São duas aras de pequenas dimensões encontradas nas Covas dos Ladrões, designação de antigos poços de exploração mineira no Alto das Cabeçadas, quando se desentulhavam os materiais procedentes de anteriores trabalhos.
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Uma delas foi depositada no Museu dos Serviços Geológicos de Portugal, em Lisboa, encontrando-se descrita na Revista de Guimarães (vol. LXII, pp. 192-195), pelo arqueólogo Eng. Octávio da Veiga Ferreira, sob o título “Ara votiva da Lousã”: “No decurso de novos desmontes, abertura e desentulhamento de materiais procedentes de trabalhos romanos, foram postas a descoberto mais algumas peças de valor arqueológico: dois picões de ferro, uma grande ara (?) cuja inscrição havia desaparecido e, finalmente, a pequena e elegante ara votiva, objecto da presente ara. (…) É constituída, a pequena ara, por um grés amarelo-acastanhado, de grão fino, talvez proveniente do lias inferior dos arredores de Coimbra. (…) Mede de altura 0,24 m, de espessura, na parte superior 0,135 m e na inferior 0,11 m. As letras de inscrição, que se lê perfeitamente, medem de altura 2 cm, estão bem gravadas e são de boa época, (…) A sua tradução: “Gaio (ou Galo) Víbio Paterno erigiu [este monumento] de boa vontade a ILURBEDA” Consultadas várias obras de epigrafia e diversos especialistas sobre o assunto, verificámos não haver nome igual, o que nos conduz a considerá-lo como pertencendo a uma divindade até ao presente desconhecida. (…) não nos ficou dúvida, também quanto à origem ibérica da palavra Ilurbeda, que representa, por certo, o nome de mais uma divindade do panteão indígena, cujo culto foi romanizado, como também outros da Península Ibérica.”
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A segunda ara deu entrada no museu concelhio de Arganil, em meados de Outubro de 1952, a pedido do Doutor João de Castro Nunes, que a descreve na revista Arquivo Histórico de Góis, nº 5 (pp. 208-212). A sua altura máxima é de 0,32 m, com um campo epigráfico de 0,165 x 0,14 m. Embora bastante maltratada, o texto da inscrição não se perdeu. E, segundo interpretação daquele especialista, é do seguinte teor: “Aviciano, filho de Avito, de bom grado cumpriu o seu voto a ILUBEDA”. No que respeita à sua época, “estou a inclinar-me por uma data relativamente tardia, sugestionado mais que nada pela particularidade de ambas as personagens que figuram na epígrafe ostentarem um nome unicamente, o “cognomen”, em vez dos “tria nomina” dos melhores tempos do Império (…) a uma fase de modo algum anterior aos meados do se. III. (…) Em suma, todo um conjunto de particularidades realmente favoráveis à atribuição cronológica proposta. Dedicada pois a Ilurbeda por uma personagem diferente da que figura na ara depositada no Museu dos Serviços Geológicos, a ara objecto destas linhas, além de fornecer uma segunda abonação de tal hierónimo, vem sobretudo sugerir-nos a hipótese da existência local de um culto àquela divindade…”