10 de Abril – Morreu Dr. José Maria de Figueiredo e Veiga, natural do Casal do Loureiro. Foi presidente da Câmara Municipal, administrador do concelho e provedor da Casa da Misericórdia de Góis.
25 de Dezembro – Foi inaugurada a nova igreja matriz da Várzea de Góis, no mesmo local da anterior, após conclusão de obras iniciadas em 1879. Um dos principais dinamizadores foi o padre António Maria de Melo e Nápoles, da Casa da Lavra, de Góis, que paroquiou a freguesia.
1886 2 de Janeiro – Manuel Nogueira Ramos é reeleito Presidente da Câmara Municipal, para um terceiro mandato consecutivo.
17 de Julho – Aprovado um novo código administrativo, de Luciano de Castro. Os concelhos são divididos em três ordens, segundo a população. Por ter menos de 15.000 habitantes, Góis ficou classificado como de 3ª ordem. A vereação passa a ser eleita trienalmente, com o presidente escolhido em cada ano pelos vereadores (em Góis, em número de cinco).
1887 São aprovados os estatutos da Sociedade Filarmónica Goiense, em assembleia de antigos filarmónicos, na sua casa de ensaio. Presidiu o mais antigo filarmónico presente, Francisco da Silva Nogueira. Assinou como testemunha Francisco Inácio Dias Nogueira, em presença do tabelião António da Cunha e Frias.
2 de Janeiro – Joaquim Marques Monteiro Bastos, afecto ao Partido Progressista, é eleito Presidente da Câmara Municipal. Ernesto Augusto dos Santos Carneiro é vice-presidente.
18 de Janeiro – Houve um grande incêndio no edifício da Câmara Municipal, ao cimo da Rua da Ponte, ardendo parte dele, mobiliário e arquivo. Ocorreu de madrugada, não ficando esclarecida a sua causa, ainda que se suponha ter origem numa braseira deixada acesa.
1888 Foi concessionado à Companhia de Ferro do Mondego a linha entre Coimbra e Arganil, numa extensão de 62 km, passando por Ceira, Miranda do Corvo, Serpins, Várzea e Góis.
2 de Janeiro – Joaquim Marques Monteiro Bastos é reeleito Presidente da Câmara Municipal. Augusto César Cortez é vice-presidente.
11 de Maio – Joaquim Marques Monteiro Bastos foi agraciado, por D. Carlos, com a comenda da Ordem Nosso Senhor Jesus Cristo, pela actuação benemérita que teve ao longo da sua vida.
10 de Setembro – Depois do incêndio na Câmara Municipal, os serviços administrativos foram transferidos, para uma casa no Terreirinho. A partir desta data, passam para outra casa no Terreiro do Paço.
1889 Iniciaram-se as obras da estrada de Vale do Ceira, com intenção de ligar Góis ao Colmeal, tendo-se construído algumas centenas de metros, a partir da Lavra de Cima.
Janeiro – Parte do edifício da Câmara, que há dois anos sofreu um incêndio, foi hoje vendido para a construção da nova rua da ponte. O resto do terreno, com demolição das paredes, foi incluído na Praça.
14 de Janeiro – Dr. António Martins Pinto e Cunha, é eleito Presidente da Câmara Municipal. É natural de São Martinho da Cortiça, ligado a Góis por casamento.
31 de Outubro – Por decreto de D. Carlos, António da Cunha e Frias, ex-presidente da Câmara Municipal, é nomeado para o ofício de escrivão do juízo de paz do distrito de Góis, comarca de Arganil.
1890 A população do concelho é de 10.895 residentes, segundo o censo realizado.
Por razões políticas, dá-se uma cisão na Filarmónica Goiense, originando duas bandas, cada uma conectada com um partido político: a Progressista, regida por Joaquim Ferreira, que aproveita a sala de ensaios sobre a sacristia nova, e ficaria alcunhada por “Chata”; e a Regeneradora, tendo como director Francisco Inácio Dias Nogueira, e regida pelo seu músico César Dias das Neves, que passou a reunir-se na Casa da Quinta e tomou a alcunha de “Cachimbana”.
2 de Janeiro – José Fernandes Antunes de Carvalho Júnior é eleito Presidente da Câmara Municipal. Augusto César Cortez continua como vice-presidente.
Janeiro – A Câmara Municipal arrendou a casa da Praça, para onde se mudou. Depois do incêndio no antigo edifício, do lado poente, os serviços municipais estiveram a funcionar, sucessivamente, no Terreirinho, no Terreiro do Paço, na Casa da Lavra de Cima e, ultimamente, ao cimo da rua da ponte, nos dois primeiros andares do edifício.
13 de Julho – Depois de convocados os quarenta maiores contribuintes do imposto predial, para emitirem parecer sobre o orçamento suplementar para o corrente ano, e tendo já sido exposto ao público durante oito dias, conforme determina a lei, a Câmara Municipal aprovou hoje o referido orçamento.
1891 4 de Janeiro – José Fernandes Antunes de Carvalho Júnior é reeleito Presidente da Câmara Municipal.
2 de Março – A Câmara Municipal deliberou criar uma Biblioteca Popular, ficando instalada numa sala da escola de ensino elementar e complementar Conde Ferreira. É presidente da Junta de Freguesia, Dr. José Afonso Baeta Neves, que foi um dos principais dinamizadores desta biblioteca.
15 de Setembro – Morre em Góis, com 77 anos de idade, Dr. José Nogueira Ramos, antigo presidente da Câmara Municipal.
Outubro – Morre em Góis o padre José Maria de Melo e Nápoles, da Casa da Lavra, que desde 1878 vinha paroquiando a freguesia da Várzea de Góis.
1892 11 de Janeiro – José Fernandes Antunes de Carvalho Júnior é reeleito Presidente da Câmara Municipal, para um terceiro mandato.
20 de Janeiro – Morreu com 34 anos, ao serviço da Pátria, com “um comportamento heróico”, na batalha de Inhachirondo, Moçambique, o alferes Augusto de Almeida Freire, natural do Soito, Colmeal. Oficial distinto, era filho de Marcelino Antunes de Almeida e Iria da Conceição, residentes no Soito.
19 de Setembro – A Câmara Municipal deliberou mudar o nome da rua da Igreja para rua António Francisco Barata, em homenagem às qualidades literárias e humanas deste goiense, que nasceu numa casa daquela rua, em 1 de Janeiro de 1836, e que actualmente está exercendo a sua actividade profissional em Évora.
17 de Dezembro – Foi deliberado denominar a rua da Ponte por Rua do Conselheiro Dias Ferreira. Quis-se prestar homenagem ao actual Presidente de Conselho de Ministros, pela sua interferência na aprovação da passagem da estrada distrital no 57 pelo centro da vila, de que resultaram grandes benefícios. Anteriormente, a rua era tortuosa, apertada e insalubre pela sua demasiada humidade, tendo esta obra obrigado à demolição da antiga casa da Câmara Municipal, situada à entrada da Praça.
1893 2 de Janeiro – Joaquim Marques Monteiro Bastos, progressista, é eleito Presidente da Câmara Municipal. José Francisco Mendes, regenerador, é vice-presidente. As eleições foram muito disputadas, pois as forças políticas dos dois partidos quase que se equilibram. Manuel Nogueira Ramos, regenerador, é o administrador do concelho.
1894 3 de Janeiro – Joaquim Marques Monteiro Bastos é reeleito Presidente da Câmara Municipal.
1895 Aprovado um novo código administrativo, em parte motivado pela grave crise financeira que o país atravessa. A administração dos concelhos de 3ª ordem, como é o de Góis, com limitado número de atribuições, é simples e económica. O presidente deve exercer também o papel de administrador do concelho. As Câmaras são eleitas por três anos, sendo o presidente e o vice-presidente eleitos pelos vogais.
5 de Janeiro – Joaquim Marques Monteiro Bastos é reeleito Presidente da Câmara Municipal, para o seu terceiro mandato.
2 de Março – Deu-se a arrematação, em Coimbra, pela quantia de 472.100 réis, de dois lagares de azeite da freguesia de Cadafaz, um localizado no sítio da Cazola, limite de Candosa, outro na Ponte da Cabreira, conjuntamente com um moinho de farinha.
1896 Reuniram-se na Casa da Câmara os 40 maiores contribuintes do imposto predial do concelho, conforme previsto na lei, para eleição da comissão recenseadora. Desta comissão dependem quase todos os actos referentes ao acto eleitoral. Mais uma vez, as eleições foram muito animadas, sempre disputadas entre progressistas (os “Chatos”) e regeneradores (os “Cachimbanas”).
7 de Janeiro – Francisco Inácio Dias Nogueira é eleito Presidente da Câmara Municipal.
23 de Abril – A Câmara Municipal deliberou denominar o Largo de Pombal, em Góis, por “Conselheiro Neves e Sousa”, actual Governador Civil de Coimbra, pelos serviços prestados ao concelho. O conselheiro foi uma pessoa ilustre na região centro, com carreira na magistratura e na política, tendo sido reitor da Uni-versidade.
Aprovado um novo Código Administrativo, de João Franco, suprimindo a divisão dos concelhos de 3a ordem.
1897 Notícia Histórica e Topográfica da Vila de Goes e seu termo, uma publicação de Dr. José Afonso Baeta Neves.
7 de Janeiro – Francisco Inácio Dias Nogueira é reeleito Presidente da Câmara Municipal.
22 de Dezembro – Tomada de posse de uma comissão municipal, presidida por Dr. Augusto César Cortez, para a gerência do município. Após uma sindicância à Câmara Municipal, o governo decretara a sua dissolução e nomeara uma comissão até nova eleição.
Foi concluída este ano a construção do cemitério de Cadafaz.
1898 8 de Março – Tomada de posse da nova Câmara Municipal, presidida por Manuel Nogueira Ramos, para gerir o concelho até ao fim do corrente triénio, 1896-1898.
15 de Agosto – Inauguração da nova capela de Nossa Senhora da Candosa, sendo seu pároco Francisco Ferreira de Carvalho. Foi principal benfeitora, Ana Vitória Barata de Figueiredo e Queiroz, da Casa da Costeira. Ali terá existido outra capela, muito antiga, provável indício de existência de uma remota povoação ou fortaleza.
1899 2 de Janeiro – Manuel Nogueira Ramos é reeleito Presidente da Câmara Municipal.
1900 O censo nacional deste ano indica que a população residente no concelho é de 11.891 pessoas. Por freguesias: Alvares - 4214, Cadafaz - 1109, Colmeal - 1541, Góis - 3530 e Várzea de Góis - 1497.
18 de Janeiro – Manuel Nogueira Ramos é novamente reeleito Presidente da Câmara Municipal. Padre Francisco Pereira Pinto continua a ser vice-presidente.
25 de Outubro – Morre José dos Santos Carneiro, com 69 anos, natural da Várzea de Góis. Para além dos cargos que ocupou (professor e presidente da junta da paróquia, depois de ter sido seu secretário durante 17 anos), foi impulsionador de várias actividades, como a instalação de uma moenda para cereais com padaria anexa e de uma fábrica de tecidos e fiação. Teve também acção importante na construção da nova igreja.
1901 12 de Janeiro – São reeleitos Manuel Nogueira Ramos, como Presidente da Câmara Municipal, e padre Francisco Pereira Pinto, como vice- -presidente.
26 de Junho – Faleceu Manuel Inácio Dias, conhecido comerciante em Góis, pai do ex-presidente da Câmara Municipal Francisco Inácio Dias Nogueira.
1902 2 de Janeiro – Dr. Diogo Barata Cortez, natural da Várzea Grande, é eleito Presidente da Câmara Municipal e Francisco Inácio Dias Nogueira vice-presidente.
6 de Abril – Foi constituída a Filarmónica Varzeense da Várzea de Góis, com 14 sócios fundadores e um capital de 13.000 réis. A escritura foi feita pelo notário Dr. Eduardo da Cunha Frias, em casa de Carlos Maria Cortez, da Quinta da Costeira, principal impulsionador desta associação. Continha regras claras de disciplina, como a obrigatoriedade da presença aos ensaios e aplicação de multas. Dr. Artur Augusto Cortez, seu irmão, foi nomeado o primeiro presidente.
Francisco Pereira Pinto ocupa o lugar de padre da freguesia de Góis, por concurso documental, com o correspondente alvará de 31 de Março deste ano, passado pelo rei D. Carlos.
28 de Dezembro – Em reunião realizada em Bordeiro, com a presença de 35 pessoas, foram aprovados os estatutos da “Irmandade de S. Salvador do Mundo de Bordeiro”, uma instituição dinamizada por Dr. António Martins dos Santos Correia, juiz em Lisboa e proprietário local. Na assembleia foi eleito, para presidente, Francisco Pereira Pinto, recente pároco da freguesia de Góis.
1903 10 de Janeiro – São reeleitos os actuais presidente e vice-presidente da Câmara Municipal, respectivamente, Dr. Diogo Barata Cortez e Francisco Inácio Dias Nogueira.
Fevereiro – Morre Dr. José Ramos Nogueira, com 65 anos de idade, natural da Quinta do Salgueiral, em Góis. Exerceu a sua actividade na magistratura em várias comarcas do país, terminando juiz da Relação no Porto e em Lisboa. Foi Governador Civil do distrito de Vila Real.
6 de Junho – Morre na Várzea de Góis, com 71 anos de idade, Dr. Augusto César Cortez, antigo Presidente da Câmara Municipal. Natural das Cortes, Alvares, fixou residência na Várzea. Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, foi administrador dos concelhos de Góis e Ansião e vereador em Góis nas décadas 80 e 90. Deixa viúva Maria do Espírito Santo Barata de Figueiredo e Queiroz, da Casa da Costeira.
1904 19 de Janeiro – Morre em Góis, donde era natural, Dr. Francisco António da Veiga Júnior, com 51 anos de idade, ex-Presidente da Câmara Municipal. Emigrou para a Índia onde exerceu a magistratura. Foi juiz, advogado e administrador do concelho.
23 de Janeiro – São reeleitos os actuais presidente e vice-presidente da Câmara Municipal.
13 de Maio – Morre o conselheiro Augusto Neves dos Santos Carneiro, natural da Várzea de Góis, licenciado em teologia, que se destacou nas actividades literária e política. Na sua terra foi o promotor da estação telégrafo-postal e da estrada para a ermida da Candosa.
25 de Dezembro – A junta de paróquia da Várzea de Góis, presidida pelo padre Francisco Ferreira de Carvalho Lucas, enviou directamente uma mensagem ao rei, solicitando a sua interferência na conclusão da estrada da Várzea para Serpins e da respectiva ponte. A sua construção, já iniciada, há muito que foi interrompida.
Os defuntos da freguesia de Alvares passam a ser sepultados no cemitério da povoação de Alvares, acabado de ser construído. Manuel Barata Lima foi o seu principal promotor.
1905 Francisco Inácio Dias Nogueira passa a ser o principal financiador do jornal “A Comarca de Arganil”, sendo nomeado seu director. A linha editorial deixa de ser “apolítica”, passando o jornal a definir-se como “semanário regenerador”.
2 de Janeiro – É eleito presidente da Câmara Municipal, Francisco Inácio Dias Nogueira. Já tinha sido presidente na década anterior. Para a vice-presidência foi eleito padre Francisco Pereira Pinto. Restantes vereadores: barão de Vila Garcia, Joaquim Paulo da Silva Poiares e padre José Maria de Almeida Neves.
Abril – Tem prosseguido a “guerra dos carvoeiros”, uma questão que tem originado distúrbios e alguns prejuízos na população. Mais uma vez, a junta da paróquia do Cadafaz manifestou o seu protesto contra indivíduos estranhos à freguesia, que ali vão fazer carvão em terrenos cuja fruição pertence exclusivamente aos seus habitantes.
23 de Julho – Morre Francisco José Beato Júnior, com 61 anos de idade, ex-presidente da Câmara Municipal. Era natural de Góis, onde residia e exerceu a actividade de boticário.
1906 12 de Janeiro – É constituída a Companhia de Papel de Góis, por trespasse da firma Nogueira Dias & Cª. São directores Francisco Inácio Dias Nogueira (presidente), Alfredo Élio Nogueira Dias e Dr. Aníbal Dias, seus principais accionistas.
13 de Janeiro – São reeleitos Francisco Inácio Dias Nogueira e padre Francisco Pereira Pinto, respectivamente, para a presidência e vice-presidência da Câmara Municipal.
16 de Dezembro – É inaugurado o caminho-de-ferro entre Coimbra e Lousã, primeiro troço da via prevista ir até Arganil, com passagem pela Várzea de Góis.
1907 5 de Janeiro – Foram novamente reeleitos Francisco Inácio Dias Nogueira e padre Francisco Pereira Pinto, respectivamente, para a presidência e vice-presidência da Câmara Municipal.
7 de Junho – O rei D. Carlos passou por Góis, a caminho de Arganil, onde vai pernoitar esta noite, para ali assistir aos exercícios finais do exército. Apesar de as autoridades do governo não terem comunicado a sua passagem, a comitiva foi recebida na Praça pelas entidades oficiais e por muito povo que a enchia. O Presidente da Câmara Municipal leu uma mensagem de boas vindas em nome do concelho, tendo as duas bandas filarmónicas, a Regeneradora e a Goiense, tocado o Hino da Carta.
8 de Junho – De regresso de Arganil, onde pernoitara, a comitiva real, agora incluindo o príncipe herdeiro Luís Felipe, parou novamente na Praça, tendo tido também, como no dia anterior, uma expressiva recepção.
Setembro – Tiveram início as obras hidráulicas em Monte Redondo (Carcavelos) para a produção eléctrica em que a Firma Dias Nogueira & Cia anda empenhada há muito tempo.
1908 Continua muito acesa a rivalidade política que, no passado, deu origem à existência de duas bandas filarmónicas. A “Chata”, sob regência do maestro Nogueira e sediada na rua dos Seixos, abrilhanta as festas da Senhora da Conceição, por isso tornada “Senhora progressista”. A “Cachimbana” é regida por Abílio Martins Adão e abrilhanta as festas de Santo António, considerado “Santo regenerador”. As suas salas de ensaios têm funcionado, na prática, como sedes de autênticos clubes políticos. A Filarmónica Regeneradora, actualmente mais bem organizada artisticamente, com o seu fardamento em que predomina o encarnado, tem dado concertos aos domingos à tarde, no Pé Salgado.
Por informação prestada pelo seu presidente, a Câmara Municipal tenciona vender o Cerejal, destinando o produto da venda à aquisição do local onde devem edificar-se os Paços Municipais, de que o concelho tanto necessita, para a sua autonomia municipal.
São actualmente padres das paróquias: de Góis, Francisco Pereira Pinto; de Alvares, Manuel Fernandes Neves; do Cadafaz, António Marcelino dos Santos; do Colmeal, Manuel Alves Ribeiro; e da Várzea de Góis, Francisco de Carvalho Lucas.
Janeiro – Em sequência da ditadura imposta por João Franco, foi nomeada uma comissão administrativa para a gerência do Município, presidida por Dr. Artur Augusto Cortez.
Fevereiro – É reconduzida a anterior Câmara Municipal, presidida por Francisco Inácio Dias Nogueira, que tinha sido substituída por uma comissão administrativa.
Maio – Foi inaugurada este mês, no Cerrado, a vivenda do comendador Torres Galvão, que há três anos tinha regressado de Minas Gerais (Brasil). É a terceira residência que, ao longo desta década, se instalou na nova rua do Cerrado, prolongando a vila em direcção a Arganil e marcando-a com um novo tipo de arquitectura. Os outros dois prédios, construídos em 1904-1905, foram as vivendas das famílias Barata Cortez e Polaco Cerdeira.
Outubro – Durante as manobras militares que se realizaram na região durante três dias, a vila de Góis albergou 30 oficiais e cerca de 82 soldados e sargentos.
1909 9 de Janeiro – Foram reeleitos Francisco Inácio Dias Nogueira e padre Francisco Pereira Pinto, respectivamente, para a presidência e vice-presidência da Câmara Municipal. Os outros vereadores são barão de Vila Garcia, comendador António Torres Dias Galvão e Joaquim Paulo da Silva Poiares. Praticamente não houve luta política.
20 de Fevereiro – A Companhia de Papel de Góis toma a deliberação de adquirir a queda de água de Monte Redondo, onde vai ser concluída a central hidroeléctrica.
1910 Janeiro – As duas últimas décadas, praticamente desde o inicio do reinado de D. Carlos (1889), em que as possibilidades de prosseguir o jogo político do rotativismo bipartidário estavam esgotadas, têm sido vividas em Góis com muita agitação política. Os goienses regeneradores, da facção de Hintze Ribeiro (o partido tinha sofrido uma cisão) acabam de dirigir uma mensagem de apoio ao presidente do partido. Assinam, Manuel Nogueira Ramos (chefe regenerador local), Francisco Inácio Dias Nogueira, Mário Nogueira Ramos, António de Sousa Saraiva, padre Francisco Pereira Pinto, barão de Vila Garcia, António Torres Dias Galvão, Joaquim Gomes Ferreira, Manuel Martins Nogueira, Francisco Afonso dos Reis, César Dias das Neves, padre Eduardo d’Almeida Freire, padre António Marcelino Henriques dos Santos, Alfredo Élio Nogueira Dias, Aristides Martins Adão, Claudino Nogueira de Campos, Augusto da Silva Nogueira, Manuel Polaco Cerdeira, Abílio Martins Adão, Alfredo Nogueira Dias e outros.
2 de Março – Toma posse de administrador do concelho, Joaquim Paulo da Silva Poiares, actual vereador da Câmara Municipal, representante do Partido Progressista.
23 de Março – Em Évora, morre António Francisco Barata, com 74 anos de idade, natural de Góis, escritor, tendo deixado uma extensa obra literária. Tinha sido homenageado em vida pela Câmara Municipal de Góis, denominando a rua onde nasceu com o seu nome. Foi vereador da Câmara Municipal de Évora, com o pelouro da instrução.* _______ * Seria dado o seu nome à Biblioteca Municipal de Góis, em 2006.
21 de Abril – Por edital da Câmara Municipal desta data, é restabelecida a antiga feira de gado no Cerejal, no primeiro domingo de cada mês. Numa das últimas sessões da Câmara, tinha sido apresentado um requerimento, assinado por 85 lavradores e criadores de gado bovino e suíno, pedindo para fazê-la renascer. Esta feira tinha sidoconstituída por decreto de D. Maria I de 28 de Fevereiro de 1805, para o terceiro domingo de cada mês, tendo passado mais tarde para o primeiro domingo, tal como vai ficar no futuro.
29 de Junho – Foi hoje inaugurada a instalação hidroeléctrica de Monte Redondo.
2 de Julho – Foi hoje inaugurada a luz eléctrica na fábrica de Ponte do Sotam, pretexto para uma grande festa, tendo actuado a banda filarmónica de Góis. Homenageou-se Manuel Inácio Dias, instituidor da fase moderna da fábrica e pai dos actuais directores, Francisco Inácio Dias Nogueira e Alfredo Élio Nogueira Dias. A fábrica esteve aberta ao público, supondo-se, segundo os jornais locais, que tenha sido visitada por mais de 5000 pessoas.
25 de Julho – Faleceu, em Góis, Casimiro Augusto Soares Nogueira, natural desta vila. Residiu em Arganil muito tempo, onde foi escrivão de 3º ofício da comarca durante 30 anos, tendo sido considerado um funcionário público modelo de probidade e saber. Gozava de grande estima em toda a comarca.
22 de Agosto – Morre Manuel Nogueira Ramos, com 72 anos de idade, natural de Góis. Foi Presidente da Câmara Municipal nas décadas 80 e 90 e Administrador do Concelho. Era chefe do Partido Regenerador local.
Setembro – Francisco Inácio Dias Nogueira deixa a direcção de “A Comarca de Arganil”, onde esteve durante cerca de cinco anos.