Guardar o gado era uma das tarefas das crianças e jovens. Mas algumas famílias tinham pastor ou pastora. Eram meninos ou meninas de tenra idade que as famílias mais carenciadas subtraiam à falta de tudo, colocando-os servir em casa de alguém por pouco mais que a roupa, a comida e alguns géneros que os pais levavam consigo, quando iam visitar os filhos, quer constassem ou não do acordo verbal estabelecido. O leite destinava-se ao fabrico do queijo, razão pela qual apenas o leite “almeice” (soro sobrante da confecção do queijo) era consumido. O queijo constituía uma das fontes de proteínas animais, e os cabritos e cordeiros, de rendimento líquido complementar. As ovelhas apresentavam a vantagem de produzir lã, mas a desvantagem de uma menor adaptação às características geomorfológicas da serra. Por isso, eram elas que eram levadas, numa espécie de transumância, para os currais existentes junto às fazendas mais distantes. Iam-se tratar e tirar todos os dias, mas comiam o que por lá havia, e o estrume ficava mais perto. Muito bem pensado!
Lisete de Matos (texto e foto) (de Os Objectos para as Pessoas, Açor, Colmeal, Junho de 2007, p. 41)