MARIA CÂNDIDA BARRETO CHICHORRO CORTEZ (1902- 1996)
A Casa de Caridade
Eu sou a filha mais nova, tenho ainda pouco idade, nasci só p’ra fazer bem, o meu nome é caridade.
Apesar de ser estrangeira, pois meu pai é um inglês, guardo todo o meu carinho só para ti, português.
Começo hoje a missão que meu pai me confiou e à sua alma d’eleição eu devo tudo o que sou.
Por isso quero dizer-lhe, dizer-lhe com voz sentida, que em Goes há-de encontrar gratidão para toda a vida.
(para a festa da Casa de Caridade Rosa Maria, no dia da sua inauguração a 26 de Setembro de 1942)
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O Volfrâmio
I Quem sou eu? Eu sou alguém, sou alguém em Portugal, sou a alegria dos pobres e dos ricos em geral.
(coro) Apesar de ser negrinho, negrinho como um tição, no mercado, hoje em dia, só eu tenho cotação.
II Quando entro numa casa, viro tudo do avesso, quando não há que vestir, compro vestidos de preço.
(coro)
III E se houver fome, já sabem, comigo entra a fartura, comer bem e do melhor, enquanto o amigo dura.
(coro)
IV Onde eu entro, entra a guerra, é o meu maior defeito, aqui mesmo, nesta terra, muita guerra tenho feito!
(coro)
V Mas, quando eu me for embora, muita gente chorará, e dirão, eu estou a ouvir, acabou-se o maná.
(coro)
(para a mesma festa da Casa de Caridade)
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Rancho de Goes
Terra moça, terra bela, entre todas, as que há em Portugal, para todos aqui és , com certeza, a terra mais ideal. Terra linda, terra querida, sê bendita entre as vilas portuguesas, este cantinho sagrado foi por Deus abençoado, ao dar-lhe tantas belezas.
(coro) Cantemos Goes com alma e sentimento, com aquele entusiasmo que nos vai no pensamento. Cantemos Goes com ardor e emoção e com aquela alegria que nos vai no coração.
II Com teu rio, tua ponte e tuas serras és uma terra formosa, com teu castelo velhinho e tuas fontes de água maravilhosa. Terra linda, terra querida, sê bendita entre as vilas portuguesas, este cantinho sagrado foi por Deus abençoado, ao dar-lhe tantas belezas.
(coro)
(para a mesma festa da Casa de Caridade)
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Marcha final
I Rapazes e raparigas, velhinhos da nossa terra, vamos à porfia cantar neste dia, tudo canta cá na serra.
Toda a gente há-de cantar a nossa marcha final, é mesmo um encanto, põe todas num canto, é a melhor afinal.
(refrão)
Goes é uma menina que de pequenina canta e sabe dar ao pé, ela é tão bonita, lá isso é que ela é !
Há ‘té quem a veja, com uma certa inveja, e com ciúmes até, por ser tão airosa lembra uma rosa, mas que linda que ele é!
II Por todos os que lhe querem e tratada com amor, com os seus jardins cheirando a jasmins, toda ela é uma flor!
Diremos numa só voz, é bonita na verdade e aqui para nós, dito muito a sós, vale mais que a cidade.
(refrão)
(para a marcha final da récita em benefício da Casa de Caridade Rosa Maria, no dia 13 de Junho de 1948, e para serem cantados com a música da Marcha dos Cenários)
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Serenata
I Vai o barco deslizando pelo rio, devagar, e a nossa voz espalhando lindas trovas pelo ar.
Que fazem vibrar a gente nesta noite sem igual, embalando-nos docemente desde a ponte ao Cerejal!
(coro) Ó água do rio Ceira ensina-me o teu cantar, qu’eu não sei, antes que queira, o teu canto imitar.
Quisera ter a frescura da tua voz, neste dia, sentir em mim a doçura dessa tua melodia!
II Ó rio de mil encantos e de beleza sem par, atend’ hoje os nossos cantos feitos só p’ra te louvar!
Nesta noite de ilusão, de sonho e fantasia, vibra o nosso coração com ardor e alegria!
(coro)
(para uma serenata na festa da inauguração da Avenida da Beira Rio em Góis, que se realizou nos dias 28, 29 e 30 de Agosto de 1948, com música de Naia Sarrazola)