(…) A “animação” começava logo no dia da matança. Aproveitava-se o sangue, que se cozia. Os homens na matança comiam esse “petisco”, acompanhado pelo bom vinho tinto. Decorria o encontro da Cachola no dia de desmanchar o porco (no dia seguinte à matança). Juntava-se a família para comer a “cachola”, e pelos vistos era um momento desejado, sobretudo para os mais pequenos. Naquele dia a mesa tinha a melhor louça, era dia de receber bem a família. A matança e depois o desmanche do porco eram acontecimentos de grande relevância para a subsistência das famílias. Assegurava-se a reserva de carne, a alegria vinha da certeza de “prosperidade” naquele ano. Talvez seja uma expressão forte, mas a carne de porto era parte indispensável da alimentação serrana. A partilha deste acontecimento entre os elementos da família (e não só os elementos da casa, que seriam pais e filhos), mostra um pouco da prática solidária das populações de outrora. A pobreza não afastava ninguém. Que belo ensinamento! O menu da “Cachola” consistia em carne da “suã” cozida, arroz de lombo, torresmos (com “entretinho”, fígado, carne do lombo), e também sangue (previamente cozido) e frito na gordura dos torresmos. Acompanhava a refeição couve “troncha” cozida, batata e algum enchido, que sobrasse na panela do azeite… Acompanhava-se a refeição com vinho de colheita própria. No fim da refeição os homens bebiam a aguardente. Antes nestas nossas aldeias comia-se e bebia-se o que era produzido pela casa/ pelo agregado familiar. Um conceito diferente, já que hoje se compra (quase) tudo feito.