"Por este documento (1), datado de 23 de Maio de 1721, portanto há 280 anos, ficamos a saber que a freguesia de Alvares tinha nessa data 10 capelas, duas das quais particulares e já muito demolidas: a de S. Caetano, que se situava em frente à residência paroquial, e a de S. António, que já ninguém se lembra da sua existência. O povo diz que em Alvares ainda existiram as capelas de Nossa Senhora da Conceição, situada na rua que liga o largo da eira à rua principal, e a de S. Domingos, que estava em frente ao início da rua Aires Dinis. Ficamos ainda a saber que o Amioso de Senhor era conhecido nessa data por Amioso de Ametade e a capela era dedicada a Espírito Santo. O presente documento não refere a existência da capela de Nossa Senhora do Livramento do lugar de Obrais, que foi particular até 1986. É muito antiga e deveria ter sido construída pouco tempo depois de 1721. Ainda possui um Missal de altar, muito bem conservado, com data de 1725. Também não faz referência à capela de Mega Fundeira, dedicada a Nossa Senhora das Dores. Uma capela bastante antiga, mas construída depois de 1721. Ainda conserva os castiçais e o crucifixo em estanho. As outras capelas (21 em toda a freguesia) são de construção muito recente" (1)Informações Paroquiais de 23 de Maio de 1721 (Notas do Padre Ramiro Moreira, em Monografia da Freguesia de Alvares, 2001, p. 52)
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Algares
Em honra de Nossa Senhora da Conceição e de São Paulo, satisfazendo os desejos de duas fracções da população. Foi construída no início da década 70, pela população e pela Comissão de Melhoramentos.
Alvares
Em honra de São
Sebastião. É referida em documento do arquivo paroquial de
1721, sendo o ano 1804, gravado na verga de uma porta, a data em que terá sido
reedificada. A imagem do santo, em calcário, é do século XV.
A festa em sua honra, no domingo seguinte a 20 de
Janeiro, com procissão e a tradicional festa do bodo, é de cumprimento de um
voto feito ao santo, por o ter livrado de uma epidemia que se teria abatido, em
tempos, sobre a região.
Terão existido duas outras capelas, hoje sem quaisquer vestígios, dedicadas a Santo António e a São Caetano.
Amieiros
Em honra da Nossa Senhora da Saúde. Terá sido reconstruída em 1934.
Amiosinho
Dedicada a Santa Luzia. Desde há muito que os seus habitantes tinham escolhido, para padroeira, Santa Luzia, tendo adquirido uma sua imagem, mas só cerca de quarenta anos depois, em 1994, terminariam a construção da capela, por subscrição pública e outros auxílios, sob orientação da Comissão de Melhoramentos.
Amioso Cimeiro
Em honra de Nossa Senhora de Fátima. A construção, em 1929, teve origem numa divergência com os seus vizinhos de Amioso do Senhor, onde se situa uma capela muito antiga, então abrangendo as duas povoações, cada uma com o seu mordomo. Naquele ano, a filarmónica, que colaborava nas festas locais, não foi a Amioso Cimeiro fazer a “arruada”, como era hábito em anos anteriores. Revoltados, os habitantes uniram-se e, cheios de entusiasmo, em pouco tempo ergueram a sua capela, o que seria pretexto também para a constituição da sua Comissão de Melhoramentos.
Amioso Fundeiro
Em honra de São Pedro. Uma lenda local conta a história de dois padres irmãos, Onofre e João de seus nomes, que ali nasceram e foram criados. Celebravam o culto numa sua loja, até que resolveram fazer uma capela. Tentaram que fosse Santo Onofre o seu padroeiro, tendo mesmo adquirido uma sua imagem, mas os residentes não aceitaram e impuseram São Pedro, de quem já existia uma imagem na antiga ermida de Portelinho. São Pedro terá no início resistido, não tendo querido sair de onde estava e ir contra o desejo dos padres, mas acabaria por satisfazer os desejos da população. Os padres perderiam o direito à sua capela, que passou então a pertencer à aldeia. Na verga da porta principal tem o ano 1769 e, numa pedra da fachada lateral, 1771, provavelmente datas de reconstrução.
Amioso do Senhor
Dedicada ao Divino Senhor dos Milagres. A capela será do século XVII, construída à maneira de igreja paroquial, com arco de pedra a dividir a nave. Era antigamente dedicada ao Espírito Santo. A povoação chamava-se Amioso do Meio e depois, Amioso do Espírito Santo, em honra de quem a capela teria sido erguida. Diz a lenda que, em lugar próximo, no Alqueve, teria aparecido um crucifico com a sua pequena imagem, que fora trazido para um palheiro. Misteriosamente, o crucifico desaparecia, voltando ao lugar da sua aparição, e tanto se repetiu, que construíram uma capela, colocando-o ali, dentro de uma redoma de vidro. Mais tarde, ao ser levado a um restaurador, verificava-se que nas pernas havia algo parecido com sangue. A povoação passou então a chamar-se Amioso dos Senhor e a capela a ter, como seu novo protector, o Divino Senhor dos Milagres. E há quem conte alguns milagres, pessoas que teriam melhorado a sua saúde, por terem recorrido à protecção do santo.
Casal Novo
Em honra de Santo António. Deve-se a Brás Afonso a capela antiga, agora uma propriedade servindo de palheiro. Nela se vê, na verga da porta, a data de 1578. A nova capela, com o ano de 1935 na ombreira da porta, tem a imagem do santo que foi trazida da antiga capela. Diz-se que ela teria sido escondida pelos habitantes, durante as invasões francesas, para não ser roubada, e guardada dentro de um grande castanheiro, até à partida dos invasores.
Chã de Alvares
Em honra de Santa Margarida. Totalmente financiada pela população local. Foi inaugurada em 1962, substituindo uma outra, suposta ser do século XV, que fora reconstruída em 1888. Por essa época terá sido construída outra capela junto à escola, de que restam umas ruínas, mas nunca ali se terá celebrado algum acto de culto..
Capela de Nossa Senhora da Conceição Particular, na Quinta das Tulhas, Terá sido benzida em 1915, (Padre Ramiro Moreira, Monografia da Freguesia de Alvares, 2001)
Cortes
Invocação de São João Baptista. Da sua antiga capela, cuja data mais antiga que se conhece é 1707, gravada na escada de acesso, resta apenas a sua torre. Entre 1981-1983, foi construída uma nova capela de raiz, com excepção da torre. Conta-nos a lenda, que “a actual imagem do santo foi descoberta por aldeões no matagal, lá para os lados da barragem, tendo prometido a João Baptista que fariam uma festa religiosa em sua honra, todos os anos. Faltando ao prometido, a imagem desapareceu da capela e foram encontrá-la no mesmo sítio onde a acharam. Daí para adiante, os cortenses nunca mais deixaram de venerar o Santo Padroeiro.”
Na década 80, construída a capela a São Cristovão. Erigida pelo “Grupo Onomástico Os Mistos de Cortes”, em homenagem aos motoristas, profissão de muitos dos seus emigrantes.
Estevianas
Invocação de Nossa Senhora da Boa Viagem. Foi construída pela população de 1949 a 1954 e reconstruída em 1984. Na época, havia quem desejasse que a padroeira fosse Santa Filomena, protectora da juventude, mas acabou por ser preterida.
Fonte Limpa
Invocação de São José. A primitiva capela terá sido construída pela família Campos, fundadora da povoação. Restaurada e ampliada pelo povo, em 1982, tendo-se conservado o antigo campanário. À entrada, uma lápide comemorativa, provavelmente lembrando acontecimentos que se teriam passado no local, adverte que se deve evitar “...desavenças entre povos ou permanência de objectos estranhos no santuário...”.
Mega Cimeira
Invocação de Nossa Senhora das Preces e de São Domingos. Outrora havia dois aglomerados, Mega de S. Domingos e Mega d’Aquém, cada um com a sua capela e o seu padroeiro. Quando a capela do primeiro foi extinta, o seu santo foi levado para a Capela de Mega d’Aquém, os dois santos passariam a estar juntos e ambos seriam os padroeiros da aldeia. Com a data 1724 gravada na soleira da porta principal, foi restaurada várias vezes, a última das quais em 1996..
Mega Fundeira
Invocação de Nossa Senhora das Dores.
Milreu
Invocação de Nossa Senhora de Fátima. Foi inaugurada em 1951. Alguns residentes ainda se recordam quando Manuel “Gato” comprou a imagem da santa em Lisboa e toda a população foi ao alto de Mega aguardar a sua chegada e, em grande procissão, acompanhá-la até à capela.
Obrais
Invocação de Nossa Senhora do Livramento. Antiga, com um missal com a data de 1795, da qual, segundo se julga, só deve existir o campanário. De origem particular, fora mandada construir, no século XVII, por um padre que vivia na povoação com duas irmãs e que, diz-se, teria sido enterrado na capela. A ela estariam associadas promessas de “livramento” do serviço militar, razão de muitas novenas e de grandes romarias em tempos passados. Passaria a capela pública em 1986 e depois restaurada pela Comissão de Melhoramentos.
Roda Cimeira
Invocação de Nossa Senhora da Conceição. É antiga, referida num manuscrito de 1721, data que também estava na umbreira da porta, altura em que foi ampliada. Com construção iniciada em 2001, está uma nova capela, de arquitectura original, com casa mortuária, erigida no mesmo espaço da anterior,
Roda Fundeira
Em honra de Senhor dos Aflitos. Conta-se que a mulher de um capitão do exército português, comandante da resistência às tropas de Napoleão, teria prometido a construção de uma capela, se ele não fosse ferido ou morto. Ao regressar da guerra, a promessa foi cumprida e passaria também a dar asilo a qualquer desertor, na sua grande casa murada, sob condição de o servir pelo resto da vida. Por a antiga capela se encontrar em ruínas há muito tempo, viria a construir-se uma outra, num local elevado servido por uma longa escadaria, inaugurada em 1975.
Simantorta
Em honra de Nossa Senhora da Piedade. Já referida num documento de 1721, contém uma imagem do santo do século XVII. Segundo consta, teria sido feita por três habitantes locais, à sua custa, tendo o clero penhorado os seus bens para fazerem face à sua conservação.
Telhada
Invocação de Nossa Senhora da Boa Viagem. Construída em 1970, pelo povo, satisfazendo um seu anseio de longa data.