A Casa das Ferreirinhas é como que um ícone da comunidade goiense, material e romanticamente embebida na sua Memória (referida em Património Construído). Recordemos aqui as protagonistas, filhas de Joaquim Espírito Santo Ferreira e de Maria do Céu Carneiro Ferreira, no testemunho de um meu familiar:
(…) A minha Mãe era muito amiga da D. Maria do Céu Carneiro Ferreira, que eu quando me lembro dela, já estava acamada e era a Bertilde que tratava dela. Eu teria cerca de 7 a 10 anos (1948-1951), porque vivíamos em Oliveira de Azeméis, íamos a Góis passar uns dias e tratar de coisas, mas a nossa casa na Praça estava alugada, penso que à Intendência. A imagem que tenho do interior da casa das Ferreirinhas é lindíssima: os móveis, as louças, um oratório com santos, etc. Tudo tinha parado no tempo, mas o que havia era muito bom. A Mariazinha (Maria Isabel) que trabalhava na Judiciária em Lisboa, perto do Liceu Camões, vinha a Góis uma vez por ano, no seu mês de férias, como funcionária pública, e era o sustento da família. Não tenho uma data clara do falecimento da D. Maria do Céu, mas creio que eu estava no Liceu em Coimbra, ou seja entre 1955 e 1959, e já só havia em Góis a Bertilde. A D. Maria do Céu foi enterrada (junto do marido, penso) numa campa existente do lado direito quando se entra no cemitério, onde muitas vezes fui pôr flores com a minha Mãe. Foi também aí que ficou a Bertilde que, quando morreu, eu já tinha terminado a licenciatura há algum tempo, deve ter sido por volta de1972, 1974 (ou até perto de 80). Todos os domingos a Bertilde e a minha Mãe iam almoçar a casa do tio Rui, portanto foi no tempo em que era Presidente da Câmara e antes de Abril de 74. Nos Natais e Páscoa era certo estarem todos juntos. Não sei de que morreu. Com a Mariazinha, estive muitas vezes em Lisboa no verão de 1963 ou 1964, porque estive 3 meses no verão a trabalhar no LNEC, na avenida do Brasil. Vinha ter com ela à saída da Judiciária e íamos trabalhar. A Mariazinha vivia num quarto em casa de pessoas conhecidas da tia Luísa e do Raul, irmã e cunhado da tia Maria Elvira. Morreu cerca de um ano depois da Bertilde. No Verão de 75 ou 76 (foi no Verão a seguir à morte da Bertilde), veio a Góis para arrumar coisas na casa delas e ficou a dormir em nossa casa. Nunca quis que alguém fosse com ela lá a casa e vinha sempre muito abalada. Morreu muito pouco tempo depois e creio (?) que veio para Góis. O defeito que tinha na mão era de nascença e tinha sido um erro da parteira que lhe puxou pela mão. (…)