ARTES E OFÍCIOS
Humberto Manuel Carneiro de Matos nasceu a 29 de Março de 1935, em Góis.
Aposentado da Câmara Municipal de Góis, iniciou a sua vida profissional como carpinteiro, durante alguns anos, possuindo negócio próprio em conjunto com o seu pai, daí o gosto pela arte da carpintaria. Sempre que lhe é permitido, este Carpinteiro de alma e coração ocupa os seus tempos livres na reprodução de miniaturas em madeira, de objectos do quotidiano de todos nós, executando simultaneamente, serviços de marcenaria e recuperação de mobiliário antigo e danificado. Humberto Matos, para além da sua ocupação profissional e desta paixão, é um homem de causas associativas e sociais, dedicando grande parte da sua vida ao voluntariado em algumas associações como a Sopa dos Pobres, os Bombeiros Voluntários de Góis e a Associação Educativa e Recreativa de Góis (AERG). Músico da Banda Filarmónica da AERG, tocou requinta (instrumento musical) durante 54 anos, tendo sido director desta mesma associação. Cumulativamente, deteve o pelouro da banda da qual chegou a ser mestre. Actualmente, é elemento da direcção do Centro Social Rocha Barros, onde desempenha o cargo de vogal. (Informação do Posto de Turismo de Góis, aquando a sua Exposição em Janeiro de 2012) « É constituída por um conjunto de miniaturas em madeira de utensílios em desuso, devido ao facto de as práticas que serviam terem desaparecido ou assumido modos de fazer mais funcionais e menos penosos. São exemplo disso a picota, manifestação fantástica das chamadas tecnologias de aldeia, que foi substituída pelos modernos sistemas de rega e os carros de mão, que antes eram pesadões e não raro toscos, e hoje são leves e atraentes. Entre muitos outros objectos, do conjunto fazem parte as joelheiras, de que já não me recordava, apesar de se terem usado até tarde, para “escafonar”, de joelhos sobre elas e escova em riste, o soalho com sabão amarelo. Fazia-se essa operação por alturas da Festa e da Visita Pascal.
Sendo o autor das miniaturas um carpinteiro de alma e coração que é músico, como se diz no cartaz de divulgação da exposição, para além de perfeitas, as miniaturas revelam sensibilidade e gosto. Algumas, feitas com destinatário pré-definido, reflectem e remetem para afectos. É o caso do barco Luciana e do banquinho, que me fez lembrar a cadeira desmontável, que o meu Tio António me fez quando eu era pequena, e que tanto me encantou. Nunca mais encontrei uma cadeira à minha medida, fabricadas que são para gente grande! As miniaturas deste artista, como as de outros, configuram um registo importante do património etnográfico da região. Não conhecia o autor. Quantos mais não conhecerei, sendo certo que a sua arte também pode ser vista como actividade produtiva e socialmente útil, na perspectiva económica, da ocupação criativa dos tempos livres ou do reforço do rendimento das famílias? » |