Conta-se que a origem do nome da povoação terá vindo de duas irmãs, mestras em costura, que iam trabalhar para aquele local, tornando-se conhecidas nas redondezas pela sua arte.
Mestras também foi conhecida pela terra dos peliqueiros, pelo facto de uns imigrantes, vindos de Simantorta, ali se terem dedicado ao trabalho de peles.
Mestras, um paraíso a descobrir
A viagem da descoberta das casas de pedra e dos sonhos que podem ser os de qualquer um. A vida tem o inimitável poder de juntar, separar e voltar a juntar pessoase histórias. Na freguesia de Cadafaz, uma aldeia conseguiu (re)nascer para não mais morrer.
Ver. Rever. Passaram mais de 30 anos, tanto tempo. Olha-se para um lado e para o outro, dá para reconhecer. As casas continuam lá, foram-se as pessoas, não as pedras. O verde imenso que atravessa o olhar, as árvores a perder de vista. A natureza num estado quase puro. Durante anos e anos, a vida nascia, crescia e desenvolvia-se por ali, nas Mestras. Entretanto, o número de pessoas a partir na busca de melhores oportunidades de vida cresceu. Foram-se os filhos da terra, aos poucos. Vieram também as mortes, uma após uma, e a aldeia acabou mesmo por ficar deserta. Sem ninguém, apenas pedras deixadas ao abandono. E imaginar que em tempos mais de 90 habitantes, os Fossa Lameiros, davam vida a vila terra que acabou por morrer. Mas não morreu. Ver. Rever. Passaram mais de 30 anos, muito tempo, Isabel Antunes ou Reinaldo Simões Alves voltam a pisar a calçada onde tantas vezes caíram quando eram crianças. Voltam as lembranças, a memória. Histórias de um passado que parece voltar, aos poucos, a um lugar onde já foi feliz. Aldeias perdidas algures numa montanha no centro de Portugal. O tempo também passa pelas pedras e faz estragos. Há oito anos que as Mestras ganharam um novo impulso, vida. Vieram os homens, veio a mudança. E de repente as casas de grandes blocos de xisto, com janelas e portas em carvalho e castanho foram reabilitadas. Os trilhos continuam os mesmos, as florestas verdes escuras, salpicadas de cogumelos, também. A diferença está na cor, mais nítida, mais perfeita, mais viva. Diferença que se nota por fora e por dentro. A recuperação de muitas casas antigas - um trabalho que está longe de acabar - é uma realidade que a Liga dos Amigos das Mestras não quer ver desaparecer. Jorge Veiga Antunes não é da terra, mas não importa. Tinha a ideia, a vontade, a determinação e assim fez renascer as casas, a capela, o centro de convívio. Ele e todos os membros da liga, sobretudo com apoios do QREN. Oito anos depois a ideia - que "isto não morresse" - superou todas as dificuldades. Reinaldo Simões Alves foi dos tais que um dia partiu. Foi com 25 anos mas regressou com muitos mais. Não tinha ideia de voltar às Mestras, mas a altura para a despedida final ainda não chegou. Hoje Reinaldo tem 70 anos e é com força que anda para baixo e para cima na terra que o viu crescer. Também Isabel Antunes regressou, ou melhor, vai regressando sempre que pode. Lá atrás, no tempo, está uma partida para Lisboa "aos 12 anos, quando ainda cá estava muita gente". Ainda mais atrás estão os "caminhos feitos debaixo de chuva e ao frio para uma escola ali perto". Memórias, histórias com passado, presente e até futuro. A família ficou, as raízes também. Agora, aos 57 anos, Isabel Antunes continua a vir, ela e o marido Jorge Veiga, que não é da terra, mas não importa. Aldeia abandonada? A aldeia não está deserta 365 dias por ano. De quando em quando vêem-se rostos, ouvem-se risos e brincadeiras de crianças. Pessoas que recuperaram as suas casas e que ainda vão tendo tempo para uma escapadela, um hábito que não querem perder. Continua a haver casas por recuperar. Habitações de pedras junto ao rio que ainda não secou. Os preços não são elevados; por mil euros, por vezes um pouco mais, pode-se comprar uma habitação em ruínas. Depois, é (re)transformá-la, como quem dá corda a um relógio, mas para trás. Jorge Veiga Antunes, Isabel Antunes e Reinaldo Simões Alves não se arrependem. E de repente tudo volta ao seu normal e o som das águas do rio volta a ser ouvido. A aldeia continua à espera. A idade fica lá na outra cidade. Os olhos continuam postos no (des)conhecido, junto ao rio, junto às casas de pedra. O relógio anuncia o nosso tempo. Paramo-lo. Imagine o verde da floresta que atravessa o olhar. Imagine as pedras que se erguem nas encostas. Consegue? Muitos atalhos, caminhos sinuosos, caminhos de pedra escorregadia. À primeira vista, nem vivalma. Contudo, há corações a bater e pulmões a respirar por ali, nas Mestras. Por momentos até a calçada das ruas ganha vida, uma existência que vai muito para além do momento presente. Na pedra continuam gravados os nomes das pessoas da terra, como por exemplo de Luciano Assunção Antunes, o primeiro soldado do concelho de Góis a morrer no Ultramar, corria o ano de 1962. Toda a localidade tem electricidade e até água. Há três anos que um depósito de água, com capacidade para 30 mil litros, abastece as pessoas e dá uma "ajudinha" em caso de incêndio. Raquel Mesquita (de As Beiras, 02.01.2010)
[Nossa Senhora do Desterro] No dia 25 do corrente foi celebrada missa e leilão de ofertas em louvor de São Tiago na Capela de Nossa Senhora do Desterro desta Paróquia, cuja celebração religiosa foi feita pelo Sr. Padre Ramiro da Paróquia de Alvares, a quem nos sentimos muito reconhecidos pela sua amável disponibilidade e interesse em dar continuidade a uma cerimónia de grande tradição, quer para a freguesia de Cadafaz, quer para as localidades das freguesias mais próximas onde todos se encontravam e confraternizavam. (…) Felizmente a Capela tem sido multo bem conservada e isto graças ao zelo e empenho do seu Mordomo, o Sr. Alcindo, natural da povoação de Mestras (Café Toca do Judeu). Oxalá possa continuar a cuidar com a sua dedicação a obra que os antepassados nos legaram. E porque também esta Capela faz parte dos Retalhos Históricos de Cadafaz, não posso deixar de transcrever um pequeno resumo de um apontamento referente ao ano de 1853: Livro q'hade servir ª. asentar as Esmolas que desem a Nossa Senhora do Desterro situada na CHAN da CRUZ, freguesia de Nossa Senhora das Neves de CADAFAZ. Aos 19 de Julho de 1853. O Parocho: Antonio Leitão da Costa Matos (?). O Mordomo: Joaquim Alves - Mestras. Sendo nomeado para o ano de 1853/1854: Luiz Almeida - Mestras" Tal como foi descrito no documento mencionado, as esmolas e despesas eram rigorosamente mencionadas no Livro e assim podemos apreciar e tomar conhecimento de algumas obras com a Capela: 1855 - Obras de levantamento da Capela-mor da Ermida; compra de paramentos, arca, cálices etc.; 1859 - Nova reedificação da capela-mor; 1863 - Obras na capela; 1887/1889 - Obras de grande vulto na Capela e construção da Sacristia; 1891 - Obras e compra de quatro lanternas a 900 reis cada. Outras se foram efectuando ao longo dos anos e a obra actual está à vista. Também em tempos passados, além dos festejos no dia de São Tiago, era habitual celebração de missa no dia de S. José, todos os anos. A. Silva (de Jornal de Arganil - Folhas Soltas do Cadafaz, 19.08.2010)
A sua Comissão de Melhoramentos foi fundada em 1966.
População residente, de acordo com as estatísticas oficiais: 1911 - 98; 1940 - 88; 1960 - 63; 1970 - ?; 1981 - 23; 1991 - 6; 2001 - 2