Antigamente os sapateiros, como outros profissionais, eram ambulantes. Andavam de terra em terra, ficando em casa dos clientes até terminarem os concertos ou o calçado novo encomendado. Levavam consigo todo o material necessário, incluindo formas em madeira de vários tamanhos. Com a divulgação das formas em ferro, algumas famílias passavam a dispor da sua própria forma, inclusive para fazer os pequenos concertos que a necessidade impunha, já que calçado sobressalente era coisa que poucos tinham, Nos anos cinquenta, os sapateiros continuavam a fazer itinerância, mas já não ficavam nas aldeias. Levavam a obra consigo, e traziam-na semanas mais tarde, como o senhor Fernando Paiva, de Folques, que andava s cavalo.
Lisete de Matos (texto e foto) (de Os Objectos para as Pessoas, Açor, Colmeal, Junho de 2007, p. 68)