Fundada em 6 de Abril de 1902, num domingo de Paixão, com o nome de “Filarmónica Varzeense da Várzea de Góis”, através de escritura feita pelonotário de Góis, Dr. Eduardo da Cunha Frias, em casa de Carlos Maria Cortez, da Casa da Costeira, principal impulsionador desta associação. Foram 14 sócios fundadores, tendo sido então nomeado, como primeiro Presidente, Artur Augusto Cortez. Segundo a escritura, que se encontra no Arquivo da Universidade de Coimbra, o capital foi de 13.000 réis, com a particularidade de o número de sócios só poder aumentar até ao máximo de vinte e cinco. Continha regras claras de disciplina, tais como obrigatoriedade de presenças aos ensaios e sujeição a multas por infracções. Podemos dividir a vida desta Filarmónica em três fases:
1ª fase (1902-1932) Teve como seu primeiro regente Francisco Joaquim Cordeiro, operário da fábrica de lanifícios da Fonte do Soito, que a regeu até 1903. Pouco tempo depois, contratou-se um músico profissional, José Saraiva Bandeira, reformado militar. Após três anos, seria contratado António Borges, que em 1908 se retirava também, por os melhores músicos terem emigrado para o Brasil. Entre estes, iria Ramiro de Matos Cruz, um exímio clarinete, que cinco anos depois, em 1913, regressava a Portugal, doente. Mesmo com falta de saúde, Ramiro Cruz consegue restaurar a filarmónica e vai regê-la durante os três anos seguintes que viveu. Com a sua morte, a filarmónica ficava novamente desactivada. Eram nessa altura seus directores, Joaquim Ferreira Garcia (Barão de Vila Garcia), António Joaquim Mateus e António Rodrigues Bandeira. Decorridos dois anos, são convidados para director Artur Augusto Cortez, da Quinta da Costeira, e, para regente, Joaquim Alvarinhas, que reactivam a Banda. No entanto, a saída de Joaquim Alvarinhas para a Lousã, em 1921, viria a ocasionar uma nova paralisação durante dois anos. Seria agora a vez do Padre Josué Pereira Lopes a dinamizá-la, com ajuda de Eugénio Rodrigues Cruz, que abriu uma aula diária para aspirantes a músicos, tendo-se feito uma apresentação pública, com 27 figuras, devidamente equipada e ensaiada. Em 1926, era director António Garcia das Neves. Em 1929, outra emigração de alguns músicos veio novamente silenciar a filarmónica. E, embora, Eugénio Cruz e outros antigos músicos tivessem contratado Manuel Maria Pleno para maestro, que estaria a ensaiá-la durante dois anos, duas vezes por semana, o facto é que em 1932, a banda suspendia mesmo a sua actividade. Era a emigração, o envelhecimento de alguns elementos e também a falta de recursos financeiros.
2ª fase (1932-1968) Durante este longo período de 36 anos, só muito esporadicamente a filarmónica se agrupou, para actuar em casos específicos. Tem-se conhecimento desse facto em 1934, aquando da inauguração da cabina telefónica; em 1936, pela formatura de Dr. Francisco Augusto Cortez, a quem a população local quis testemunhar o seu apreço, com uma pequena festa na Várzea Grande, tendo-se conseguido reunir vinte músicos; e em 1939, para homenagear o Dr. Octávio Dias Garcia, também pela sua licenciatura, reunindo-se dezassete músicos em casa de seus pais na Várzea Pequena, tocando peças do seu antigo reportório.
3ª fase (1968-…) Em 1968 inicia-se um movimento para a sua reabilitação, reunindo apoios financeiros, tendo tido influência o padre Fernando Ribeiro e a Comissão de Melhoramentos local. A nova Filarmónica surgia publicamente no dia 1 de Janeiro de 1969, com vinte e sete executantes e sob a regência do maestro Pleno. Actuou no adro da Igreja e percorreu algumas das ruas da Várzea Grande. Em 1981, com a presidência de António Fernandes Marta, é feita nova escritura de constituição de Sociedade, por a antiga não dar existência legal à Filarmónica e, ao mesmo tempo, permitindo proporcionar outras actividades associativas que a terra necessitava. Passou a denominar-se Associação Desportiva Recreativa e Cultural Filarmónica Varzeense (FILVAR), na qual ficou englobada a antiga filarmónica, com o seu património. Assinaram-na, além do presidente António Fernandes Marta, José de Matos Cruz, Humberto Dias de Matos, António Simões Carneiro, Mário Barata Garcia, José Rodrigues, Serafim Antunes do Nascimento, Octávio Simões Ferreira e Fernando Rodrigues Ribeiro. Na escola de música, orientada de início por Francisco Carneiro (Chico Barbeiro), instruíram-se já algumas centenas de 300 jovens. Um deles, o futuro Dr. Mário Barata Garcia, viria ser seu regente. Em 1990, com o apoio da Junta de Freguesia e da Câmara Municipal de Góis, inicia-se a construção da sua sede, uma obra com boas condições para os ensaios dos filarmónicos e das crianças da escola de música. A Câmara Municipal de Góis homenageou esta instituição, dando-lhe o seu nome à nova “Avenida VILMAR (Filarmónica Varzeense)”, descerrando-se uma lápide em 2 de Setembro de 2002. Desde 1982 que a Associação é presidida por Amorim Neves Garcia (depois de ter sido Rafael Praça de Carvalho), sendo seu regente, desde 1991, Manuel Silvestre Santos Paiva, natural de Mirando do Corvo.