É neta de Estevão Vasques de Goes, a quem sucederia no senhorio de Góis.* Esta passagem do senhorio, com quebra de varonia, iria marcar profundamente as relações entre os seus descendentes, ao longo de grande parte do século XV. Mécia de Goes foi uma figura de grande personalidade e lutadora, que muito defendeu as nossas terras. Casa com Gomes Martins de Lemos, fidalgo ao serviço da corte, colaborador próximo do rei e dos infantes, e membro do conselho régio. Muito cedo ficou viúva, por o marido ter morrido no norte de África, em guerra, ficando com cinco filhos menores. Tomou posse do senhorio em 1395. Ficou possuidora de muitas propriedades, umas herdadas de seus pais, outras do marido, bem como de grandes somas de dinheiro. Tem-se conhecimento das suas aplicações financeiras nas grandes praças financeiras de Itália. Em Portugal, concedeu um significativo empréstimo ao Infante D. Henrique, certamente para fazer face às suas explorações marítimas. Com a sua morte, ocorrida em Góis no ano 1444, os seus dois filhos disputam arduamente a posse dos seus bens, nomeadamente o senhorio de Góis.
* Esta transmissão de senhorio de Góis tem levantado dúvidas entre os genealogistas e os que se têm debruçado sobre o assunto. A versão aqui apresentada é a defendida no livro “Os Caminhos dos Góis”, de João Nogueira Ramos.