Nasceu em Góis, a 1 de Janeiro de 1836, filho natural de Maria Joaquina e de pai desconhecido, numa casa modesta na Rua da Igreja. De origens humildes, a sua infância foi ajudada e protegida por mãos amigas. Biógrafos de fora da sociedade goiense alvitram ter sido seu progenitor, um jovem de apelido Barata que abalara de Góis para Coimbra, a frequentar então o segundo ano da Universidade. Um romance, baseado em suposições e eventualidades, e que, incorrectamente, foi apresentado como história verdadeira.* Casou em Coimbra com Maria da Piedade Simões, de quem viria a separar-se, tendo dela quatro filhos. Mais tarde, em Évora, teria mais três filhas, de duas senhoras, com quem não se casou.
Está em Góis até aos 12 anos, onde faz a instrução primária e inicia-se na arte de barbeiro. Vai para Coimbra no início de 1848 e ali exerceu por muitos anos o mister de cabeleireiro, ainda hoje brasão de sua fidalguia, como diria mais tarde de si próprio. Tinha orgulho desta fase da sua vida, deste ofício, uma garantia da sua independência. Depois de empregado, estabeleceu~se, e a sua primeira loja de barbeiro tornou-se logo conhecida. A Universidade atravessava a sua idade de ouro, com os da Geração de 70. Convive com esses jovens intelectuais, de quem recebe incentivos, frequenta a "Escola de Artistas", participa em reuniões e espectáculos artísticos, escreve peças que vão à cena, chega a fundar um pequeno jornal, Repositório Literário, com colaboração de alguns nomes conceituados nas letras. Com 33 anos vai para Évora. Era ali professor do liceu e director da Biblioteca Pública, Augusto Filipe Simões, que fora médico do partido municipal do concelho de Góis nos anos de 1860 a 1862, e aí casara com uma senhora da Casa de Lavra. Chama o António Barata, dando-lhe protecção, na época a passar por uma situação difícil, de desgostos familiares. Nessa cidade, ao longo de mais de quarenta anos, exerceu os mais variados ofícios: guarda do gabinete de física do liceu, encarregado do posto médico, encarregado do posto metereológico, amanuense e conservador da Biblioteca Pública (onde se aprofunda a sua formação intelectual), escrivão e tabelião, contador e distribuidor da Câmara Eclesiástica da Diocese, vereador da Câmara Municipal, com o pelouro da Instrução, organizador do Arquivo Municipal,oficial do Governo Civil, industrial de tipografia. É mesário da Misericórdia de Évora. Escreve-se com conceituadas personalidades dos meios universitário, literário e eclesiástico, que o elogiam e lhe mostram consideração e amizade. Na fase final da vida, tem reconhecimento oficial das suas capacidades, ao ser nomeado, em 1902, Delegado da Comissão dos Monumentos Nacionais para o distrito de Évora. E a Câmara Municipal de Évora homenageia-o, dando-lhe o nome de uma rua da cidade.
Tendo nascido pobre, saído de Góis apenas com a instrução primária, sem possibilidades materiais de prosseguir os estudos oficiais, toda a sua obra é devido a grande esforço e perseverança. Foi escritor, investigador e crítico. Espírito curioso e amante da leitura.E polemista, por vezes, sarcástico e irónico, Extensa é a sua produção literária. Mas parece haver ainda parte a descobrir, atendendo à sua dispersão, nomeadamente em artigos de imprensa periódica, epístolas e folhas soltas. Escreveu nos campos da história, arqueologia e filologia. Romances históricos, peças de teatro, livros didácticos, folhetos de polémica. Em prosa e em verso. Publicou obras desconhecidas ou inéditas, fruto das suas investigações. Colaborou em jornais. Os seus bibliógrafos indicam mais de 150 títulos publicados e uma colaboração regular na imprensa periódica da época em centenas de artigos, para além das folhas soltas e correspondência. Alguns escritos foram publicados com pseudónimos, nomeadamente D. Bruno da Silva e Bonifácio Tranca Ratos, este último, anagrama de seu nome, normalmente usado em polémicas e assuntos que se prestavam à ironia.
Em Setembro de 1892, o Município de Góis homenageia-o, dando-lhe seu nome à antiga Rua da Igreja, onde terá existido a casa onde nascera. E, já no século XXI, em Março de 2006, aquando da criação da nova Biblioteca Municipal, baptizada de "Biblioteca António Francisco Barata", perpetua-o novamente na História de Góis A sua ligação a Góis, manifestou-a por diversas vezes. Um dos romances históricos, Um Duelo nas Sombras, decorre parte em Góis, no tempo de sua donatária D. Branca da Silveira. E noutras obras, em prosa e verso, em crónicas e escritos dedicados a patrícios, refere-se com carinho e saudade à sua terra natal. Morre em Évora a 23 de Março de 1910, com 74 anos.
*Infelizes os comentários de António Rei sobre os anteriores investigadores José Maria Poiares e Mário Paredes Ramos. Aproveitando uma tese de Gil do Monte, romanceia, transformando hipóteses em "verdades", ao mesmo tempo que tenta descredibilizar, injustamente, os colegas que o antecederam e estavam inseridos na sociedade goiense. Sou filho de Mário Paredes Ramos e isso não me inibe de dizer que meu pai sempre foi considerado um investigador honesto nos seus trabalhos, sem romantizar, questionando a fundo a sociedade local, que bem conhecia e onde vivia e trabalhou, não se furtando de dar a conhecer o que achava por conveniente para conhecimento da sua História.